Viegas Fernandes da Costa
O retorno à Revista Rio Total
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Quando comecei a escrever na internet, isto lá pelo ano de 2001, alguns sites
serviram de abrigo periódico para aqueles meus textos. O primeiro deles foi A
Barata, de São Paulo, do amigo poeta e agitador cultural Luiz Carlos Barata
Cichetto. As crônicas do meu primeiro livro, "Sob a luz do Farol" (publicado
pela editora Hemisfério Sul, da escritora Urda Alice Klueger) conheceram seus
primeiros leitores lá. Logo vieram outros sites, e outros editores, e um dos
que me proporcionaram uma das mais longas e afetivas parcerias foi a Revista
eletrônica Rio Total, da amiga Irene Serra. Esta revista carioca já tem quase
900 números e existe há 18 anos!
Quando comecei a publicar periodicamente na internet, a sensação era o e-mail.
Facebook não existia, blog era algo que engatinhava e eu mesmo possuía um site
pesadão e gótico hospedado no extinto "hpg". Tempos de internet discada e do
Viegas escrevendo mailingzine. Sim, não cheguei a fazer fanzines
mimeografados, mas o mailingzine que escrevia logo ultrapassou os limites do
próprio e-mail (tinha que montar grupos de 20 destinatários, em um universo de
15 mil, o que me obrigava a horas diante da internet apenas para distribuir o
texto). Do mailingzine para as colunas nos sites amigos, A Barata, Rio Total,
entre tantos outros, alguns inclusive do exterior, como a Revista Andar 21, da
Galícia (Espanha).
Depois de publicado Sob a Luz do Farol, minha atividade literária na internet
começou a reduzir. Alguns sites foram fechando, a rede aumentando. Surgiram as
grandes redes sociais, primeiro o Orkut, depois Twitter e agora o Facebook.
Meu site pesadão e gótico virou Blog, publiquei mais dois livros que pouca
gente leu, o último encalhado na editora como um enorme elefante translúcido
(chama-se "Pequeno Álbum" este livro, e tenho muito orgulho dele, apesar do
fracasso editorial que é). Enfim.
Diferentemente da maioria dos autores que conheço, meu processo foi inverso. O
berço dos meus textos foram os bytes, já a cama de hoje é de papel. Além dos
livros que publiquei, a coluna semanal de crônicas, nascida naquela internet
discada, hoje abre suas janelas todas as quintas-feiras no Jornal de Santa
Catarina, em papel. Claro, temos aqui uma realidade híbrida. O blog sobrevive
e o Facebook serve-me sempre como laboratório literário. Se no antigo A Barata
nascera Ernesto, o poeta sem livros, personagem principal de Sob a Luz do
Farol, no livro de rostos encontrei Ornitorrinco, meu pensador preferido. A
coluna do Santa circula também neste território esquizofrênico, assim como
diversos outros textos meus. De qualquer forma, é no suporte convencional do
papel que hoje sobrevivo. E por que digo tudo isto?
Há algumas semanas Irene Serra reencontrou-me por meio desta rede social e
convidou-me para retornar a Revista Rio Total. O resultado é a volta do verbo
que sempre me assaltou a uma das suas antigas casas. Periodicamente Irene
estará publicando textos meus lá na Revista Rio Total, e hoje foi o primeiro.
Bateu então uma nostalgia. É isso. Se alguém quiser conferir, o link da coluna
segue abaixo.
(RT, 25 de maio/2014)
Ano 18 -
CooJornal nº 893
Releia a crônica:
AS CIDADES DOS MEUS OLHOS
Viegas Fernandes da Costa é historiador e escritor.
Autor dos livros "Sob a
Luz do Farol" (Crônicas, 2005), "De Espantalhos e Pedras Também se Faz um
Poema" (Poemas, 2008) e "Pequeno Álbum" (Contos, 2009).
Atualmente leciona
História no Instituto Federal de Santa Catarina e é cronista do Jornal de
Santa Catarina.
Reside em Blumenau, SC.
Direitos Reservados
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