16/01/2022
Ano 25
Semana 1.256




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        Celebrando a Colheita

        Um olhar para as diferentes celebrações da colheita



Judeus celebram a colheita


O tema da colheita é uma constante ao longo de todo ano judaico.
Nos remotos tempos bíblicos, os hebreus nomeavam seus meses de acordo com a safra colhida: mês da colheita da azeitona, mês da plantação dos grãos, mês da colheita do figo e mês do cultivo da videira.
No calendário, as várias festas eram geralmente associadas ao ciclo de crescimento.

 

SHABBAT

As famílias judias saúdam a chegada do Shabbat compartilhando pão e vinho e agradecem a Deus por suas bençãos.
"Bendito sejas, ó Eterno nosso Deus, Rei do Universo, que faz sair pão da terra."

O livro de shabbat (Ruth Brin Ktav. 1978 0-87068-634) explora o tema da "partilha" na colheita.
"Porque você diz que Deus faz sair pão da terra? E quanto ao fazendeiro que cultiva o grão e o moleiro que faz a farinha e o padeiro que assa o pão?
...Deus criou a terra o sol a chuva e as sementes, não foi Ele? O moleiro faz a farinha e mamãe e eu assamos o pão... nós trabalhamos juntos, como parceiros."


O pecado de Adão foi que ele falhou em ser um administrador responsável pelo mundo que Deus lhe deu.

Uma prece após as refeições, da mesma fonte, afirma:

"Louvado sejas, ó Eterno nosso Deus, Rei do Universo,
Que dá alimento a todos os seres vivos...
Assim como desfrutamos dos frutos da terra, dela tiramos nosso alimento e trabalho
Possamos desfrutar do espírito de nossas tradições, mesmo quando evitamos abraçá-las...
Possa nossa gratitude por tantas bênçãos abundantes sustentar-nos nos momentos de pesar, ansiedade e frustração..."



PESSACH

A festa da primavera teve sua origem quando as antigas tribos de pastores hebreus celebravam o ressurgimento do pasto para seus rebanhos e o nascimento de novas ovelhas.

Em Canaã os pastores sacrificavam uma ovelha em agradecimento a Deus pela fertilidade de seus rebanhos. Muitos acreditam que as estacas das tendas eram manchadas com sangue para proteger os vulneráveis rebanhos, quando estes se deslocassem para pastos mais quentes. Esta festa é também chamada de Hag Ha’aviv, a Festa da Primavera.

A Torá ordena que o primeiro feixe de cevada deve ser colhido ao pôr-do-sol do primeiro dia de Pessach. Três homens, mandados pela corte rabínica perguntavam ao povo: "O sol já se pôs? Deverei começar a colher?" "Sim!". O feixe era então cortado e levado ao templo para ser queimado e purificado, sendo parte deste oferecida à Deus.

"A terra deu seu fruto. Possa Deus, nosso Senhor, abençoar-nos."(salmo 67)


Somente depois, a safra poderia ser colhida.

Os feixes eram levados ao templo pelos próximos 49 dias, os Dias do Omer, e orações eram realizadas pedindo boas colheitas no futuro. O qüinquagésimo dia, Shavuot, marca o início da colheita do trigo.

O seder começa comendo-se o Karpas (erva amarga) molhado em água salgada. Uma benção é recitada:
"Bendito seja o Senhor, que criou o fruto da terra."


SUCOT

O ano agrícola termina no outono. A safra do verão e do outono já foi colhida e estocada, e mais uma vez levada em procissão ao templo.

Sucot

"E vós devereis levar no primeiro dia os frutos de boas árvores, ramos de palmeira, galhos de árvores e salgueiros.
E vós devereis alegrar-se perante o Eterno, seu Deus."  (Leviticus 23)

Hoje, frutas, garrafas de óleo e água, e outros alimentos decoram a sucá, onde as refeições devem ser feitas acompanhadas de preces e agradecimentos.

A prece "Tu fazes o vento soprar e a chuva cair" é repetida diariamente durante o inverno, relembrando as preces feitas no templo pedindo por nos meses de inverno.


Nos Kibbutzim, junto aos riachos, crianças e adultos se reúnem. As crianças enchem seus jarros com água e carregam ramos de palmeiras, enquanto os adultos carregam tochas com fogo.

"Vós devereis tirar água da fonte da salvação com júbilo."

Finalmente a água é usada para extinguir o fogo, simbolizando o final do verão e a promessa de chuvas.


SHAVUOT

A festa das primeiras frutas celebra o fim da colheita dos grãos e a colheita das frutas de verão. No templo, dois pães eram oferecidos e romeiros agradecidos traziam cestas de frutas decoradas com flores e folhas. Eles eram conduzidos por um boi cujos chifres eram decorados com ramos de oliveira. Músicos tocavam flautas e tamborins, enquanto as pessoas cantavam:  "Neste dia eu dei ao Senhor."

Na época da colheita passa-se a estória de Ruth, que é lida na sinagoga, decorada com flores e folhagens, ou em casa.

Este aspecto da festa se tornou muito popular em Israel, onde tratores, carrinhos de mão e carroças são carregadas com os produtos das colheitas, que serão depois vendidos para caridade. Procissões são seguidas por romeiros dançando, cantando e lendo poesias. Esta festa marca a entrega da Torah, os rolos da lei, a Moises e ao povo. A colheita resulta de uma parceria entre Deus e o homem. Em conjunto eles trazem vida à terra, da mesma forma que juntos ele dão vida à Torah - uma colheita dos ensinamentos da Torah que cuida da sociedade. Assim como homens e mulheres compartilham da dádiva divina da colheita, todos compartilham dos guias éticos da Torah.


TU B’SHVAT

O dia do "Aniversário da Criação das Árvores" é mencionado na Mishnah e apesar de não ter uma oração especial associada a ele, podemos dizer ao plantar uma árvore: "Abençoado és Tu, ó Eterno, Rei do Universo, que criou o fruto da árvore."

Na religião judaica as árvores são símbolos da vida - elas dão beleza, fornecem alimento e sombra para pessoas e animais, enriquecem a terra e ajudam a manter a umidade do solo. O corte irresponsável pode provocar aridez no solo, enquanto que cuidada adequadamente pode prover casas, barcos, instrumentos musicais e calor.

A festa se tornou importante em Israel, na medida em os israelenses se empenham em fazer a terra "florescer de novo". Crianças plantam árvores e comemoram dançando e cantando músicas sobre árvores e flores. Passagens bíblicas relativas às árvores são recitadas. Ao invés de presentes, o povo judeu ao redor do mundo oferece regalos das árvores plantadas em Israel, como a profecia de Isaiah:
"Eles devem erigir o que foi destruído...
E reconstruir as ruínas de muitas gerações."


Como a árvore é o símbolo da vida, uma floresta foi plantada ao longo da estrada para Jerusalém, em memória daqueles que morreram no holocausto. Eles jamais serão esquecidos.

O talmud conta que um rei, ao ver um homem plantando uma alfarrobeira, perguntou:
- Quantos anos ela levará até frutificar?
- Provavelmente 70 anos.
- E você espera viver para comer seu fruto?
- Não! Mas quando eu nasci eu achei o mundo cheio de árvores, e eu planto para que as próximas gerações possam aproveitar e tenham o que comer.

A despeito de sua história trágica, o judaísmo proclama sua esperança no futuro!



 Enviado por Leon M. Mayer
Traduzido por Meriane Goldberg


(RT, janeiro, 2000)
 

 

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Direção e Editoria
Irene Serra