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Igreja
de N. Sra. do Carmo da Lapa

Peregrinação Turística a 25 Igrejas
do Centro do Rio de Janeiro
Jorge Mitidieri
A fachada em estilo barroco é ladeada por uma torre à esquerda, tendo a
segunda torre ficado inacabada à espera da instalação de uma sineira, caso
chegasse a ser matriz. Mestre Valentim esculpiu o camarim do altar-mor. A virgem
está de pé com o menino sentado em seu braço esquerdo, e com os braços abertos.
A mãe de Deus segura um cetro na mão direita e tanto ela como o seu filho usam
ricas vestes bordadas a ouro e uma coroa real na cabeça. A capela, vizinha a
igreja, devotada ao culto do Espírito Santo, foi construída em 1773. A irmandade
organizava um dos mais famosos "impérios" da cidade, desfile de negros vestidos
à africana, considerados, por muitos, como a origem do Carnaval.
A Ordem
Religiosa das Carmelitas passeou um pouco pelo Rio de Janeiro, antes de se
estabelecer. Quando chegaram foram para onde hoje é a Igreja de Santa Luzia.
Depois foram para o Morro de Santo Antônio, que acharam inóspito por ser um
local ao lado de uma lagoa, e porque ficava longe do mar e foram para a Praça
XV, onde construíram o Convento (1590).
O Convento tinha três pavimentos,
solidamente construídos. Diversas funções desempenharam no Brasil, dando sobejas
provas de abnegação. Não só pregavam a religião, mas socorriam os necessitados,
embrenhando-se pelos sertões selvagens e inóspitos.
Em 1808, na sua ânsia
de conquistas na Europa, Napoleão invadiu Portugal, o que fez com que a família
Real fugisse para o Brasil. Assim, vieram a Colônia Portuguesa, o Príncipe
Regente D. João, Dona Carlota Joaquina, D. Pedro, D. Miguel, as princesas e um
numeroso séquito de nobres e servidores. A Corte veio se alojar no palácio dos
Governadores - atual Paço Imperial - mas como eram locais pequenos para
tantas pessoas, foram morar nas dependências do Convento do Carmo.
Os
frades foram obrigados a mudar-se, e seguiram para o hospício - morada dos
padres em junho de 1808 - de N. S. da Oliveira, na rua dos Barbonos (hoje
Evaristo da Veiga) onde está o Quartel da Polícia Militar. Ficaram lá durante 10
anos, quando lhes foi doado o terreno onde estava o seminário e uma pequena
Capela de N. S. da Lapa do Desterro.
O templo, hoje, é bastante simples,
com um chalé encimado por uma cruz, e uma torre à esquerda. À direta, somente a
base para uma nova torre se por ventura a Capela chegasse a ser matriz. Três
portas dão acesso à nave e três janelas iluminam o coro. Os azulejos da fachada,
colocados somente em 1886, dão um ar de antiguidade. Por dentro permanece a
singeleza.
No Altar-mor esta a imagem da Padroeira N. S. do Carmo cujo
camarim foi executado pelo Mestre Valentim da Fonseca. Ao lado estão Santo Elias
e Santo Elizeu, fundadores da Ordem das Carmelitas. Na Capela-mor temos Santo
Alberto e S. Francisco de Paula.

O painel pintado no teto da
Capela-mor é muito bonito, mas não se conhece o autor. O Arco Cruzeiro foi
colocado em 1827, e vemos o escudo do Carmelo - com três estrelas de ouro, tendo
acima a coroa da Rainha do Céu. Na nave temos quatro altares, ao lado do
Evangelho encontramos N. S. das Dores e uma bela imagem dos Passos do Senhor; ao
lado da Epístola temos a Sagrada Família, e N. S. da Lapa, imagem que esteve no
interior do Convento desde 1810/49.
Ao lado direito de quem entra vemos
a Capela do S.S. Sacramento, e sobre o altar está a magnífica imagem do Sagrado
Coração de Jesus, ladeada por Maria Madalena de Pazzis e Margarida Maria
Lacoque.
Na sacristia sobre o arcaz de jacarandá, preso à parede, há um
grande crucifixo modelado em madeira, como também um lavatório de mármore
(1844).
O Convento que existia atrás da igreja sofreu um incêndio, e no
local, hoje, estão escolas de ensino para pessoas carentes.
Alguns dados
importantes: 1751 - Iniciada a construção da Capela; 1810 - Doação
definitiva do terreno; 1810 -Transladação da imagem da padroeira; 1827 -
Colocação do Arco Cruzeiro; 1862 - Fundação da escola para pessoas carentes,
que funcionou até 1866 quando fechou 1866 - Colocação dos azulejos na
fachada.
Endereço: Rua da Lapa, s/n - Lapa
Autores do projeto: 1751 - Brigadeiro José Fernandes Pinto de Alpoim; 1810
- Desconhecido; 1922 - Arquiteto Adolpho Morales de Los Rios.
Estilo:
Igreja barroca jesuítica; talha da Capela rococó.
Oração: Do Belém ao
Egito, com O Menino recém nascido escondido e apertado ao peito, por terras
desérticas e desconhecidas, triste e silenciosa, seguindo os passos firmes de
José... Eis a Mãe do Filho de Deus a caminho do deserto. Depois desse desterro,
ó Mãe carinhosa, olhai por nós. vossos filhos, apreensivos e inseguros, neste
vale de lágrimas, a caminho da Pátria definitiva. Depois desse desterro, ó
Mãe carinhosa, mostrai-nos Jesus, bendito fruto de vosso ventre, ó clemente, ó
piedosa, ó doce sempre Virgem Maria. Nossa Senhora do Desterro acompanhai-nos
na travessia do deserto da vida, até alcançarmos o Oásis eterno, o céu. Amém.
Do livro: Peregrinação Turística a 25 Igrejas do Rio de Janeiro,
de Jorge Mitidieri, arquiteto e urbanista. Enviado pelo autor (setembro 2013)
Direitos autorais reservados.

Direção e Editoria
Irene Serra
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