Em 30 anos, a turma de mais de 65 anos vai ter mais gente do
que a da faixa das crianças menores de 5 anos. Será um acontecimento histórico
que vai gerar a maior transformação social, política e econômica da
humanidade, avaliam analistas econômicos. Hoje, nos Estados Unidos a chamada
indústria da longevidade já movimenta 7,1 trilhões de dólares (29 trilhões de
reais), mais que muitos países. Se fosse uma nação, seria a terceira mais rica
do planeta. Em 2020, a previsão é que a faixa dos idosos terá nos bolsos 60
trilhões de reais para gastar e que em 2050 o mundo seja habitado por2 bilhões
de pessoas da chamada terceira idade, de um total de 10 bilhões.
As
projeções estão no artigo “Os desafios mais rentáveis da humanidade” do
jornalista espanhol, Miguel Ângel García Vega, colunista do jornal “El País”.
Ele destaca que “o envelhecimento da população do planeta é o prelúdio de
todas as grandes transformações que viveremos”. As consequências pouco
agradáveis que irão advir dessa inversão demográfica englobam basicamente as
maiores chances de as pessoas adoecerem. Em contrapartida, as indústrias
farmacêuticas irão prosperar ainda mais. Atualmente os remédios para o
tratamento do câncer representam 10% do mercado dos fármacos, com a doença
atingindo 25% das pessoas dessa faixa etária. A cada ano, cerca de 8,2 milhões
de pessoas morrem desse mal.
A demência, com destaque para o mal de
Alzheimer, é mais uma doença associada ao envelhecimento, responsável por 7,7
milhões de casos diagnosticados anualmente. Em 2050, há previsão que esse
número triplique e a sua cura está sendo considerada uma das prioridades da
indústria farmacêutica.
Outra doença que irá demandar atenção e
recursos da área da Saúde Governamental é a obesidade que triplicou desde 1980
e já apresenta características de epidemia global. Existem 671 milhões de
obesos no planeta e perto de 2,1 bilhões de pessoas com sobrepeso. Com esses
números, além da expansão da indústria de remédios, empresas dos setores de
alimentação e dietas, roupas esportivas e até companhias aéreas têm se
beneficiado dessa situação, com poltronas especiais para obesos a preços mais
caros.
A terceira idade e a urbanização
O envelhecimento
também irá acelerar a urbanização das grandes cidades porque as pessoas vão
querer morar mais próximas. Segundo o futurólogo americano Alex Steffen,
citado no artigo, 9% da população da terra se concentrará em 41 megacidades
até 2030. “Hoje há menos da metade dos edifícios que existirão em 2050“,
afirma. O efeito imediato será o aumento do valor das moradias, o que já
ocorre em cidades como Londres, cujo preço das residências subiu 35% desde
2008.
Outro fato a considerar é que com a longevidade e a maior
expectativa de vida crescerão o número de aposentados pressionando o aumento
da dívida pública nas economias avançadas que terão de cortar nos benefícios e
na saúde para controlar o déficit. Uma oportunidade de negócios para as
empresas privadas de saúde e de aposentadorias, considerando que em 2030, a
previsão é que 2 bilhões de seres humanos, metade deles na Índia, farão parte
de uma nova classe média com renda per capita entre 10 e 100 dólares.
Esse aumento de renda também irá empurrar o mundo para a produção de mais
alimentos, ainda que as terras potencialmente cultiváveis estejam
dimensionadas em apenas 1,4 bilhão de hectares( cada vez mais concentradas nas
mãos de grandes empresas, principalmente na África e na América Latina) e a
atividade da agricultura consuma 70% da água utilizada em todo o mundo.
Mas, mesmo em um mundo habitado por um maior percentual de gente idosa, a
tecnologia irá seguindo em sua caminhada de desenvolvimento (plataformas
digitais, impressora 3D, robótica, inteligência artificial etc),afetando de
maneira mais intensa todos os negócios e as relações humanas. O combate aos
crimes digitais e os investimentos em cibersegurança, atualmente estimados
entre 375 e 575 bilhões de dólares anuais, serão intensificados. Em relação a
empregos “manuais”, analistas do Bank of America Merrill Lynch estimam que, em
2025, 45% das etapas de fabricação industrial serão realizadas por robôs. Um
cenário que se avizinha desafiador, levando em conta que hoje esse número
corresponde a 10%.
O texto completo está no link:
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/22/economia/1453454555_871725.html
(15 de janeiro, 2016)
CooJornal nº 976
Sheila Sacks é
jornalista e trabalha em Assessoria de Imprensa na cidade do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, RJ
http://sheilasacks.blogspot.com
Direitos Reservados. É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação,
eletrônico ou impresso, sem autorização do autor.