16/10/2023
Ano 26
Semana 1.339


 

ARQUIVO



JARDINAGEM

 

 





Violeta Africana



As violetas africanas figuram entre as mais populares plantas de interior, em função de seu formato compacto, suas cores brilhantes e, acima de tudo, por sua capacidade de produzir flores abundantes e coloridas durante quase o ano todo. Esse gênero compõe-se de doze espécies perenes, originarias da África Central. Apenas algumas delas despertam o interesse para o cultivo dentro de casa, e a preferência recai nas muitas variedades modernas é nos híbridos existentes. As flores assumem uma extensa gama de cores, desde todos os tons de azul, passando ao branco, rosa, vermelho e bicolor, em pétalas singelas ou dobradas, com formato de estrelas e bordos franjados, frisados ou encrespados.


violeta crespa - Mario Franco

violeta crespa - Mario Franco


A espécie mais importante e responsável pela maioria dos numerosos híbridos e variedades encontradas atualmente consiste na Saintpaulia ionantha. As plantas de especie natural possuem flores muito bonitas, azul-violáceas, singelas, com centros amarelos, contrastantes, desabrochando o ano todo e em numero maior de dezembro a abril. Suas folhas também apresentam-se vistosas, com formato de coração, textura aveludada e colorido verde-escuro.

violeta africana - Mario Franco
violeta africana - Mario Franco


Nos anos 20, quando foram levadas para a Europa, seu cultivo era considerado difícil, pois provinham de zonas quentes. No entanto, alguns viveiristas conseguiram desenvolver formas mais resistentes e robustas, de floração abundante. Sob condições corretas — boa luz, calor constante e umidade razoável — continuam a prosperar, produzindo flores durante o ano inteiro.


Primavera e verão

Quaisquer das espécies e variedades ganham mais viço quando se encontram um pouco amontoadas. Envase na primavera, utilizando mistura sem calcário. Apenas aumente o tamanho do recipiente quando as raízes ocuparem por completo o atual. O tamanho final dos vasos deve atingir os 15cm de boca; depois reenvase os exemplares estabelecidos em outubro, em anos alternados. Os tipos pendentes ficam melhor em vasos suspensos, onde seus ramos têm espaço para se desenvolver. Remova sempre as flores mortas e folhas danificadas pelas bases, pois se restar parte das hastes elas apodrecerão.

A temperatura deve permanecer entre 18ºC e 24°C — é essencial evitar a ocorrência de flutuações bruscas. Mantenha o vaso fora das correntes de ar, em uma posição bastante iluminada, mas fora da luz solar direta, que pode murchar tanto a folhagem como as flores. As violetas africanas dão-se muito bem com luz artificial: coloque as plantas a 30 cm de distância de dois tubos de 40 watts de luz fluorescente, por um período de doze horas diarias.

Ao comprar, selecione exemplares saudáveis, com folhas inteiras, viçosas e sem manchas. Prefira as plantas que apresentam floração profusa.

violeta - regaRegar as plantas por baixo revela-se o melhor método: mergulhe o fundo do recipiente numa vasilha com água até que a superfície do composto comece a escurecer. Não molhe a folhagem, para que não fique manchada. Drene o excesso e coloque a planta em seu lugar. violeta - limpezaO excesso de regas danifica os exemplares com rapidez. Espere que a superfície esteja seca, antes de regar novamente.

Retire a poeira das folhas com um pincel macio e seco; nunca use pano úmido.

Para que as flores surjam o ano todo, uma adubação regular constitui um fator importante, uma vez que as violetas africanas mostram-se plantas bastante vorazes em proporção ao seu tamanho, e rapidamente consomem os nutrientes contidos no composto. Forneça-lhes um fertilizante liquido a cada três semanas. Aumente a umidade relativa do ar, colocando os vasos apoiados em seixos molhados; evite pulverizar água, a fim de não danificar as folhas.


Outono e inverno

As temperaturas no inverno não devem cair abaixo dos 13°C; o ideal consiste em mantê-las entre 16ºC e 18°C. No entanto, as condições devem se apresentar semelhantes àquelas recomendadas para primavera e verão. Conserve o exemplar sob forte luminosidade, mas fora da luz solar direta. Regue da mesma forma, somente quando o solo estiver seco: mergulhe o fundo do recipiente numa vasilha com água, até que a superfície do composto esteja úmida. Deixe drenar por completo e permita que a superfície do solo seque de novo antes de repetir o processo. Continue a adubar a cada três ou quatro semanas, mantendo um bom grau de umidade.


Propagação

As estacas de folhas constituem o método mais fácil de propagar violetas africanas. Remova uma folha completa, com seu pecíolo, em outubro ou novembro; apare o pecíolo a um comprimento entre 2,5cm e 4cm, e enterre-o num composto molhado à base de areia, com a lâmina exatamente ao nível do solo. Cubra o conjunto com plástico transparente e mantenha à meia-sombra, a uma temperatura entre 18ºC e 21°C. Depois de seis semanas, novas plantas pequenas começam a surgir na base dos pecíolos. Ao longo das quatro semanas seguintes vá descobrindo as mudas por períodos cada vez maiores, a fim de que se adaptem de maneira gradual ao aumento de luminosidade. Forneça-lhes água apenas o suficiente para evitar que o composto resseque por completo; uma vez por semana, adicione um oitavo da dose recomendada para fertilizantes líquidos. Com cuidado, transfira as mudas para recipientes individuais e passe a tratá-las como exemplares adultos.
Transplante apenas mudas bem fortes, deixando os vasos semissombreados por alguns dias.

violeta - Mario FrancoSol direto descolore as folhas, provoca manchas cor de palha e deixa as pontas amareladas. A folhagem fica murcha, resseca ou se torna amarela se as condições forem muito secas por muito tempo, tanto com baixa umidade como com regas insuficientes. Mas o excesso de regas leva a planta ao colapso rapidamente, por doenças causadas por fungos, como o míldio. Lembre-se: sempre regue por baixo, evitando molhar a folhagem; permita que haja uma drenagem completa antes de recolocar o recipiente no lugar. Deixe que 1cm da camada superficial do solo seque para regar de novo.

Quando o exemplar não floresce ou produz poucas flores, o problema tem origem na insuficiência de nutrientes. Reenvase a planta com mistura fresca e mantenha uma adubação regular. Uma floração pobre também pode estar ligada à falta de luminosidade.

As pragas mais comuns são os pulgões e as cochonilhas lanuginosas. Tenha cuidado com a escolha dos pesticidas, pois a violeta africana mostra-se muito suscetível aos produtos mais comuns — nunca use aerosóis ou pulverizadores, que provocam danos na folhagem. Procure retirar a praga manualmente.

Saintpaulia ionantha tornou-se a espécie mais conhecida e a ancestral de inúmeras variedades e híbridos disponíveis. Atinge de 8cm a 10cm de altura e de 15cm a 25cm de largura. Forma uma roseta de folhas carnosas, de textura aveludada, com formato de coração, de 8cm de comprimento cada, presas a pecíolos de 7cm. A folhagem colore-se de verde-escuro, às vezes com nuances vermelhas no verso. As flores podem aparecer o ano todo, desabrochando em maior numero entre dezembro e abril, em grupos de duas a oito, em pedúnculos de até 15cm, medindo 2,5cm de diâmetro. Singela, a florada colore-se de azul-violáceo, com minúsculos sacos de pólen no centro, amarelo-dourados.


Saintpaulia ionantha
Saintpaulia ionantha


S. confusa, também conhecida como S. diplotricha, constitui outra especie importante, envolvida na criação de diversos híbridos. Possui folhas pilosas, verde-claras, quase redondas e de bordos denteados, com 4cm de comprimento, presas a pecíolos de 8cm. Os pedúnculos de 10cm carregam mais de quatro flores violeta-claro, com 2,5cm de diâmetro cada.


> diplotricha
S. dipotricha


S. grotei, uma especie pendente ou rasteira, ancestral de muitas formas para vasos suspensos, com ramos que chegam a atingir 20cm de comprimento. Os pecíolos têm 25cm e as folhas, quase redondas, medem 8cm de comprimento, verde-claras, de bordos serrilhados, recobertas por uma pilosidade aveludada. As flores pequenas, agrupadas em pedúnculos.


S. grotei - Bill Price



Matéria publicada anteriormente na Revista Rio Total em 25 de fevereiro, 2014.


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Direção e Editoria
Irene Serra