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Passeio Público

Jorge Mitidieri
Lendas, Histórias e Estórias, o Passeio Público tem pelo menos três,
contando o por que ele foi construído.
Existe uma, que era muito
conhecida dos alunos em escolas primárias, através do livro Meu Tesouro, para
alunos da terceira série - das professoras Helena Lopes Abranches e Ester Pires
Salgado - que conta que o Mestre Valentim, que inspecionava a construção do Cais
do Largo do Paço, escutou uma linda moça conversando: - Esta noite tive um
sonho... - Alegre ou triste? - Bonito, principalmente bonito. Sonhei que
esta feia lagoa estava transformada em um belo jardim, onde havia um belo
coqueiro!
É verdade. Onde hoje existe o Passeio Público, era uma feia
lagoa, suja e mal cheirosa, a Lagoa do Boqueirão, e estava entre terrenos
pantanosos, e imaginem que essa lagoa se ligava através dos Arcos com a Lagoa da
Sentinela, lá no Mangue. Dizem, portanto, que inspirado no sonho, teria Valentim
transformado o sonho em realidade.

Cais do Largo do Paço -
foto RioAntigo
A segunda, conta que o
Vice-Rei Luiz de Vasconcelos, logo que assumiu o governo, gostava muito de
passear pela beira-mar e era visto sempre acompanhado de um amigo mulato,
conhecido como Mestre Valentim. Numa dessas caminhadas veio a conhecer e se
apaixonar, perdidamente, por uma moradora local. Era uma moça humilde, bonita, e
que morava em uma casa modesta, junto a um coqueiro, e que costumava lamentar-se
da pobreza do local e da sujeira que lá existia. O nome dessa bela rapariga era
Suzana e, num desses lamentos, foi ouvida pelo apaixonado, que resolveu tomar
providências a respeito. Mais que depressa o Vice-Rei mandou aterrar a lagoa e
mandou o ilustre auxiliar projetar um belo jardim em frente à casa da bela
amada. A história não é confirmada, mas que é de um grande poder romântico,
ninguém nega. Do Projeto inicial, o coqueiro caiu, as garças ali existentes
foram roubadas, o original do menino talhado em mármore branco que segurava a
tartaruga da qual saía um jato de água para um barril de pedra com os dizeres
“Sou útil embora brincando”, também foi roubado e foi substituído por um de
chumbo.
A terceira versão, a que é mais plausível, atribui razões de
urbanismo e saúde pública para o problema de uma lagoa mal cheirosa e cheia de
mosquitos.
Do livro Contos e Contos, de Jorge Mitidieri
Direitos autorais reservados.
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Direção e Editoria
Irene Serra
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