Novembro de 2022: três
grandes perdas para a música popular
Cândido Luiz de Lima Fernandes
Novembro chegou ao fim com três grandes perdas para a música popular: Gal Costa,
Pablo Milanez e Erasmo Carlos.
Gal Costa morreu, aos 77 anos, no dia 9 de
novembro, em casa em São Paulo. Ela havia cancelado alguns shows, após passar
por uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita. Senti muito a
perda de Gal Costa. Acompanho sua trajetória desde 1967, quando foi lançado o
lindo LP “Domingo”, em que a cantora se revela ao lado do estreante Caetano
Veloso, com sua voz super afinada, muito tímida e de cabelos curtos. Deste
disco fez grande sucesso a canção "Coração vagabundo", de Caetano. Em 1968
Gal passou por uma grande transformação. Neste ano, participou do famoso disco
“Tropicália ou Panis et Circencis”, com as canções “Mamãe coragem” (de Caetano
Veloso e Torquato Neto), “Parque industrial” (de Tom Zé) e “Enquanto seu lobo
não vem” (de Caetano Veloso), além de “Baby” (de Caetano Veloso), o primeiro
grande sucesso solo, que se tornou um clássico na carreira da cantora. Em
novembro do mesmo ano defendeu, no IV Festival de Música Popular Brasileira da
Record, a canção “Divino maravilhoso”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil (“É
preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”), um dos grandes
momentos do movimento tropicalista. Lançou o primeiro disco solo, “Gal Costa”
(1969), que, além de "Baby" e "Divino maravilhoso", traz "Que pena (Ele já não
gosta mais de mim)", de Jorge Benjor, e "Não identificado", de Caetano Veloso,
todas grandes sucessos. Também em 1969 gravou o segundo disco solo, "Gal",
conhecido como “o psicodélico”, que traz os hits "Meu nome é Gal" (de Roberto e
Erasmo Carlos) e "Cinema Olympia" (de Caetano Veloso). Este disco deu origem ao
espetáculo “Gal!”, onde a moça tímida dá lugar a uma agressiva mulher de cabelos
encarolados, de trajes tropicalistas e de forte personalidade. Nos anos 70
lançou vários discos, com destaque para: "Legal”(1970), no qual fizeram grande
sucesso as músicas "London London", de Caetano Veloso e "Falsa baiana", de
Geraldo Pereira; "Fa-Tal / Gal a Todo Vapor"(1971), que traz sucessos marcantes
como "Vapor barato", de Jards Macalé e Waly Salomão, "Como 2 e 2" de Caetano
Veloso e "Pérola negra", de Luiz Melodia; "Índia", de J. A. Flores e M. O.
Guerreiro, com versão de José Fortuna (1973), com destaque para as músicas
"Índia" e "Volta" (de Lupicínio Rodrigues); "Água Viva" (1978), o primeiro disco
de ouro de sua carreira, que trouxe os sucessos "Folhetim" (de Chico Buarque),
"Olhos verdes" (de Vicente Paiva) e "Paula e Bebeto" (de Milton Nascimento e
Caetano Veloso). Desse disco surgiu o espetáculo "Gal Tropical", onde Gal Costa
deu uma virada em sua carreira, mudando drasticamente de imagem, passando de
musa hippie para uma cantora mais “mainstream”. O show "Gal Tropical" foi um
imenso sucesso de público e crítica e gerou o disco "Gal Tropical" (1979), em
que a cantora interpreta alguns dos maiores sucessos de sua carreira, como
"Balancê" (de João de Barro e Alberto Ribeiro), "Força estranha" (de Caetano
Veloso), além das regravações dos grandes sucessos "Índia" e "Meu nome é Gal".
Nos anos 80 os discos que mais se destacaram foram: "Minha Voz" (1982), com as
músicas "Azul" (de Djavan), "Dom de iludir", "Luz do sol" (ambas de Caetano
Veloso), "Bloco do prazer" (de Moraes Moreira e Fausto Nilo) e "Pegando fogo"
(de Francisco Mattoso e José Maria de Abreu); Profana", que traz os hits "Chuva
de prata" (de Ed Wilson e Ronaldo Bastos), "Nada mais (Lately)" (de Stevie
Wonder, com versão de Ronaldo Bastos) e "Vaca profana" (de Caetano Veloso); "Bem
Bom" (1985), com os sucessos "Sorte" (de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos),
cantada em dueto com Caetano Veloso, e "Um Dia de Domingo" (de Michael Sullivan
e Paulo Massadas), em dueto com Tim Maia.
Nos primeiros anos da década de 90
gravou os discos "Plural" (1990), que traz os sucessos "Alguém me disse" (de
Jair Amorim e Evaldo Gouveia), "Nua ideia" (de João Donato e Caetano Veloso) e
"Cabelo" (de Jorge Benjor e Arnaldo Antunes); “Gal" (1992), com repertório em
boa parte extraído do show "Plural", no qual se destaca a música "Caminhos
cruzados" (de Tom Jobim e Newton Mendonça); e "O sorriso do gato de Alice"
(1994), com o sucesso "Nuvem negra" (de Djavan). Esse disco deu origem ao show
de mesmo nome, com direção de Gerald Thomas, que causou polêmica por Gal cantar
a música "Brasil", de Cazuza, com os seios nus. Em 1995 lançou "Mina d'água do
meu canto", trazendo apenas composições de Chico Buarque e Caetano Veloso, e no
qual se destaca "Futuros amantes" (de Chico Buarque). Em 1997 gravou o CD
"Acústico MTV", sucesso de vendas, em que cantou vários sucessos de sua carreira
e lançou com sucesso uma nova versão de "Lanterna dos Afogados", cantando ao
lado do autor desta música, Herbert Vianna. Em 1999, lançou um disco duplo ao
vivo, "Gal Costa Canta Tom Jobim Ao Vivo", realizando o projeto do maestro, que
era fazer um disco com a cantora.
Na década de 2000, gravou o CD "Gal de
tantos amores" (2001), contendo a música "Caminhos do mar" (de Dorival Caymmi,
Danilo Caymmi e Dudu Falcão); "Bossa Tropical" (2002), no qual registrou a faixa
"Socorro" (de Alice Ruiz e Arnaldo Antunes), sucesso originalmente gravado pela
cantora Cássia Eller; "Todas as coisas e eu" (2003), contendo clássicos da MPB,
como "Nossos momentos" (de Haroldo Barbosa e Luis Reis); "Hoje" (2005),
produzido por César Camargo Mariano, onde Gal reuniu várias canções novas de
compositores pouco conhecidos do grande público, tendo se destacado "Mar e sol"
(de Carlos Rennó e Lokua Kanza). Em 2011 a cantora deu nova guinada em sua
carreira e lançou "Recanto", com arranjos eletrônicos idealizados por Caetano
Veloso, Moreno Veloso e Kassin, muito apreciado pela crítica e eleito o melhor
álbum daquele ano. No segundo semestre de 2014, Gal apresentou o elogiadíssimo
show ''Espelho d'água'', título extraído da canção homônima que ganhou dos
irmãos Camelo, em que resgata antigos sucessos como "Sua Estupidez", "Tuareg",
"Caras e Bocas" e "Tigresa". Em 2015 estreou a turnê ''Ela disse-me assim'', em
homenagem ao centenário de nascimento de Lupicínio Rodrigues (1914-2014). Também
em 2015 foi lançado o disco “Estratosférica”, comemorando seus 50 de carreira,
recheado de compositores novos como Céu, Criollo, Artur Nogueira, Malu
Magalhães, e antigos colegas como Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Caetano Veloso,
Milton Nascimento, Tom Zé, Guilherme Arantes e João Donato.
Em 2018 Gal
lançou um novo CD, “A Pele do Futuro”, só com músicas inéditas. Do repertório
desse CD as melhores composições são as que têm assinaturas conhecidas, cujas
letras tratam da passagem do tempo, como "Livre do Amor", de Adriana
Calcanhotto; "Minha Mãe", de César Lacerda e Jorge Mautner ("Minha mãe me deu a
vida/ E sempre ela me dará a vida"), em que faz duo com Maria Bethânia,
explorando a região aguda da sua voz e reeditando o histórico contraste entre as
cantoras; "Viagem Passageira", onde está o verso "A Pele do Futuro", canção
inédita de Gilberto Gil; e "Cabelos e Unhas", engenhoso poema de Breno Góes
musicado por Paulinho Moska. Além dessas músicas, o novo CD traz “Sublime”
(de Dani Black); “Vida que segue“ (de Hyldn); “Palavras no Corpo" (de Silva e
Omar Salomão),"Puro Sangue (Libelo do Perdão)", de Guilherme Arantes ;"Dentro da
Lei", de Djavan e “Cuidando de longe” (de Marília Mendonça, Juliano Tchula e
Júnior Gomes). Tim Bernardes surpreende com a música "Realmente Lindo", perfeita
para a voz de Gal. Da mesma forma, "Mãe de Todas as Vozes" (de Nando Reis)
parece ter sido feita especialmente para Gal. Finalmente, "Abre-Alas do Verão"
uma parceria de Erasmo Carlos com Emicida, fecha o CD, fazendo lembrar os hits
que o Tremendão criou na década de 1970. Em “A Pele do Futuro” Gal Costa
reafirma-se como uma artista plural que transita entre vários tempos, apostando
outra vez (três anos após "Estratosférica") numa sonoridade pop, agora com
momentos de “disco music”.
O grande cantor e compositor cubano Pablo
Milanés faleceu em Madrid, em 22 de novembro de 2022, em internamento hospitalar
na sequência de doença hemato-oncológica. Foi um dos fundadores do movimento
conhecido como “Nova Trova”, que surgiu depois da revolução cubana de 1959.
Pablo Milanés deixa laços fortes com a MPB pelas afinidades ideológicas e
musicais com Chico Buarque e Milton Nascimento.
No início da década de
1960, começou a compor a partir de múltiplas influências, tais como: a música
tradicional cubana, a música norte-americana (principalmente o jazz) e a música
brasileira. Participou de várias formações vocais, como o "Cuarteto del Rey", um
grupo que adotava o estilo "negro spiritual", que interpretou suas primeiras
canções em clubes de Havana.
Em 1965, compôs "Mis veintidós años", que
foi sua primeira composição com temática social. Entre 1965 e o final de 1967
esteve detido em campos de trabalho forçado, dirigidos pelas Unidades Militares
de Ajuda à Produção (Umap) na província de Camagüey, de onde fugiu e dirigiu-se
para Havana, onde denunciou a injustiça que fora cometida, razão pela ficou
preso durante dois meses na Fortaleza de La Cabaña.
No início da década
de 1970 começou a participar do "Grupo de Experimentação Sonora" (GES),
juntamente com importantes trovadores e músicos, dirigidos por Frederico Smith e
Leo Brouwer.
Em 1974, gravou seu primeiro disco, "Versos Sencillos", no
qual gravou versões musicalizadas por ele de poemas de José Martí.
Em
1975, gravou um disco com canções feitas a partir de 11 poemas de Nicolás
Guillén.
Em 1976, gravou seu primeiro disco com composições próprias: "La
vida no vale nada". Foi uma obra alinhada com os princípios da Nova Trova cubana
e da Nueva Canción Latinoamericana. Dentre as canções merece destaque: "Yo
pisaré las calles nuevamente", que clama pelo retorno da democracia ao Chile,
após o Golpe Militar de 1973; e "Canción por la Unidad Latinoamericana".No
início da década de 1980, lançou discos como: "Yo me quedo", "El Guerrero",
"Comienzo y final de una verde mañana" e "Querido Pablo" (1985), sendo que esse
último disco contou com participações de Víctor Manuel, Chico Buarque, Mercedes
Sosa e Luís Eduardo Aute.
Na década de 1990, lancou vários discos tais
como "Identidad" (1990), "Canto de la abuela" (1991), "Orígenes" (1995) e
"Despertar" (1997). Também nessa década, ajudou a criar uma fundação sem fins
lucrativos para o desenvolvimento da cultura cubana, projeto que ajudou a dar
visibilidade à obra de muitos artistas da Ilha. No final da década, foi gravado
o disco: "Pablo Querido", que foi uma homenagem de outros artistas hispânicos e
latino-americanos a Pablo Milanés, dentre eles: Joaquim Sabina, Fito Páez,
Caetano Veloso, Milton Nascimento, "Los Van Van" e o grupo "Maná".
A
partir de 2005, passou a atuar em parceria com músicos como: Chucho Valdés,
Pancho Céspedes, Andy Montañez e José Maria Vitier.
Em 2006, venceu o
Prêmio Grammy de melhor cantor pelo disco "Como un campo de maíz".
Em
2015, recebeu um novo Prêmio Grammy pela "Excelência Musical" e publicou seu 50º
disco: "Renacimiento", no qual resgatou ritmos tradicionais de Cuba, como o
guaguancó e o changüí, pouco habituais em seu repertório.
Em março de
2017, foi lançada a coleção: "Pablo Milanés Discografía", composta por 50
títulos numerados e ordenados cronologicamente, que incluem 53 discos de áudio e
5 DVDs, com mais de 600 canções e 7 horas de vídeo. Cada disco vem acompanhado
das letras das canções. A coleção vem acompanhada de um guia com 88 páginas, que
resume toda a produção discográfica do artista, com introdução escrita por Marta
Valdés.
O cubano era próximo de artistas brasileiros como Milton
Nascimento, Chico Buarque e Simone. No Brasil, o maior sucesso de Milanés foi
“Yolanda”, vertida para o português por Chico Buarque. Deixou lindas canções,
como “El breve espacio em que no estás”.
Também no dia 22 de novembro
nos deixou Erasmo Carlos. Erasmo Esteves nasceu em 5 de junho de 1941, no bairro
da Tijuca na Zona Norte do Rio de Janeiro, de mãe solteira, vindo a conhecer seu
pai somente aos 23 anos de idade.
Foi um cantor, compositor e músico e
multi-instrumentista, tendo sido um dos pioneiros do rock no Brasil. Nos anos 60
fez parceria com o cantor e compositor Roberto Carlos, compondo várias músicas
juntos, que gravavam em seus discos em carreira solo.
Erasmo conhecia
Sebastião Rodrigues Maia – que mais tarde ficaria conhecido como Tim Maia –
desde a infância. Entretanto, a amizade só viria na adolescência por conta do
gosto pelo rock and roll. Em 1957, Tim Maia montou a banda The Sputniks, junto
com Erasmo, Arlênio Lívio, Wellington Oliveira e Roberto Carlos. Após uma briga
entre Tim e Roberto, o grupo foi desfeito. Wellington desistiu da carreira
musical e o único remanescente era Arlênio, que no ano seguinte resolveu chamar
Erasmo e outros amigos da Tijuca, Edson Trindade (que tocou violão no grupo
Tijucanos do Ritmo, em que Tim Maia tocava bateria) e José Roberto, conhecido
como "China", para formarem o grupo vocal "The Boys of Rock".
Por
sugestão de Carlos Imperial, o grupo passou a se chamar The Snakes e acompanhava
tanto Roberto quanto Tim Maia em seus respectivos shows. Roberto precisava da
letra para a canção “Hound Dog”, sucesso na voz de Elvis Presley, e Arlênio
Lívio apresentou Erasmo a Roberto, afirmando que este teria a letra, pois era um
grande fã de Elvis. Roberto descobriu outras afinidades com Erasmo. Além de
Elvis, ambos gostavam de Bob Nelson, James Dean, Marlon Brando, Marilyn Monroe e
torciam para o Vasco da Gama.
Quando fazia parte do The Snakes, Tim Maia
ensinou Erasmo a tocar violão. O The Snakes chegou a acompanhar o cantor Cauby
Peixoto em sua inusitada passagem pelo rock, na gravação de "Rock and Roll em
Copacabana", de 1957, e no filme "Minha Sogra é da Polícia" (1958), em que o
cantor interpreta a canção "That's Rock" composta por Carlos Imperial.
Nos tempos da juventude também conheceu, Jorge Ben Jor, na época conhecido como
"Babulina", e Wilson Simonal, que também foi agenciado por Carlos Imperial.
Erasmo resolveu adotar o nome Carlos no nome artístico em homenagem ao Roberto
Carlos e a Carlos Imperial, e com esse nome lançou o compacto que seria de
grande sucesso, com a música "O Terror dos Namorados", com a novidade do Órgão
Hammond, de Lafayette, que era seu amigo e da Turma do Bar Divino, na Tijuca.
Com a chegada da bossa nova, Erasmo também se deixou influenciar pelo gênero.
Roberto chegou a se tornar crooner cantando bossa nova, influenciado por João
Gilberto. Nesse período, Erasmo compôs "Maria e o Samba", cantado por Roberto.
Antes de seguir carreira solo, Erasmo fez parte da banda Renato e Seus Blue
Caps. Participou efetivamente junto com Roberto Carlos e com Wanderléa do
programa Jovem Guarda, onde tinha o apelido de "Tremendão", tentando se
diferenciar de Elvis, por mais que este fosse seu ídolo. Seus maiores sucessos
como cantor nessa fase foram "Gatinha Manhosa" e "Festa de Arromba".
Com
o término do programa, entrou em crise, mas conseguiu se recuperar com a ajuda
de seu parceiro Roberto Carlos e de sua esposa, Narinha. Nessa fase de transição
fez sucesso cantando "Sentado à Beira do Caminho" e "Coqueiro Verde", primeiro
samba-rock gravado por Erasmo. O disco “Erasmo Carlos e os Tremendões” foi um
trabalho transitório na carreira do artista. O LP, de 1969, traz interpretações
muito peculiares de canções de compositores da MPB, como "Saudosismo", de
Caetano Veloso, "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso e "Teletema",de Antônio
Adolfo e Tibério Gaspar, além da primeira gravação de "Sentado à Beira do
Caminho".
Na década de 1970 Erasmo assinou contrato com a Polydor. A
primeira metade da década mostra o Tremendão num estilo bem diferente da Jovem
Guarda. Influenciado pela cultura hippie e pelo soul, lança “Carlos, Erasmo” em
1971. O disco, que abre com "De Noite na Cama", escrita por Caetano Veloso
especialmente para ele, traz um polêmica ode à maconha.
O existencialismo
prossegue em seus outros LPs dos anos 70: “Sonhos e Memórias”, “Projeto Salva
Terra” e “Banda dos Contentes”. "Sou uma Criança, Não Entendo Nada", "Cachaça
Mecânica" e "Filho Único" são algumas canções de destaque no período. “Pelas
Esquinas de Ipanema”, seu LP de 1978 inclui uma impactante canção que denuncia o
descaso do homem com a ecologia: "Panorama Ecológico".
Participou dos
filmes “Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora (1971)”, de Roberto Farias e
“Os Machões” (1972), dirigido por Reginaldo Faria. Em 1975 apareceu em show ao
vivo no documentário Ritmo Alucinante, registro do festival de rock Hollywood
Rock, realizado no mesmo ano, no Rio de Janeiro.
Erasmo Carlos começa os
anos 80 com um projeto ambicioso, “Erasmo Convida”. Foram doze canções
interpretadas em dueto com artistas como Nara Leão, Maria Bethânia, Gal Costa,
Wanderléa, A Cor do Som, As Frenéticas, Gilberto Gil, Rita Lee, Tim Maia, Jorge
Ben e Caetano Veloso. A faixa de abertura do álbum foi a que teve maior destaque
nas rádios: a regravação de "Sentado à Beira do Caminho", com a participação do
parceiro Roberto Carlos nos vocais.
No ano seguinte, o LP “Mulher” tem
uma grande repercussão com as canções "Mulher (Sexo Frágil)" (escrita com sua
mulher, Narinha), "Pega na Mentira" e "Feminino Coração de Deus" (de Sérgio
Sampaio). O sucesso na mídia, que continuou com “Amar Pra Viver ou Morrer de
Amor” (1982).
Nos anos 90, o trabalho de Erasmo apareceu de forma
bissexta na canção. Além de sempre assinar com Roberto Carlos as canções feitas
para seus discos anuais, ele lançou o disco. “Homem de Rua”, lançado pela Sony
Music em 1992. Outra gravação de destaque foi "A Carta", que teve a participação
de Renato Russo.
Em 1995 ele voltou a ter destaque nas comemorações dos
trinta anos da Jovem Guarda, que rendeu discos e shows. No ano seguinte Erasmo
gravou o álbum “É Preciso Saber Viver”, com regravações de canções de seu
repertório. O destaque foi para "Do Fundo do Meu Coração", dueto com Adriana
Calcanhotto.
Somente em 2001 Erasmo voltaria a lançar um disco novo.
“Pra Falar de Amor” traz interpretações dele para canções apenas suas, além de
canções de Kiko Zambianchi e Marcelo Camelo. O destaque é "Mais um na Multidão",
dueto com Marisa Monte e de autoria de Erasmo Carlos, Marisa Monte e Carlinhos
Brown. No ano seguinte, ele lançou seu primeiro DVD ao vivo, além de um CD
duplo.
No início de 2004, lançou seu trabalho mais autoral, “Santa
Música”, com doze canções de autoria apenas de Erasmo Carlos. Além da
faixa-título, destaca-se a faixa "Tim", feita em homenagem a Tim Maia.
Em 2007, Erasmo novamente lançou um disco no qual recebe convidados. “Erasmo
Convida, Volume II” apresenta novos encontros musicais em que interpreta
parcerias dele com Roberto. Adriana Calcanhotto, Lulu Santos, Simone, Marisa
Monte, Milton Nascimento e as bandas Skank e Los Hermanos estão entre os
convidados. A faixa de maior destaque nas rádios é "Olha", cantada com Chico
Buarque. Também em 2007, Erasmo compôs a faixa de abertura de “Só Nós”, o
segundo disco-solo da vocalista do Kid Abelha, Paula Toller.
No dia 5 de
junho de 2009, no dia em que completou 68 anos, Erasmo lançou, pela sua
gravadora Coqueiro Verde, o CD “Rock 'n' Roll”, uma homenagem ao gênero que mais
o influenciou, com doze composições próprias, sendo sete em parceria: Nando Reis
(em "Um beijo é um tiro" e "Mar vermelho"), Nelson Motta (em "Chuva ácida" e
"Noturno Carioca"), Chico Amaral (em "Noite perfeita" e "A guitarra é uma
mulher"), e Liminha e Patrícia Travassos (em "Celebridade"). Destaque também
para "Olhar de Mangá", na qual Erasmo cita nomes de 52 personalidades femininas
(reais ou fictícias). No mesmo ano, lançou a autobiografia “Minha Fama de Mau”,
publicada pela Editora Objetiva.
Em agosto de 2011 Erasmo lançou um novo
disco intitulado “Sexo”. Em 2013 a faixa "Além do Horizonte" foi tema da novela
homônima das 19 horas, também da Rede Globo. Em 2014, é lançado “Gigante
Gentil”, seu terceiro disco consecutivo só com músicas inéditas. O disco venceu
o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro. Em junho do mesmo ano,
Erasmo lançou o DVD “Meus Lados B”, só com músicas "lado B" de seu repertório.
Em agosto de 2018, Erasmo foi indicado ao Grammy Latino: Prêmio
Excelência Musical da Academia Latina de Gravação. Ganhou também o prêmio UBC em
9 de outubro em 2018, pela "União Brasileira dos Compositores", como o
"compositor brasileiro do ano". Seu álbum "... Amor É Isso" foi eleito o 10º
melhor disco brasileiro de 2018 pela revista Rolling Stone Brasil, e um dos 25
melhores álbuns brasileiros do primeiro semestre de 2018, pela Associação
Paulista de Críticos de Arte.
Em dezembro de 2019 lançou o EP “Quem Foi
Que Disse Que Eu Não Faço Samba”, dedicado a canções de samba, sambalanço e
samba rock compostas ao longo de sua carreira.
Em fevereiro de 2021
lançou o álbum "O futuro pertence à Jovem Guarda", com oito canções dos anos 60.
Erasmo Carlos morreu no dia 22 de novembro de 2022, no Rio de Janeiro,
em um hospital na Barra da Tijuca, um dia após ser internado. A causa da morte
foi uma paniculite complicada por sepse de origem cutânea.
Cândido Luiz de Lima Fernandes é economista e professor universitário em
Belo Horizonte; email:
candidofernandes@hotmail.com
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Direção e Editoria
Irene Serra |