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Celebrando a Colheita
Um
olhar para as diferentes celebrações da colheita
Judeus celebram a colheita
O tema da colheita é uma constante ao longo de todo ano judaico.
Nos remotos tempos bíblicos, os hebreus nomeavam seus meses de
acordo com a safra colhida: mês da colheita da azeitona, mês da
plantação dos grãos, mês da colheita do figo e mês do cultivo da
videira.
No calendário, as várias festas eram geralmente
associadas ao ciclo de crescimento.
SHABBAT
As
famílias judias saúdam a chegada do Shabbat
compartilhando pão e vinho e agradecem a Deus
por suas bençãos.
"Bendito sejas, ó Eterno nosso Deus, Rei do
Universo, que faz sair pão da terra."
O
livro de shabbat (Ruth Brin Ktav. 1978
0-87068-634) explora o tema da
"partilha" na colheita.
"Porque você diz que Deus faz sair pão da
terra? E quanto ao fazendeiro que cultiva o grão
e o moleiro que faz a farinha e o padeiro que
assa o pão?
...Deus criou a terra o sol a chuva e as
sementes, não foi Ele? O moleiro faz a farinha e
mamãe e eu assamos o pão... nós trabalhamos
juntos, como parceiros."
O
pecado de Adão foi que ele falhou em ser um
administrador responsável pelo mundo que Deus
lhe deu.
Uma prece após as refeições, da mesma fonte,
afirma:
"Louvado sejas, ó Eterno
nosso Deus, Rei do Universo,
Que dá alimento a todos os seres vivos...
Assim como desfrutamos dos frutos da terra,
dela tiramos nosso alimento e trabalho
Possamos desfrutar do espírito de nossas
tradições, mesmo quando evitamos
abraçá-las...
Possa nossa gratitude por tantas bênçãos
abundantes sustentar-nos nos momentos de
pesar, ansiedade e frustração..."
PESSACH
A
festa da primavera teve sua origem quando as
antigas tribos de pastores hebreus celebravam o
ressurgimento do pasto para seus rebanhos e o
nascimento de novas ovelhas.
Em Canaã os pastores sacrificavam uma ovelha em
agradecimento a Deus pela fertilidade de seus
rebanhos. Muitos acreditam que as estacas das
tendas eram manchadas com sangue para proteger os
vulneráveis rebanhos, quando estes se
deslocassem para pastos mais quentes. Esta festa
é também chamada de Hag Haaviv, a Festa
da Primavera.
A Torá ordena que o primeiro feixe de cevada
deve ser colhido ao pôr-do-sol do primeiro dia de
Pessach. Três homens, mandados pela corte
rabínica perguntavam ao povo: "O sol já se
pôs? Deverei começar a colher?"
"Sim!". O feixe era então cortado e
levado ao templo para ser queimado e purificado,
sendo parte deste oferecida à Deus.
"A terra deu seu fruto. Possa Deus, nosso
Senhor, abençoar-nos."(salmo 67)
Somente depois, a safra poderia ser colhida.
Os feixes eram levados ao templo pelos próximos
49 dias, os Dias do Omer, e orações eram
realizadas pedindo boas colheitas no futuro. O
qüinquagésimo dia, Shavuot, marca o início da
colheita do trigo.
O
seder começa comendo-se o Karpas (erva amarga)
molhado em água salgada. Uma benção é
recitada: "Bendito seja o Senhor, que criou
o fruto da terra."
SUCOT
O
ano agrícola termina no outono. A safra do
verão e do outono já foi colhida e estocada, e
mais uma vez levada em procissão ao templo.
"E vós devereis levar no primeiro dia os
frutos de boas árvores, ramos de palmeira,
galhos de árvores e salgueiros.
E vós devereis alegrar-se perante o Eterno, seu
Deus." (Leviticus 23)
Hoje,
frutas, garrafas de óleo e água, e outros
alimentos decoram a sucá, onde
as refeições devem ser feitas acompanhadas de
preces e agradecimentos.
A prece "Tu fazes o vento soprar e a chuva
cair" é repetida diariamente durante o
inverno, relembrando as preces feitas no templo
pedindo por nos meses de inverno.
Nos Kibbutzim, junto aos riachos, crianças e
adultos se reúnem. As crianças enchem seus
jarros com água e carregam ramos de palmeiras,
enquanto os adultos carregam tochas com fogo.
"Vós
devereis tirar água da fonte da salvação com
júbilo."
Finalmente
a água é usada para extinguir o fogo,
simbolizando o final do verão e a promessa de
chuvas.
SHAVUOT
A
festa das primeiras frutas celebra o fim da
colheita dos grãos e a colheita das frutas de
verão. No templo, dois pães eram oferecidos e
romeiros agradecidos traziam cestas de frutas
decoradas com flores e folhas. Eles eram
conduzidos por um boi cujos chifres eram
decorados com ramos de oliveira. Músicos tocavam
flautas e tamborins, enquanto as pessoas
cantavam: "Neste
dia eu dei ao Senhor."
Na
época da colheita passa-se a estória de Ruth,
que é lida na sinagoga, decorada com flores e
folhagens, ou em casa.
Este
aspecto da festa se tornou muito popular em
Israel, onde tratores, carrinhos de mão e
carroças são carregadas com os produtos das
colheitas, que serão depois vendidos para
caridade. Procissões são seguidas por romeiros
dançando, cantando e lendo poesias.
Esta
festa marca a entrega da Torah, os rolos da lei,
a Moises e ao povo. A colheita resulta de uma
parceria entre Deus e o homem. Em conjunto eles
trazem vida à terra, da mesma forma que juntos
ele dão vida à Torah - uma colheita dos
ensinamentos da Torah que cuida da sociedade.
Assim como homens e mulheres compartilham da
dádiva divina da colheita, todos compartilham
dos guias éticos da Torah.
TU
BSHVAT
O
dia do "Aniversário da Criação das
Árvores" é mencionado na Mishnah e apesar
de não ter uma oração especial associada a
ele, podemos dizer ao plantar uma
árvore: "Abençoado és Tu, ó Eterno, Rei
do Universo, que criou o fruto da árvore."
Na
religião judaica as árvores são símbolos da
vida - elas dão beleza, fornecem alimento e
sombra para pessoas e animais, enriquecem a terra
e ajudam a manter a umidade do solo. O corte
irresponsável pode provocar aridez no solo,
enquanto que cuidada adequadamente pode prover
casas, barcos, instrumentos musicais e calor.
A
festa se tornou importante em Israel, na medida
em os israelenses se empenham em fazer a terra
"florescer de novo". Crianças plantam
árvores e comemoram dançando e cantando
músicas sobre árvores e flores. Passagens
bíblicas relativas às árvores são recitadas.
Ao invés de presentes, o povo judeu ao redor do
mundo oferece regalos das árvores plantadas em
Israel, como a profecia de Isaiah:
"Eles
devem erigir o que foi destruído...
E reconstruir as ruínas de muitas
gerações."
Como
a árvore é o símbolo da vida, uma floresta foi
plantada ao longo da estrada para Jerusalém, em
memória daqueles que morreram no holocausto.
Eles jamais serão esquecidos.
O
talmud conta que um rei, ao ver um homem
plantando uma alfarrobeira, perguntou:
- Quantos anos ela levará até frutificar? - Provavelmente 70
anos. - E você espera viver para comer seu fruto? - Não!
Mas quando eu nasci eu achei o mundo cheio de
árvores, e eu planto para que as próximas
gerações possam aproveitar e tenham o que
comer.
A
despeito de sua história trágica, o judaísmo
proclama sua esperança no futuro!
Enviado por Leon M. Mayer
Traduzido por Meriane Goldberg
(RT, janeiro, 2000)
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Direção e Editoria
Irene Serra
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