16/04/2025
Ano 28
Semana 1.413





ARQUIVO
ANDRÉ L. SCHULER




ANDRÉ SCHULER

Poesia não tem preço

 
Convidei a poesia para ser sócia.
Eu entraria com o capital;
ela, com o serviço.
Não seria capaz de vendê-la.
Imagine a poesia ouvindo isso.
Ela só vem quando quer,
vive cheia de vontades
e não firma compromisso.
A questão é passional,
e não patrimonial.
Quando bato à sua porta,
ela corre para a janela,
pois só quer serenata.
Talvez, eu deva vender um livro,
mas quero ver se me livro
de envolvê-la na negociata.
Livrando-a desse castigo,
cedo ou tarde, estaremos casados
e, quando estivermos lado a lado,
eu serei poeta, ela será poema,
e os livros serão nosso casamento.
Viajaremos livres,
visitando pensadores
e pensamentos,
sentimentos e interpretações.
Sonhamos morar nos livros,
mas longe das prateleiras.
Talvez, numa cadeira de praia
ou sobre o tapete,
perto da lareira,
e até numa mesa de cabeceira,
mas nunca esquecidos,
de bobeira.
Viveremos assim.
Eu posso até ficar devendo,
para conquistar esse poema,
mas a minha poesia
eu não vendo.


Imagem: alaschuler

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Direção e Editoria
Irene Serra