Mais de 30 milhões de pessoas
já falecidas continuam “vivas” no Facebook mostrando que a imortalidade é
possível na internet
Lançado em 2004, o Facebook congrega mais de
30 milhões de usuários falecidos que permanecem na rede social numa
demonstração inequívoca de que existe vida após a morte nessa segunda
década do século 21, pelo menos no espaço virtual. Com tantas almas
vagando pelas redes, o equivalente à população de uma Xangai e meia, não
será motivo de surpresa se os vivos do Face possam receber curtidas e
eventualmente pedidos de amizade de pessoas que jamais irão conhecer
pessoalmente caso a curiosidade e a simpatia de um sorriso os encantem.
No artigo “Vida virtual após a morte”, o doutor em genética e biologia
molecular Javier Sampedro, que escreve regularmente para o jornal El País,
acredita que a permanência desses avatares nas redes funciona como uma
espécie de homenagem e consolo para amigos e familiares. A transcendência
da imagem do morto que ganha um corpo virtual seria uma maneira de mostrar
deferência ao falecido e segundo o autor “essa é a maneira de morrer nesta
aurora do terceiro milênio, e faltar com ela começa a parecer tanta
desconsideração quanto usar gravata vermelha em velório.”
A
tendência, porém, não impede que sites como o Postumer.com ofereçam seus
serviços para apagar a passagem do morto pelo mundo virtual, incluindo
seus blogs, websites e contas de e-mails. Outros, por outro lado, se
dedicam a compilar a história do finado como o Grupo Mémora. O pesquisador
espanhol lembra que o legado digital não para de crescer e que mensalmente
são publicados 55 milhões de fotos no Flickr – o site de hospedagem de
fotos gratuitas - e centenas de milhares de vídeos diários no Youtube.
Para esses números também concorre a mania dos selfies em cerimônias
fúnebres. Pesquisa da funerária britânica “Perfect Choice Funerals” indica
que um terço das pessoas que participam de enterros tira selfies no
cemitério e muitas delas postam, de imediato, no Instagram.
Mas,
de certo modo, a possibilidade metafórica de um morto continuar vivo nas
páginas do Facebook expõe nossa dualidade de lidar com a morte. “Todos
entendemos perfeitamente a morte, desde que seja a morte dos outros”,
escreve Sampedro. “Viver tranquilamente até que ela (a morte) chegue não é
senão uma consequência de como é difícil entender a ideia de não ser”,
explica.
Autor do livro "Deconstruyendo a Darwin" (2013), Javier
Sampedro é conclusivo acerca do anseio humano à imortalidade. Para o
cientista, “a morte é algo tão concreto quanto a própria vida que é feita
de coisas que se deterioram, se degeneram e se desintegram”.
O
texto integral está disponível no link:
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/30/tecnologia/1446237696_750231.html
(1º de janeiro, 2016)
CooJornal nº 968
Sheila Sacks é
jornalista e trabalha em Assessoria de Imprensa na cidade do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, RJ
http://sheilasacks.blogspot.com
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