A cantora Simone completa cinquenta anos de carreira

Cândido Luiz de Lima Fernandes
Simone
Bittencourt de Oliveira, sétima filha do casal Otto Gentil de Oliveira e Letícia
Bittencourt de Oliveira, baiana de Salvador, nasceu aos sete minutos do dia 25
de dezembro de 1949. Desde cedo a música fez parte de sua vida através das
óperas que o pai ouvia e cantava, do piano e violão que a mãe tocava, e das
canções de Ângela Maria, Maysa, Nora Ney, Cauby Peixoto e Elizeth Cardoso que os
pais ouviam em casa.
Ainda menina, Simone cantava no parque de diversões da
Fonte Nova e ganhava ingressos para brincar, junto com seus irmãos. Em casa, sua
mãe a incentivava pedindo que cantasse e tocasse violão para as visitas e queria
muito que ela participasse do programa de calouros do Chacrinha. Simone, muito
tímida, não imaginava essa possibilidade.
Além da música, sempre teve outra
paixão: o esporte. Ganhou uma corrida de velocípedes aos oito anos, nadava e,
depois, entrou para o time de basquete do colégio. Após destacar-se no time da
escola, fez parte da Associação Atlética da Bahia e participou de alguns
campeonatos pela seleção baiana.
Em 1966 Simone deixou o calor baiano pela
chuva de São Caetano do Sul, em São Paulo, onde a sua família já estava morando
há um ano e demorou um pouco para se adaptar ao novo estilo de vida. Depois de
dois anos sem jogar, voltou ao basquete, ingressou na faculdade de Educação
Física, em Santos, e fez parte do time de São Caetano do Sul, onde jogavam
Delcy, Marlene, Norminha e outros nomes que se destacavam no basquete. Acabou
fazendo parte da seleção brasileira de basquete em 1971, embora não tenha
disputado os jogos.
Nessa época, dividia-se entre a carreira de jogadora e
professora de Educação Física, mas a música continuava fazendo parte da sua
vida, pois nas viagens com o time levava o violão de sua mãe e cantava.
Através das meninas do basquete, conheceu sua professora de violão, Elodi
Barontini (Elô), que tinha uma amiga cuja irmã era secretária de Moacir Machado,
então gerente de marketing da gravadora Odeon, uma das maiores do Brasil. Em um
jantar na casa de Moacir, Simone cantou, entre outras músicas, a canção “Maior
Que o Meu Amor”, de Renato Barros. Moacir foi conquistado pela sua voz e a
encaminhou para um teste na Odeon. Chegou acompanhada por Elô no estúdio da
gravadora, em São Paulo, e dispensou o trio que havia sido contratado para
acompanhá-la no teste. Num clima mais intimista, cantou músicas como “Bandeira
Branca”, de Laércio Alves e Max Nunes, e “Vera Cruz”, de Milton Nascimento e
Márcio Borges, acompanhada apenas pelo violão de Elô. A fita com a gravação do
teste foi enviada para Milton Miranda (produtor musical e diretor da gravadora),
no Rio de Janeiro, e aprovada. Pouco tempo depois, Simone grava seu primeiro
disco e tem um contrato assinado por quatro anos. No dia 20 de março de 1973,
seu álbum “Simone” é apresentado para a imprensa, no Hotel Hilton, em São Paulo.
Começa, assim, a carreira de uma das mais importantes cantoras do país. Um novo
caminho se revela para Simone e ela se entrega de corpo e alma nesta nova
carreira, ainda sem imaginar o futuro brilhante que a aguardava.
Para a
gravação do primeiro álbum, saiu às pressas em busca de repertório e disse à
gravadora que só gravaria o que ela gostasse. Escolheu uma das músicas que
cantou no jantar com Moacir Machado, “Maior Que o Meu Amor”, e uma que cantou no
teste, “Bandeira Branca”, entre outras. Era um universo completamente novo para
ela e havia muito a aprender. Decidiu que o disco seria um presente para a sua
mãe. O álbum atingiu a marca de cinco mil cópias, o que foi considerado ótimo
para uma desconhecida.
Em abril do mesmo ano, Simone se apresenta, junto com
alguns artistas da gravadora, em shows em Porto Alegre e São Paulo. É convidada
por Hermínio Bello de Carvalho para uma turnê pela França, Alemanha, Bélgica
(Panorama Brasileiro) e depois Canadá e Estados Unidos (Festa Brasil), em 1974.
No ano de 1974, Simone grava seu segundo álbum, “Quatro Paredes”, que foi
produzido por Hermínio Bello de Carvalho e Milton Miranda. Após a excursão pelo
exterior, Simone ficou trabalhando com Hermínio Bello de Carvalho, com quem
aprendeu muito. E foi durante a gravação deste álbum que Simone conheceu Milton
Nascimento, a quem adorava. Ela estava em fase final de gravação e Milton, que
também era da Odeon, entrou no estúdio e ficou escutando-a. Ela pediu a Hermínio
que a apresentasse a ele e assim começou uma amizade e parceria que perduraria
para sempre. No repertório de “Quatro Paredes”, a música “De Frente pro
Crime”, de João Bosco e Aldir Blanc, acabou sendo uma das canções bastante
executada nas principais rádios do país, levando a voz de Simone ao grande
público. O álbum vendeu aproximadamente vinte mil cópias e foi considerado pela
crítica especializada como um disco que seria apreciado para quem gostava da boa
música brasileira.
Em 1975 convida Milton Nascimento para produzir seu novo
trabalho, junto com Hermínio Bello de Carvalho, o álbum “Gota d'Água" Milton não
só aceitou participar, como ainda lhe ofereceu músicas que sairiam no disco dele
– “Minas”. do qual ela escolheu: “Idolatrada” e “Outubro”. O álbum “Gota
d'Água” começou a ser gravado em agosto de 1975 e “Matriz ou Filial”, de Lúcio
Cardim, foi uma das primeiras músicas a serem gravadas. Simone também gravou a
música “O Ronco da Cuíca”, de João Bosco e Aldir Blanc, que foi vetada pela
censura e lançada em compacto (single), mais tarde. Sua voz chega com força às
rádios do país, com as músicas “Gota d’Água”, de Chico Buarque, e “Matriz ou
Filial”, de Lúcio Cardim.
Seu timbre forte, sua performance no palco e sua
presença marcante chamam a atenção de Toquinho, que ao vê-la em uma apresentação
na TV, se impressiona com sua voz e a convida para uma turnê que percorre a
Argentina, Uruguai, Chile, México (neste, com a participação de Vinícius de
Moraes) e Brasil. Os shows iniciam em agosto de 1976, no exterior, e a partir de
16 de setembro seguem em São Paulo, interior paulista e cidades do sul do país.
Por indicação de Toquinho e Milton Nascimento, Simone é convidada a gravar “O
Que Será”, de Chico Buarque, para a trilha do filme “Dona Flor e Seus Dois
Maridos”, de Bruno Barreto. O filme é lançado em novembro de 1976, transforma-se
num grande sucesso de bilheteria e projeta a voz de Simone por todo o Brasil e
Argentina, onde também foi lançado. No ano de 1977 Simone grava o álbum
”Face a Face” , que contém a primeira parceria musical de Chico Buarque e Milton
Nascimento, “Primeiro de Maio”, e também a primeira parceria de dois
compositores que fariam parte da trajetória da artista, Sueli Costa e Abel
Silva: a música ” Jura Secreta”. “Face a Face”, considerado como o seu primeiro
show solo, estreia em julho de 1977, no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro,
com direção de Antônio Bivar.
Nesse mesmo ano, a artista tem sua primeira
música incluída na trilha de uma telenovela: “Jura Secreta”, em “O Profeta”, de
Ivani Ribeiro, na TV Tupi. A partir daí, sua voz se tornaria presença constante
na teledramaturgia brasileira: de 1977 a 2022, a cantora teve 55 músicas
incluídas em trilhas sonoras da TV Tupi, TV Globo, Manchete, Bandeirantes e SBT.
No mesmo ano, a cantora é convidada a participar do “Projeto Pixinguinha”, junto
com Sueli Costa, mais uma produção de Hermínio Bello de Carvalho e direção de
Fernando Pinto. O show percorre diversas cidades do Brasil, com estrondoso
sucesso de público e a intérprete se consagra como uma das grandes cantoras
populares da época, quebrando o rótulo de elitista que a crítica normalmente lhe
impunha.
Em setembro, estreia o show “Cigarra”, com direção de Fernando
Pinto, na cidade de Araraquara, passando por dezesseis cidades paulistas e
mineiras, incluindo São Paulo. No mês seguinte viaja pelo interior do Rio Grande
do Sul e faz quatro shows em Porto Alegre, entre os dias 20 e 23. Em 1º de
novembro inicia uma temporada no Canecão, no Rio de Janeiro.
O público, já
fiel, aumenta ainda mais, quando ela grava “Começar de Novo”, de Ivan Lins e
Vitor Martins, no álbum “Pedaços”, produzido por Renato Corrêa e que rendeu à
intérprete o primeiro Disco de Ouro de sua carreira.
Os anos 80 iniciam-se
com a exibição do especial “Simone Bittencourt de Oliveira”, o primeiro da série
Grandes Nomes, na TV Globo, dirigido por Daniel Filho. O show é basicamente o
mesmo que estreou no Canecão e, com a apresentação na televisão, dá à artista
ainda maior visibilidade. O show “Pedaços” excursiona por mais de cem cidades
brasileiras e o disco gravado no Canecão dá a Simone seu segundo Disco de Ouro.
Juntos, os álbuns “Pedaços” e “Simone Ao Vivo” atingem a marca de mais de 500
mil cópias vendidas em 1980. Neste mesmo ano, grava o álbum “Simone”, com
três músicas de Gonzaguinha, dentre as quais “Sangrando”, que torna-se um grande
sucesso e é outra canção importante na carreira da cantora.
Em 1981 Simone
assina contrato com a gravadora CBS e lança o álbum “Amar”, com a produção de
Mazzola, outra grande parceria na carreira da artista. O disco traz sua primeira
gravação em espanhol – “Yo no te Pido”, de Pablo Milanés, e é lançado na América
Latina e nos Estados Unidos. Além de novo Disco de Ouro, Simone recebe seu
primeiro Disco de Platina pela venda de mais de 250 mil cópias.
Mas é em 1982
que a cantora é consagrada cantando “Para Não Dizer Que Não Falei de Flores”, de
Geraldo Vandré, junto com um coro de mais de 90 mil pessoas, no Estádio do
Morumbi, em São Paulo. Com a voz embargada e envolvida pela emoção com o
público, Simone chora e é ovacionada e aplaudida, num momento inesquecível para
todos os brasileiros. O show, que reunia vários artistas, foi gravado e exibido
pela TV Globo Neste mesmo período, Simone lança o disco “Corpo e Alma” e
grava novamente em espanhol: a música chama-se “Alfonsina y el Mar”, de Ariel
Ramirez e Félix Luna. Pela primeira vez, a artista grava uma composição sua:”
Merecimento”, em parceria com Abel Silva. O disco também é lançado na América
Latina e os fãs latinos multiplicam-se, o que promove a apresentação da cantora
em Buenos Aires, Argentina, em 1984, com enorme sucesso de público.
No ano de
1983 lança o álbum “Delírios, Delícias”, produzido por Sérgio de Carvalho,
dando-lhe mais um Disco de Ouro e de Platina. No álbum, mais uma gravação em
espanhol – “Contigo Aprendi”, de Armando Manzanero.
No ano seguinte, lança
“Desejos”, álbum produzido por Mazzola, no qual gravou “Iolanda” (do cubano
Pablo Milanés, com versão de Chico Buarque) com Chico Buarque. O álbum confere à
intérprete mais um Disco de Platina.
No ano de 1985 parte para uma excursão
em 14 cidades japonesas, num total de 15 shows, incluindo a capital Tóquio. Os
espetáculos geram um especial exibido pela TV NHK. Em novembro, lança o álbum
“Cristal", produzido por Mazzola, que rende à cantora mais um Disco de Platina.
Em março de 1986 apresenta-se pela segunda vez em Portugal, numa temporada de
seis espetáculos no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, e dois no Coliseu do Porto
Ageas, no Porto. Simone bate recordes de público, em shows memoráveis para os
portugueses. A primeira apresentação em Lisboa é gravada e depois exibida pela
TV RTP, com produção de José Nuno Martins. Pelas vendagens do álbum “Cristal,” a
CBS de Portugal entrega à artista um Disco de Prata.
Em julho estreia o show”
Simone”, no Scala II, no Rio de Janeiro, sob a direção de Flávio Rangel. O
espetáculo permanece durante sete meses em cartaz, um feito inédito na carreira
da artista e, ao longo deste período, foi rebatizado com o nome de “Amor e
Paixão”. Este também é o título do novo álbum lançado durante o período do show,
sob a produção de Mazzola. O sucesso do show é tão grande que o disco atingiu a
marca inédita de 500 mil cópias, dando à artista seu primeiro Disco Duplo de
Platina.
Em dezembro de 1987 é lançado no Brasil o álbum “Vício", produzido
por Mazzola, com dez músicas já gravadas por outros cantores, mas inéditas na
sua voz. Milton Nascimento participa das músicas “Você é Linda”, de Caetano
Veloso, e “Cais”, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos.
No ano seguinte
Simone e tenor espanhol Plácido Domingo gravam no estúdio Power Station, em Nova
York, a música “Apaixonou”, versão de Ronaldo Bastos para “Till I Loved You”, de
Maury Yeston. A música também é incluída no álbum “Sedução”, que é lançado em
outubro e que dá à cantora mais um Disco de Platina.
No mesmo período, foi
convidada pelo G.R.E.S. Tradição, para puxar o samba-enredo “Rio, Samba, Amor e
Tradição”, de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, ao lado de Candanda, na
Marquês de Sapucaí, no carnaval carioca. Entre abril e maio de 1989, apresenta o
show “Sedução” em várias cidades portuguesas.
Em dezembro, lança o álbum
”Simone”, produzido por Mazzola, que rende à artista um novo Disco de Platina.
Com músicas inéditas e algumas regravações, o álbum conta com a participação
especial do maestro Tom Jobim, em duas músicas de sua autoria, “Ligia” e
“Luíza”, gravadas em New York.
A década de 80 é encerrada com muitos discos
de ouro e platina, um duplo de platina e um de prata, além de vários prêmios
como melhor cantora do ano. Definitivamente, a artista se consagra como uma das
mais importantes intérpretes da MPB, conquistando um público fiel que a
acompanharia por décadas, a partir desse período.
Em novembro de 1990, Simone
faz uma pausa no lançamento anual de repertório inédito e, com produção de
Mazzola, lança “Liberdade”. O álbum não se trata de uma simples coletânea, mas
de uma releitura de algumas canções lançadas na década 80. Todas as faixas foram
remixadas por Mazzola. As novidades ficam por conta da voz refeita em “O Sal da
Terra”, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, e dos sambas-enredo “Liberdade,
Liberdade”, de Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir, e “O
Amanhã”, de João Sérgio.
Em 1991, a convite de Quincy Jones, participa pela
primeira vez, do Montreux Jazz Festival, apresentando-se, em julho, no Casino
Montreux, na Suíça, acompanhada por Quincy Jones and Big Band.
Em novembro
lança o álbum ”Raio de Luz”, produzido Mazzola. Participa, ao lado de outros
artistas, da gravação da música “Luz do Mundo”, de Chico Buarque, Djavan,
Caetano Veloso e Arnaldo Antunes, para o projeto “Se Essa Rua Fosse Minha”,
idealizado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, com o propósito de
mobilizar a sociedade brasileira em relação à exploração do trabalho infantil e
crianças abandonadas.
No ano de 1992 estreia o show “Sou Eu”, no Imperator,
no Rio de Janeiro, com iluminação e direção de Ney Matogrosso, permanecendo dois
meses em cartaz.
Em julho participa mais uma vez do Montreux Jazz Festival,
no Casino Montreux, na Suíça, acompanhada por sua banda e pela Mario Bauza
Orchestra, regida por Quincy Jones. Também apresenta o show Sou Eu em Portugal e
representa o Brasil na Expo 92, no Auditório Plaza de América, em Sevilla, na
Espanha.
Em 1993 retorna com o show “Sou Eu” a Portugal e, no Brasil, lança o
álbum “Sou Eu”, baseado no show e produzido por Mazzola. No mês de abril,
comemorando 20 anos de carreira, a TV Globo apresenta o especial “Simone 20
Anos”, gravado em Curitiba (Pedreira Leminski), Rio de Janeiro (estúdios Tycoon)
e Havana (bar e restaurante Floridita). Com direção de Roberto Talma e direção
musical de Mariozinho Rocha, o especial conta com participações de Ivan Lins,
Ney Matogrosso, Roberto Carlos e Pablo Milanés, além de Fernanda Montenegro
declamando versos de Abel Silva. No mesmo mês, Simone lança o seu segundo álbum
em espanhol, "La Distancia", produzido por Bebu Silvetti.
Em maio de 1995
lança o álbum “Simone Bittencourt de Oliveira”, produzido por Mazzola e recebe
novo Disco de Platina. Em julho, estreia no Metropolitan, no Rio de Janeiro, o
show “Sonho e Realidade”, dirigido por José Possi Neto. Em novembro, assina
contrato com a gravadora Polygram e grava o álbum “25 de Dezembro”, idealizado e
produzido por Simone e Marcos Maynard, somente com canções de Natal. Com este
disco, Simone atinge a marca de um milhão de cópias vendidas em apenas 15 dias,
recebendo seu primeiro Disco de Diamante.
No mês de novembro de 1996 é
lançado no Brasil o álbum “Café com Leite”, uma releitura da obra de Martinho da
Vila. Idealizado por Simone, Marcos Maynard e Max Pierre, o álbum rende à
artista Disco Duplo de Platina.
No ano de 1997 estreia “Brasil - O Show”, no
Palace, em São Paulo, com direção de José Possi Neto. O espetáculo é gravado e
lançado em CD, numa produção de Max Pierre. No ano seguinte, apresenta “Brasil -
O Show” em Punta Del Este, Caracas, Porto Rico, Miami e Portugal. Também
participa do show “Coração Brasileiro”, gravado no Estádio Parc des Princes, em
Paris, na França, com público estimado em 50.000 pessoas, e exibido pela TV
Globo.
Em 1999 retorna a Portugal com “Brasil - O Show” e, em setembro,
participa de uma homenagem a Tom Jobim, “All Jobim”, no Main Hall do Carnegie
Hall de Nova York, nos Estados Unidos.
Em janeiro de 2000 estreia no Canecão,
no Rio de Janeiro, o show “Fica Comigo Esta Noite”, com direção, cenário e
iluminação de Ney Matogrosso. Em abril, Simone participa do show “Festa
Brasileira”, pelas comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil. O
evento é transmitido ao vivo pela TV Globo, direto de Brasília, para um público
de 400.000 pessoas.
Em maio lança o álbum “Fica Comigo Esta Noite”,
idealizado por Simone, Max Pierre e Antônio “Moogie” Canázio, pelo qual recebe
um Disco de Ouro.
No ano de 2001 participa do 25º Festival Internacional de
Música do Algarve, a convite de José Carreras, em concerto realizado em Faro,
Portugal. Em novembro, lança o álbum “Seda Pura", idealizado por Simone e
produzido por Guto Graça Mello. Em seguida, o show de mesmo nome estreia no
Canecão, no Rio de Janeiro, dirigido por Nelson Motta.
Em 2002 estreia no
Canecão, no Rio de Janeiro, o show “Simone”, sob sua própria direção.
Em 2004
lança o álbum “Baiana da Gema”, somente com músicas de Ivan Lins e parceiros,
pelo qual recebeu um Disco de Ouro e de Platina. O projeto dá origem ao seu
primeiro DVD, "Baiana da Gema - No Estúdio". No ano de 2005 a artista
apresenta-se novamente em Portugal, nas cidades de Cascais, Porto e Lisboa e,
depois, em Lima, no Peru.
Grava o CD e o DVD “Simone Ao Vivo”, idealizado por
Simone e produzido por Antônio “Moogie” Canázio, no Teatro João Caetano, no Rio
de Janeiro, com as participações de Ivan Lins, Milton Nascimento e Zélia Duncan.
O projeto rende à cantora um Disco e DVD de Ouro, além de três indicações ao
Grammy Latino. Em 2006 estreia no Canecão, no Rio de Janeiro, o show
“Simone”, sob direção da própria artista. No mesmo ano, apresenta-se no Broward
Center, em Miami, nos Estados Unidos, com a participação especial de Ivan Lins.
No ano de 2007 Simone participa do concerto em comemoração aos 45 anos de
carreira da cantora americana Dionne Warwick, em São Paulo.
Com direção geral
de Andréa Zeni e direção musical de Bia Paes Leme, Simone e Zélia Duncan
gravaram, em outubro de 2007, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, o CD e o
DVD “Amigo é Casa”. Lançado em 2008, o projeto marca a estreia de Simone na
gravadora Biscoito Fino. Em junho de 2008, ao lado de Zélia Duncan, estreia o
show “Amigo é Casa” no Teatro SESI de Porto Alegre e, depois, o espetáculo
percorre várias cidades no Brasil e, no ano seguinte, em várias cidades
portuguesas. Em agosto de 2009, lança o álbum “Na Veia, seu primeiro disco
solo pela Biscoito Fino, produzido por Simone e Rodolfo Stroeter.
Em 2010
grava no Teatro Guararapes, Recife, o CD Duplo e o DVD “Em Boa Companhia” e
apresenta o show homônimo (com a inclusão de algumas músicas em espanhol no
roteiro), na República Dominicana e no México (38º Festival Internacional
Cervantino – FIC), além de várias cidades brasileiras.
Em 2012 apresenta o
espetáculo “Especial Pra Você”, dirigido por Simone, nas cidades portuguesas de
Setúbal, São Miguel (Açores), Lisboa e Porto. No repertório, sucessos de sua
carreira e a inclusão do fado “Foi Deus”, de Alberto Janes, cantado apenas com o
acompanhamento de tamborim e cuíca.
No ano de 2013 Simone completa 40 anos de
carreira e lança o novo álbum “É Melhor Ser”, com repertório escolhido por
Simone e Zélia Duncan e direção musical de Bia Paes Leme e Leandro Braga. O
álbum traz músicas compostas somente por mulheres e é uma homenagem às
compositoras que marcaram sua trajetória, como Sueli Costa, Fátima Guedes e
Joyce, dentre outras.
Simultaneamente ao lançamento do disco, Simone estreia
em outubro no Teatro Oi Casagrande, no Rio de Janeiro, o show homônimo. A
direção do espetáculo é da atriz Christiane Torloni, grande amiga da cantora, e
mantém o tom feminino da proposta do disco. Simone leva o álbum na íntegra para
o palco, enriquecido com músicas que marcam grandes momentos do show, como
“Candeeiro”, de Teresa Cristina, “Canteiros”, de Fagner e Cecília Meireles, e” A
Noite do Meu Bem”, de Dolores Duran.
No ano de 2017 Simone faz novos shows em
Portugal, ao lado de Zélia Duncan, passando por Lisboa, Estoril e Porto.
Em
2018, a convite da T4F, Simone convida Ivan Lins para criarem juntos o show
“Simone Encontra Ivan Lins”. O espetáculo tem repertório exclusivo de Ivan Lins
e seus parceiros, com direção de Zélia Duncan, direção musical de Delia Fischer
e figurinos e cenário de Simone Mina. Novamente, o espetáculo percorre as
principais cidades brasileiras, com grande sucesso de público.
No ano de 2019
a turnê “Simone Encontra Ivan Lins” segue para Portugal (Lisboa, Estoril e
Porto) e, de volta ao Brasil, percorre novas cidades do país.
Em março de
2020, no mês em que comemora 47 anos de carreira, o mundo começa a parar em
função da pandemia da Covid-19 e, no mês seguinte, Simone se aproxima do público
através de uma série de “lives” pelo Instagram. A cantora se desafia e inova,
despindo-se de toda a estrutura a que está habituada nos palcos e, no aconchego
de casa, leva alegria, esperança e força ao seu público, nestes tempos difíceis.
Foram 35 “lives” em que Simone passeou pelo seu repertório, cantando mais de 400
canções, entre grandes sucessos seus e músicas inéditas na sua voz.
No
segundo semestre de 2021, após ficar oito anos sem gravar, começa a escolher o
repertório de seu novo trabalho e, no início da primavera, Simone entra em
estúdio para gravar o novo álbum, intitulado “Da Gente”. Zélia Duncan foi
convidada para dirigir o álbum e trouxe várias ideias, sugeriu compositores e
músicas e apresentou Juliano Holanda (compositor, músico, cantor e produtor
pernambucano) para Simone. Juliano assina a produção e direção musical. “Da
Gente” possui uma alma nordestina, pois Simone queria que seu novo trabalho
homenageasse o povo nordestino e refletisse também suas próprias raízes; esse
projeto estava em sua mente há algum tempo.
O ano de 2023 iniciou-se com um
projeto especial de comemoração aos 50 anos de carreira da artista. Simone
escolhe Marcus Preto como diretor de seu novo show e entrega a produção e
direção geral a Nascimento Música, empresa do querido amigo Milton Nascimento,
administrada por Augusto Nascimento, filho do cantor. A rotina de preparação
corporal, escolha de repertório e ensaios inicia e, assim, vai nascendo o novo
espetáculo da cantora. No dia 20 de março foi lançado o “teaser” divulgando a
turnê “Tô Voltando”.
O show traz os principais sucessos da cantora ao longo
de sua trajetória. Músicas que marcaram época e que estão registradas na memória
afetiva de muitas pessoas no Brasil e no mundo, como “O Que Será (À Flor da
Terra)”, de Chico Buarque, “Cigarra”, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos,
“Começar de Novo”, de Ivan Lins e Vitor Martins, “Tô Voltando”, de Maurício
Tapajós e Paulo César Pinheiro, e “Um Desejo Só Não Basta”, de Fausto Nilo e
Franscisco Casaverde, entre tantos outros hits.
A turnê “Tô Voltando” teve
pré-estreia em 15 de abril na cidade de Juiz de Fora (MG) e, logo em seguida,
estreou no Rio de Janeiro e São Paulo, seguindo depois pelas principais capitais
e cidades brasileiras, sempre com grande sucesso de público e de crítica. Além
do Brasil, Simone também se apresentou em Montevidéu, no Uruguai. Esta turnê
traz de volta aquela Simone que despontou no final dos anos 70 com shows
memoráveis no Canecão, que lotou ginásios nos anos 80 e 90 e que magnetizou
milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Simone voltou com toda a energia e
carisma que lhe são peculiares, encantando seu público fiel que a acompanha
todos esses anos e conquistando uma nova geração de admiradores. O grande
sucesso da turnê é resultado de 50 anos de dedicação, profissionalismo, garra e
muito amor que a cantora sempre colocou em seu trabalho. O resultado não poderia
ser diferente: uma carreira brilhante e que consolida Simone como um dos nomes
mais importantes da música popular brasileira.
No dia 12 de novembro de 2023,
Simone recebeu em Sevilha, Espanha, seu primeiro Grammy Latino, “Prêmio à
Excelência Musical”, pelo conjunto de sua obra. A cerimônia de entrega
proporcionou momentos emocionantes à artista e a todos os seus admiradores, pelo
reconhecimento de uma sólida carreira que completa cinco décadas. A cantora foi
enaltecida não apenas por seu talento e contribuição à música brasileira e
latina com suas canções de amor, mas também por músicas que representaram
momentos políticos importantes da história brasileira. Cenas marcantes de sua
trajetória musical foram apresentados numa breve retrospectiva que revelou a
todos os presentes as diferentes facetas da artista em diversas épocas de sua
carreira, ressaltando seu carisma, timbre e talento através do depoimento de
artistas brasileiros como Milton Nascimento, Ivan Lins, Martinho da Vila e Zélia
Duncan. Este foi um momento muito especial na vida da cantora, que construiu uma
trajetória brilhante, enfrentando todas as batalhas e adversidades comuns a uma
carreira artística, na qual é preciso reafirmar-se a todo momento para manter-se
na memória do público.
Simone completou 50 anos de carreira em 2025 e lançou
o álbum” Simone - 50 Anos (Ao Vivo)”, que é um registro de um show realizado no
Rio de Janeiro, em maio de 2024, com uma seleção de sucessos da carreira da
cantora. “Simone – 50 Anos (Ao vivo)” reúne 20 faixas, incluindo os maiores
sucessos da cantora: “Tô que tô”, “Sangrando”, “Começar de novo”, “Cigarra”,
“Jura secreta”, “Divina comédia humana”, “Sangue e pudins”, “Sob medida”,
“Alma”, ”Depois das dez”, “Um desejo só não basta”, “Separação”, “Encontros e
despedidas”, “Boca em brasa”, “Iolanda” “Ex-amor”, “Desesperar jamais”, “Tô
voltando”, “O amanhã” e “O que será (À flor da pele)”.
A cantora diz que para
a escolha do repertório priorizou canções que se tornaram conhecidas com sua
voz. “Esse foi o critério que usamos, com exceção de 'Divina comédia humana' (de
Belchior), música que foi feita para mim, mas que eu não havia gravado na época
e que depois de um ou dois anos foi censurada”, afirma. O processo de
gravação ao vivo agradou a artista. Em recente entrevista ao jornal Estado de
Minas declarou que “gravamos com banda e num set só, não houve paradas, nada
disso, foi direto, muito legal”.
Ela convidou Zélia Duncan e a Velha Guarda
da Portela para o encerramento do show. “Zélia participou de três canções
(“Iolanda”, “Ex- amor” e “Boca em brasa”), foi ótimo, pois quando ela entrou em
cena comigo, não a deixei sair mais, foi incrível. Tenho a sorte de Zélia saber
todo o meu repertório”, brinca Simone.
Aos 75 anos, a baiana diz se sentir
“vitoriosa” por “chegar a essa idade ainda com mais tesão” pelo que faz. “Esses
mais de 50 anos de estrada me trazem muita gratidão pelas importantes conquistas
e só aumentam a vontade de trabalhar em novos projetos”, revela.
No mês que
vem, a cantora inicia uma nova temporada de shows, em São Paulo. “Entrarão 10
músicas novas. Digo novas porque são canções que foram cantadas por mim, mas não
entraram no álbum”.
Embora ainda sem data definida, ela garante que trará o
show a Minas Gerais. “Adoro cantar para os mineiros, que sempre me receberam
muito bem. É ótimo apresentar em Belo Horizonte, é bom que se diga, porque o
mineiro é musical e isso é muito bom.”
Acompanharam Simone na gravação do
álbum os músicos Filipe Coimbra (guitarra), Fábio Sá (contrabaixo), Chico Lira
(teclados), Vitor Cabral (bateria) e André Siqueira (percussão). Ela mira agora
a gravação de um álbum de inéditas.
Cândido Luiz de Lima Fernandes é economista e professor universitário em
Belo Horizonte; email:
candidofernandes@hotmail.com
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Direção e Editoria
Irene Serra
Revista Rio Total
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