01/07/2024
Ano 27
Semana 1.373

 


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 Igreja de N. Sra. do Carmo da Lapa



Peregrinação Turística a 25 Igrejas
do Centro do Rio de Janeiro


Jorge Mitidieri

A fachada em estilo barroco é ladeada por uma torre à esquerda, tendo a segunda torre ficado inacabada à espera da instalação de uma sineira, caso chegasse a ser matriz. Mestre Valentim esculpiu o camarim do altar-mor. A virgem está de pé com o menino sentado em seu braço esquerdo, e com os braços abertos. A mãe de Deus segura um cetro na mão direita e tanto ela como o seu filho usam ricas vestes bordadas a ouro e uma coroa real na cabeça. A capela, vizinha a igreja, devotada ao culto do Espírito Santo, foi construída em 1773. A irmandade organizava um dos mais famosos "impérios" da cidade, desfile de negros vestidos à africana, considerados, por muitos, como a origem do Carnaval.

A Ordem Religiosa das Carmelitas passeou um pouco pelo Rio de Janeiro, antes de se estabelecer. Quando chegaram foram para onde hoje é a Igreja de Santa Luzia. Depois foram para o Morro de Santo Antônio, que acharam inóspito por ser um local ao lado de uma lagoa, e porque ficava longe do mar e foram para a Praça XV, onde construíram o Convento (1590).

O Convento tinha três pavimentos, solidamente construídos. Diversas funções desempenharam no Brasil, dando sobejas provas de abnegação. Não só pregavam a religião, mas socorriam os necessitados, embrenhando-se pelos sertões selvagens e inóspitos.

Em 1808, na sua ânsia de conquistas na Europa, Napoleão invadiu Portugal, o que fez com que a família Real fugisse para o Brasil. Assim, vieram a Colônia Portuguesa, o Príncipe Regente D. João, Dona Carlota Joaquina, D. Pedro, D. Miguel, as princesas e um numeroso séquito de nobres e servidores. A Corte veio se alojar no palácio dos Governadores - atual Paço Imperial - mas como eram locais pequenos para tantas pessoas, foram morar nas dependências do Convento do Carmo.

Os frades foram obrigados a mudar-se, e seguiram para o hospício - morada dos padres em junho de 1808 - de N. S. da Oliveira, na rua dos Barbonos (hoje Evaristo da Veiga) onde está o Quartel da Polícia Militar. Ficaram lá durante 10 anos, quando lhes foi doado o terreno onde estava o seminário e uma pequena Capela de N. S. da Lapa do Desterro.

O templo, hoje, é bastante simples, com um chalé encimado por uma cruz, e uma torre à esquerda. À direta, somente a base para uma nova torre se por ventura a Capela chegasse a ser matriz. Três portas dão acesso à nave e três janelas iluminam o coro. Os azulejos da fachada, colocados somente em 1886, dão um ar de antiguidade. Por dentro permanece a singeleza.

No Altar-mor esta a imagem da Padroeira N. S. do Carmo cujo camarim foi executado pelo Mestre Valentim da Fonseca. Ao lado estão Santo Elias e Santo Elizeu, fundadores da Ordem das Carmelitas. Na Capela-mor temos Santo Alberto e S. Francisco de Paula.


O painel pintado no teto da Capela-mor é muito bonito, mas não se conhece o autor. O Arco Cruzeiro foi colocado em 1827, e vemos o escudo do Carmelo - com três estrelas de ouro, tendo acima a coroa da Rainha do Céu. Na nave temos quatro altares, ao lado do Evangelho encontramos N. S. das Dores e uma bela imagem dos Passos do Senhor; ao lado da Epístola temos a Sagrada Família, e N. S. da Lapa, imagem que esteve no interior do Convento desde 1810/49.

Ao lado direito de quem entra vemos a Capela do S.S. Sacramento, e sobre o altar está a magnífica imagem do Sagrado Coração de Jesus, ladeada por Maria Madalena de Pazzis e Margarida Maria Lacoque.

Na sacristia sobre o arcaz de jacarandá, preso à parede, há um grande crucifixo modelado em madeira, como também um lavatório de mármore (1844).

O Convento que existia atrás da igreja sofreu um incêndio, e no local, hoje, estão escolas de ensino para pessoas carentes.

Alguns dados importantes:
1751 - Iniciada a construção da Capela;
1810 - Doação definitiva do terreno;
1810 -Transladação da imagem da padroeira;
1827 - Colocação do Arco Cruzeiro;
1862 - Fundação da escola para pessoas carentes, que funcionou até 1866 quando fechou
1866 - Colocação dos azulejos na fachada.

Endereço:
Rua da Lapa, s/n - Lapa

Autores do projeto:
1751 - Brigadeiro José Fernandes Pinto de Alpoim;
1810 - Desconhecido;
1922 - Arquiteto Adolpho Morales de Los Rios.

Estilo:
Igreja barroca jesuítica; talha da Capela rococó.

Oração:
Do Belém ao Egito, com O Menino recém nascido escondido e apertado ao peito, por terras desérticas e desconhecidas, triste e silenciosa, seguindo os passos firmes de José... Eis a Mãe do Filho de Deus a caminho do deserto. Depois desse desterro, ó Mãe carinhosa, olhai por nós. vossos filhos, apreensivos e inseguros, neste vale de lágrimas, a caminho da Pátria definitiva.
Depois desse desterro, ó Mãe carinhosa, mostrai-nos Jesus, bendito fruto de vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria.
Nossa Senhora do Desterro acompanhai-nos na travessia do deserto da vida, até alcançarmos o Oásis eterno, o céu.
Amém.

Do livro: Peregrinação Turística a 25 Igrejas do Rio de Janeiro,
de Jorge Mitidieri, arquiteto e urbanista.
Enviado pelo autor (setembro 2013)

Direitos autorais reservados.





Direção e Editoria
Irene Serra