16/10/2024
Ano 27 - Nº 1.391
ARQUIVO
SHEILA SACKS
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Sheila Sacks
o
Círculo dos Gigantes
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Por ocasião da celebração dos 73
anos da fundação do estado de Israel, em abril de 2021, a plataforma de
notícias online ISRAEL21c, focada em artigos tecnológicos e científicos,
apresentou 73 curiosidades acerca do país como uma homenagem à diversidade e
também à singularidade dessa pequena/ grande nação do Oriente Médio. Uma das
mais interessantes se refere ao Círculo dos Gigantes, um monumento
pré-histórico descoberto na década de 1960.
A matéria assinada pela
jornalista e diretora do site, a inglesa Nicky Blackburn, lista também outras
peculiaridades como a ressurreição da língua hebraica, utilizada por séculos
apenas na leitura da Torá (Bíblia antiga) e em ritos religiosos, transformada
em língua nacional de Israel, um caso único nos tempos modernos.
Ainda
destaca certas características do país que considera especiais: metade de
Israel é tomada por deserto; 90% das águas residuais são recicladas; tem a
metade do tamanho do Lago Michigan EUA); abriga o mais antigo cemitério em
uso, no Monte das Oliveiras, em Jerusalém (3 mil anos); possui mais de 300
vinícolas espalhadas pelas colinas de Jerusalém, Golã, Judeia, Galileia e o
deserto de Negev; exibe um conjunto de 400 edifícios de arquitetura Bauhaus,
no centro da capital Tel Aviv, a chamada Cidade Branca, o que levou a Unesco
em 2003 classificá-la de Patrimônio Mundial; tem mais museus per capita do que
qualquer país do mundo; e mantém em seu serviço postal um departamento
especial de “Cartas a Deus”, que chegam de todo mundo para serem colocadas nas
rachaduras do Muro das Lamentações, depois de abertas. Um milhão de pedidos
são deixados anualmente, via presencial ou através de missivas no Muro,
segundo a jornalista.
Mas, a menção mais instigante da lista é sobre o
misterioso Círculo dos Gigantes conhecido como Gilgal Refaim, na tradução do
hebraico, uma referência ao povo que, segundo fontes bíblicas, se distinguia
por sua enorme estatura e viveu naquela região (reino de Bashan/Basã -
Devarim/Deuteronômio).
Em 2020, o mesmo site já havia classificado Gilgal
Refaim como um dos dez maiores mistérios da Terra Santa, e indagava: Quem
construiu o Stonehenge israelense? (em alusão ao complexo pré-histórico
megalítico do Reino Unido, um dos mais visitados do mundo). Na reportagem
(The 10 greatest mysteries in Israel), Gilgal Refaim tem como companheiros
nove outros elementos cercados de indagações e suposições, como a Arca da
Aliança, que continha a tábua dos Dez Mandamentos; a caverna de Zedequias ou
pedreira de Salomão, em Jerusalém, cujas pedras podem ter sido usadas na
construção do primeiro Templo, no século 9 antes da Era Comum; e a vila
neolítica submersa Atlit Yam de 8.500 anos, descoberta em 1984, a versão
israelense de Atlântida que pode ter submergida no dilúvio de Noé.
Estrutura de 5 mil anos
Situado no norte de Israel, a estrutura é formada
por gigantescos círculos concêntricos de mais de 42 mil toneladas de pedra
basalto, cuja construção, segundo arqueólogos, beira há 5 mil anos. Autor de
uma tese de doutorado sobre o local, o arqueólogo Michael Freikman, da
Universidade Hebraica de Jerusalém, calcula que a estrutura exigiu milhares de
dias de trabalho. Segundo ele, a construção pode ter levado cerca de 25 anos
para ficar pronta, isso se 100 pessoas estivessem trabalhando. “Um esforço
tremendo e terrivelmente caro”, avalia o especialista.
O também arqueólogo
Uri Berger, pesquisador de tumbas megalíticas, diz que o local é enigmático,
"com fragmentos de informações", e que cada estudioso tem uma versão sobre a
sua edificação e finalidade. E muitos deles, talvez envolvidos com a
grandiosidade da estrutura, buscam nas escavações documentos antigos e
interpretações bíblicas que demonstrariam os vestígios de um legado espiritual
secreto. A civilização oculta
Várias décadas após o suíço Erich von
Däniken surpreender milhões de pessoas com a teoria de que as divindades
reverenciadas pela humanidade seriam seres extraterrestres - de uma
civilização adiantada que visitou o planeta Terra em tempos pré-históricos
('Eram os deuses astronautas', livro publicado em 1968) -, uma outra tese não
menos polêmica sobre o tema tem sido defendida por dois pesquisadores
ingleses. De acordo com Philip Gardiner, escritor, roteirista e diretor de
documentários, e seu parceiro Gary Osborn, os deuses não seriam alienígenas,
mas humanos e de origem terrena, oriundos de uma civilização misteriosa e
avançada que sobreviveu aos dilúvios e outros cataclismos. Na obra “O
Priorado Secreto” (2006), os autores, que já publicaram uma dezena de livros
sobre sociedades ocultas e profecias, escrevem: “Talvez seja difícil de
acreditar, mas evidências consistentes sugerem que conhecimentos técnicos
avançados circulavam entre nós muito antes das datas convencionais atribuídas
à pré-história humana e que uma cultura desconhecida havia codificado indícios
reconstituíveis desses conhecimentos.” Uma das evidências físicas citadas
pelos ingleses se refere justamente ao Círculo de pedras de Refaim ( Rujm
el-Hiri , monte de pedras do gato selvagem, em árabe) que os autores
consideram um dos maiores mistérios de Israel. Situado na região das Colinas
de Golã, a 16 quilômetros a leste do mar da Galileia, o complexo de pedra foi
erguido sobre uma planície cujas reais dimensões só podem ser vistas do alto.
A estrutura passou despercebida por séculos e só foi detectada através de uma
pesquisa aérea. Uma caverna, no centro da estrutura, talvez funcionasse como
câmara mortuária. As imagens foram liberadas por Israel em 1968 após a “guerra
dos seis dias” (1967), quando Israel pôde administrar a região.
Gardiner e
Osborn defendem que edificações colossais como as pirâmides do Egito, o
complexo monolítico Stonehenge, no sul da Inglaterra, as esculturas gigantes
de pedra na Ilha de Páscoa (província do Chile), entre outras, foram erguidas
sob a inspiração dessa civilização, originalmente formada por gigantes (a
Bíblia também menciona povos gigantes – os nefilim, refaim e enacim - no
Gênesis, Números e Josué) que, à parte as suas obras arquitetônicas majestosas
deixaram um legado de conhecimento espiritual codificado em mitos, símbolos,
lendas e fábulas. Histórias e “contos de fadas” passados oralmente de geração
em geração, em grande parte por pessoas simples que não tinham consciência dos
segredos contidos nas narrativas.
Conhecimento avançado
Para os pesquisadores, tanto a humanidade atual como as primeiras civilizações
tradicionais que conhecemos jamais possuíram uma compreensão plena e acabada
desse antigo sistema de conhecimento. As informações foram passadas através do
tempo de forma fragmentada, sendo mal interpretadas e mal conceituadas.
Gardiner e Osborn afirmam que essa misteriosa “ordem sacerdotal” teria
civilizado a humanidade, talvez após uma catástrofe global. “Com o tempo,
devido ao seu conhecimento científico, sabedoria espiritual e suposta
capacidade extrassensorial, os povos menos desenvolvidos que conviviam
pacificamente com esses seres mais avançados começaram a considerá-los
deuses”. A base dessa argumentação vem da constatação da presença do mesmo
sistema fundamental de crenças nas várias religiões existentes em todos os
quadrantes do mundo, embora cada uma delas use denominações próprias, práticas
e rituais diferentes.
A fonte desse sistema de crenças estaria nos antigos
cultos solares e na experiência da “iluminação”. Segundo os autores, o padrão
cíclico da natureza, a experiência renovadora do sol e os seus movimentos
estão intrinsecamente vinculados ao efeito iluminador do “despertar” interior,
do “renascer” e da experiência da “iluminação”. Eles citam a figura bíblica de
Sansão, cujo nome deriva do hebraico shemesh (sol) e que é idêntico a
shamash,
o deus sol dos sumérios. Quando Sansão tem seus cabelos cortados por uma
mulher e perde a sua força descomunal, observa-se a simbologia do sol presente
na narrativa porque sua cabeleira representa o poder irradiador dos raios de
sol.
Outro exemplo mencionado diz respeito ao maior profeta e libertador do
povo de Israel, Moshé Rabenu ou Moisés, autor dos cinco primeiros livros
(Pentateuco) da Bíblia hebraica (Torá) que contêm os fundamentos legais,
morais e éticos do judaísmo. Gardiner e Osborn escrevem que em Êxodo 34, a
citação é de que Moisés desceu do Monte Sinai com seu rosto “emitindo raios
luminosos”. Os autores ressaltam que o profeta cresceu no palácio do faraó
como um príncipe egípcio e provavelmente foi iniciado na tradição, simbologia
e astrologia egípcias do culto ao sol, às estrelas e aos padrões cíclicos da
natureza. Entretanto, em Devarim (Palavras), também chamado de Deuteronômio, o
quinto livro de Moisés, é feita uma advertência para que os hebreus não se
envolvam com esses cultos: “Levantando teus olhos ao céu e vendo o sol, a lua,
as estrelas e todo o exército do céu, não te deixes seduzir para adorá-los e
servi-los! (4:19).
Adiantando-se no tempo, os autores chegam até os
essênios, uma seita judaica que existiu nos últimos séculos antes da Era
Comum, cujos integrantes viviam em Qumrã, no deserto da Judeia, perto do Mar
Morto. De acordo com os documentos escondidos em cavernas e descobertos a
partir de 1947 (Manuscritos do Mar Morto), essa comunidade se autodenominava
“Filhos da Luz” e o “governador” era chamado de “coroa”, uma alusão à sua
condição de “ser iluminado”. Os pesquisadores acentuam que a superação da
morte também tinha no sol a sua inspiração. “Os movimentos do sol produziram
lendas sobre o lugar para onde o deus sol vai e por que volta e serviram para
encobrir ideias sobre como nós mesmos poderíamos, supostamente, reencarnar ou
receber uma nova vida.”
O despertar do eu interior
Para a dupla de
ingleses, esse sistema de crenças que abrange as antigas ideias da árvore do
mundo (a Árvore da Vida, na Cabalá), a reencarnação, o renascimento, o culto
do céu - com tudo o que o envolve como o sol, a lua, as estrelas e os astros -
, com nomes que de alguma forma significam “brilhar” ou “ser brilhante”,
também migrou para a Europa, talvez levado pelas tribos do norte de Israel
deportadas pelos assírios, no início do primeiro milênio antes da Era Comum
(as chamadas tribos perdidas). Pela tradição, os sacerdotes da Europa
celta (formada por diversas etnias que povoaram o oeste do continente a partir
do segundo milênio antes da Era Comum) eram chamados druidas, significando “o
saber do carvalho”. Eles praticavam a adivinhação, a astrologia e o culto à
árvore. Em suas narrativas é creditado a Hu Gadarn Hyscion (filho de Isaac),
um hebreu egípcio, a fundação do terceiro templo no círculo de pedras gigantes
de Stonehenge.
Mais evidências
No livro “As Digitais dos Deuses”
(Fingerprints of the Gods, publicado em 1995), o jornalista e pesquisador
nascido na Escócia, Graham Hancock, igualmente defende a tese da existência de
uma civilização adiantada, anterior a pré-história convencional da humanidade.
Ele se utiliza de um documento datado de 1513 - o mapa-múndi Piri Reis –
desenhado pelo almirante do mesmo nome, em Constantinopla. O mapa mostra a
costa ocidental da África, a costa oriental da América do Sul e, algo
impensável, a costa norte da Antártida, esta última região desconhecida até
1818, mas mostrada no mapa 300 anos antes de ser encontrada.
Outro mistério
diz respeito à indicação de ausência de gelo em parte do território antártico
conhecido como a Terra da Rainha Maud (área da Antártida oriental reclamada
pela Noruega), uma prova geológica que confirma que o mapa se baseou em um
documento original de pelo menos 4 mil anos antes da Era Comum quando a costa
estava livre de gelo. “Em outras palavras, o verdadeiro enigma desse mapa de
1513 não está tanto no fato de ter incluído um continente que só foi
descoberto em 1818, mas em mostrar parte da linha costeira desse mesmo
continente em condições de ausência de gelo que terminaram há 6 mil anos e que
desde então não se repetiram”, enfatiza Hancock. Ele conta que o almirante
deixou uma série de notas escritas no mapa, admitindo que seu papel foi de
compilar e copiar desenhos de cartógrafos que retroagiam a épocas anteriores à
pré-história.
Ainda acerca do mapa de Piri Reis, o escritor e professor
universitário norte-americano graduado em Harvard, Charles Hapgood
(1904-1982), especializado em antropologia e história da ciência, argumentava
que alguns mapas básicos antigos usados pelo almirante seriam fundamentados em
fontes de uma época ainda mais recuada da antiguidade. Empenhado na formulação
da teoria do deslocamento da crosta terrestre, considerada por Albert Einstein
“fascinante”, Hapgood dizia que a terra foi extensamente mapeada por uma
civilização até então desconhecida e ainda não descoberta, dotada de alto grau
de progresso tecnológico, que existiu há mais de 4 mil anos antes da Era
Comum. Catástrofes extinguiram civilizações
Propondo a teoria de que
o eixo de rotação da terra mudou pelo menos três vezes nos últimos 100 mil
anos, por força de deslocamentos da crosta terrestre provocados pelo degelo
das calotas polares, Hapgood considerava que tais rupturas globais podem ter
dado origem a cataclismos e provocado a extinção de civilizações desconhecidas
e avançadas como a da Antártida, destruída por uma mudança catastrófica. Para
validar a tese, estudo das carcaças de mamutes congelados encontrados na
Sibéria mostrou que esses animais extintos há 10 mil anos tinham em suas bocas
um tipo de capim proveniente de climas quentes, apesar de tais animais terem
sido descobertos em terras geladas. Seguindo a mesma linha de
investigação, pesquisadores da Universidade de Glasgow, no Reino Unido,
revelaram a presença de palmeiras no território da atual Antártida,
descobertas através de perfurações no gelo que trouxeram à tona o pólen de
palmeiras e de outras árvores de climas quentes como os baobás oriundos das
estepes africanas. Segundo os estudiosos, há 53 milhões de anos o clima desse
continente era semelhante ao sul do Brasil, com invernos em torno de 10ºC e
verões com temperatura de 25º C. Desde 1953, o professor Hapgood já sustentava
que grandes regiões da Antártida permaneceram livres do gelo até 4 mil anos
antes da Era Comum, lembrando porém, que pelo consenso acadêmico, as primeiras
civilizações se desenvolveram no crescente fértil do Oriente Médio por volta
de 3 mil anos antes da Era Comum.
A partir dessa perspectiva, o estudioso
observa que alguns dos mitos mais impressionantes e duradouros que a
humanidade herdou dos tempos antigos dizem respeito a uma pavorosa catástrofe
global. "De onde vêm esses mitos?", pergunta Hancock. "Por que os temas são
parecidos, embora procedam de culturas diferentes? E se são realmente
memórias, por que não existem registros históricos das catástrofes históricas
que parecem aludir?" São indagações que se inserem nas narrativas do
dilúvio bíblico e que também são encontradas na tradição de outros povos, como
no livro sagrado dos maias (Popol Vuh). “Em todo o mundo são conhecidas mais
de 500 lendas que falam do dilúvio" prossegue Hancock, "e em uma pesquisa
sobre 86 delas em continentes diferentes, um pesquisador especializado, Dr.
Richard Andree, concluiu que 62 eram inteiramente independentes da versão
hebraica.”
Pistas falsas
Já o historiador e arqueólogo francês Robert
Charroux (1909-1978) vai mais longe nas suas considerações sobre essas
civilizações desconhecidas, afirmando que antepassados superiores construíram
naves siderais, viajaram no cosmos e conheceram a energia atômica. Em seu
livro “A história desconhecida dos homens desde há cem mil anos” (1963), o
autor defende que os poucos sobreviventes dessa humanidade superior “legaram
aos seus descendentes uma grandiosa mensagem”, advertindo-os, todavia, das
consequências das suas próprias descobertas. Dessa forma, no decorrer dos
séculos, afirma o francês, “centros de contraverdade têm ocultado este
conhecimento, embora esse conhecimento seja mantido por sociedades de
iniciados.”
Para Gardiner e Osborn existe uma espécie de “sacerdócio
secreto” advindo dessa civilização desconhecida que desenvolveu um método de
grande eficácia para chegar ao êxtase espiritual. Herdeiro e guardião do
conhecimento da “iluminação interior” e das correntes místicas, esse priorado
revela vestígios semelhantes nas grandes religiões e nas várias doutrinas
esotéricas. “Platão foi um iniciado nesses mistérios. Ele diz que foi posto
numa pirâmide durante três dias, morreu simbolicamente, renasceu e então
conheceu os segredos dos mistérios”, escrevem os autores de “O Priorado
Secreto”.
O esplendor da Cabalá
É interessante observar que a obra
central da corrente mística do judaísmo, a Cabalá (‘tradição’, em hebraico),
se denomina Sefer HaZohar ou o “Livro do Esplendor”, uma referência à luz e à
iluminação. Atribuído ao rabi Shimón Bar Yochai (Rashbi), que viveu no século
2 da Era Comum, o Zohar também é chamado de “Chochmat ha-Emet” (a sabedoria da
verdade). Até ser verbalizado, esse conhecimento advindo da Torá era
transmitido oralmente pelos primeiros cabalistas denominados “nistarim” (os
ocultos). O rabino Chaim David Zukerwar (1956-2009), em seu livro “As 3
dimensões da Cabalá: Essência, Infinito e Alma”, escreve: “A fonte da Luz é a
causa e origem de toda a criação. Por essa razão a denominação empregada pela
Cabalá para designar a energia de vidas é Or – luz, em hebraico.”
Paradoxalmente, os sábios também afirmam que a luz que foi feita no primeiro
dia da Criação ( E D’us disse “Que haja luz, e houve luz”) foi “oculta aos
justos no mundo vindouro”. A explicação dada pelo Zohar indica que as palavras
hebraicas “Or” (luz) e “Raz” (segredo) são numericamente equivalentes, isto é,
que estão relacionadas uma com a outra. O significado seria que a luz original
do início dos tempos só retornará em seu igual esplendor com a evolução
espiritual e o compromisso do homem com o bem, em um tempo porvir.
A bênção
do sol
Das muitas tradições judaicas, a bênção do sol, praticada ao
longo das gerações, apresenta uma característica única: o seu ritual somente
se dá a cada 28 anos, quando o sol, de acordo com os sábios, retorna à posição
exata onde estava no momento da criação. Diz o Bereshit: “E fez D’us os dois
luzeiros grandes: o luzeiro maior para governar o dia; e o luzeiro menor para
governar a noite... E foi noite e foi manhã, dia quarto.” Para celebrar esse
mandamento (mitzvá), as pessoas se reúnem ao ar livre e é recitada uma benção
especial – Bircat Hachamá (benção do sol) - precedida e seguida de salmos e
preces. Sempre ocorrendo em uma manhã de quarta-feira (o dia da semana no
qual D’us colocou em órbita o sol, a lua e todos os corpos celestes ), o
último encontro se deu em 8 de abril de 2009 (ano judaico de 5769), quando
mais uma vez foi recitada a prece que lembra os milagres divinos: “Bendito és
Tu, Senhor nosso D’us, que reencena as obras da Criação.” (Baruch Ata Adonai,
Eloheinu Melech HaOlam, Ossê Maassê Bereshit).
Mas, apesar das explicações
rabínicas sobre a benção do Sol – que tem o intuito de louvar a Criação Divina
-, pesquisadores como Gardiner e Osborn insistem em enxergar vestígios desse
ritual ancorados a uma tradição desconhecida anterior a dos hebreus. O
arqueólogo e historiador Zecharia Sitchin (1920-2010), estudioso dos idiomas
antigos orientais, expõe em seu livro “O código cósmico” (2003), a
familiaridade dos antigos hebreus com as constelações do zodíaco, iniciada com
Terach, pai de Abrãao (Avraham) em Ur, na Suméria (atual Iraque). Ele faz uma
correspondência entre os 12 signos zodiacais com os 12 filhos de Ismael (“Dele
nascerão dozes chefes; E sua nação será grande” - Gênesis 17:20), os 12 filhos
de Jacob (“E o número dos filhos de Jacob foram doze” – Gênesis 35), e as 12
tribos que povoaram a Terra Prometida, após o Êxodo, uma constância que, em
sua opinião, “preserva a exigência-santidade do Doze celeste”.
Sitchin, que
viveu em Israel e nos Estados Unidos, revela que a expressão hebraica
“mazal-tov”, pronunciada nas festividades e entendida pela maioria como “boa
sorte”, significa literalmente “uma boa e favorável constelação zodiacal”.
Segundo o arqueólogo o termo deriva do acadiano (a mãe das línguas semitas),
em que manzalu significa “estação” – a estação zodiacal na qual o sol
“estacionava” no dia do casamento ou nascimento. Ele também assegura que a
monumental e enigmática estrutura de círculos de pedra na planície das colinas
de Golã, o Gilgal Refaim, foi um observatório astronômico construído por uma
civilização desconhecida, 7 mil anos antes da Era Comum.
Teoria que Uri
Berger, membro do Departamento de Antiguidades de Israel, afirma ser plausível
ao observar que já foi identificado que nos dias mais curtos e mais longos do
ano (solstícios de junho e dezembro) o nascer do sol se alinha com a abertura
das rochas basálticas do monumento. Histórico de Golã
A ligação do povo
hebreu às Colinas de Golã remonta a tempos bíblicos e conta a tradição que na
região do Monte Hermon D’us prometeu a Abraão que daria a terra a seus
descendentes. Ao longo do tempo muitos povos viveram no local, centro de
inúmeras disputas e guerras. De volta do exílio da Babilônia, no século 5
antes da Era Comum, os judeus povoaram a região até a primeira Revolta Judaica
contra o Império Romano, entre 66 e 73 antes da Era Comum, quando suas vilas
são destruídas. A partir de 391 da Era Comum, Golã fica sob o domínio do
império bizantino. Do século XV até o fim da 1ª Grande Guerra, é a vez dos
turcos otomanos, e entre 1924 e 1944 a França assume o mandato na região.
Depois do fim da da2ª Grande Guerra, por um acordo entre França e Inglaterra,
o território fica com a Síria. Em 1967, após a Guerra dos Seis Dias, Israel
volta a ter a posse de Golã.
Sheila Sacks é
jornalista e trabalha em Assessoria de Imprensa na cidade do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, RJ
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