01/02/2013
Ano 16 - Número 825
ARQUIVO
SHEILA SACKS
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Sheila Sacks
HOLOCAUSTO
NUCLEAR MAIS PERTO
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“Evitar o Irã nuclear é o primeiro desafio”
(Benjamin Netanyahu,
primeiro-ministro de Israel)
“O programa de bomba nuclear do Irã está completo” (Reza Kahlili, ex-espião da
CIA no Irã)
Ainda que o aquecimento global e suas consequências catastróficas como as
enchentes, os deslizamentos, terremotos, maremotos, ciclones, furacões, secas
extremas etc ameacem o nosso planeta, o fato concreto, urgente e inconteste em
termos de aniquilamento da raça humana permanece sendo a ameaça nuclear que,
fatidicamente, não reina sozinha nessa segunda década do século 21.
A proliferação das armas químicas e biológicas é hoje uma realidade
inquestionável e em razão desse ambiente inseguro para a humanidade o ponteiro
do Relógio do Juízo Final (Doomsday Clock), instituído como um alerta
simbólico pelo BAS (Bulletin of Atomic Scientists), foi adiantado em 2012 em
mais um minuto.
Experiências nucleares assustam
Estamos, pois, a cinco minutos da meia-noite, horário que marca a destruição
nuclear ou o fim da vida como a conhecemos. Criado em 1949 por físicos do
“Projeto Manhattan” que desenvolveram a bomba atômica para os EUA (muitos
deles ganhadores de prêmio Nobel), o relógio do fim do mundo já posicionou o
ponteiro a 2 minutos da meia-noite, em 1953, ano em que os soviéticos
realizaram a sua primeira experiência com a bomba de hidrogênio. Meses antes,
os Estados Unidos já haviam testado nas Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico, o
seu dispositivo termonuclear.
Na dança dos números, calcula-se que atualmente os EUA e Rússia possuem mais
de 26 mil armas nucleares prontas para serem lançadas, apesar de em 2010 o
Pentágono ter anunciado que havia reduzido em mais de 80% o seu arsenal
atômico desde os tempos da Guerra Fria, em função de acordos de desarmamento e
de negociações do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Com 5.113 ogivas
prontas para serem usadas, os EUA admitem que ainda há milhares de ogivas que
foram “aposentadas” mas ainda não foram desmontadas. Dono do maior arsenal
militar do planeta, os EUA prometem reduzir em 5 bilhões de dólares o seu
orçamento militar de 2013, que mobiliza cerca de 525 bilhões de dólares.
Quanto à Rússia, a estimativa é que Moscou possui 4.237 ogivas estratégicas
para ataques a longa distância. Mas, o número total do arsenal russo estaria
entre 15 mil a 17 mil ogivas.
No tocante às ambições nucleares do Irã e da Coreia do Norte (fatores que em
2007 movimentaram o Relógio do Juízo Final para mais perto da meia-noite e que
em 2012 voltaram a ser motivo de preocupação), cientistas do BAS emitiram
comunicado alertando para a situação de risco da humanidade. Isso devido ao
contínuo desenvolvimento das armas nucleares e as atuais dificuldades de
concluir acordos no sentido de cessar a sua produção. Segundo o Conselho de
Segurança do BAS existem hoje 19.500 armas nucleares ativas, o suficiente para
destruir a Terra várias vezes.
Comércio de armas aumenta
Em paralelo, estudo elaborado em 2012 pelo Instituto de Pesquisas para a Paz
de Estocolmo (Sipri) detectou que o comércio de armas convencionais não
estacionou nem diminuiu. Entre 2007 e 2011 houve um aumento de 24% na
comercialização dessas peças, principalmente por conta da militarização de
países asiáticos como a Índia (a maior importadora de armas), Coreia do Sul,
Paquistão, China e Singapura. Os maiores vendedores de armas continuavam sendo
os EUA e a Rússia, mobilizando mais de 50% do mercado: o primeiro com 30% das
vendas a 75 países e os russos com uma fatia de 23%.
O instituto sueco afirmou ainda que as duas potências prosseguiam no trabalho
de modernização de seu sistema de armas nucleares e que o gasto total no setor
militar em 2011 havia atingido 1,74 trilhão de dólares. Oito países (EUA,
Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão e Israel) concentravam
4.400 armas nucleares operacionais, com 2 mil aptas para serem usadas em
combate a qualquer momento (“Estudo aponta modernização do arsenal nuclear no
mundo” – Deutsche Welle, em 6 de junho de 2012).
Rússia investe em armas nucleares
Esses constantes avisos, porém, não impedem que nações reservem mais recursos
para as áreas militares. O presidente da comissão de Defesa do Parlamento
russo, Vladimir Komoedov, anunciou que entre 2013 e 2015 serão investidos
101,15 bilhões de rublos (cerca de 3,2 bilhões de dólares) para reforçar o
arsenal nuclear do país, o triplo do que foi gasto em 2012. E para 2015 a
previsão dos gastos militares chegará aos 3 trilhões de rublos (cerca de 96
bilhões de dólares), grande parte destinada à Força de Mísseis Estratégicos (FME).
Exemplo dessa diretriz é a entrada em atividade nos primeiros dias de 2013 do
mais moderno submarino nuclear russo já construído, com capacidade para
transportar 16 mísseis balísticos intercontinentais de alcance de mais de 8
mil quilômetros.
A historiadora e dissidente russa Marina Kalashnikova acusa o governo de
Moscou de ter ficado de fora de quase todas as convenções internacionais que
restringem a expansão de seu poderio militar. “A ideia da OTAN (Organização do
Tratado do Atlântico Norte que reúne 28 países) de intimidação pela posse de
armamento nuclear não significa absolutamente nada para os generais russos",
escreve Kalashnikova. "Ao contrário dos seus homólogos ocidentais, eles não
têm medo das grandes perdas militares e civis. Isso já era verdade na época de
Stalin. Perdas não afetam a popularidade dos governantes do Kremlin..." E
alerta: “O equilíbrio estratégico não funciona e nunca funcionou. Os militares
russos de hoje não são mais fracos do que os da URSS e em algumas áreas
ultrapassam os militares soviéticos”.
A historiadora também denuncia o Kremlin por ativar uma rede de extremistas do
Terceiro Mundo; formar alianças com forças e regimes ditatoriais para expandir
sua influência; e de estar por trás do ataque de 11/9, ao citar a frase de um
funcionário da OTAN sobre o papel da al-Qaeda e Bin Laden na ação terrorista:
“Isso (o ataque de 11/9) está além de suas capacidades intelectuais”.
A dissidente que teve sua casa em Moscou arrombada, documentos roubados e
permaneceu detida numa clínica psiquiátrica por 35 dias, mudou-se para Berlim
com o marido Viktor, um ex- oficial da KGB (agência de inteligência
soviética), em setembro de 2010, e três meses depois ambos foram internados em
um hospital com suspeita de envenenamento. Exames confirmaram que os dois
tinham uma concentração de mercúrio no sangue 25 vezes acima do normal (“Um
alerta de Marina Kalashnikova”, por Jeffrey Nyquist, em 2 de março de 2010).
Estudioso de geopolítica e escritor político, o norte-americano Jeffrey
Nyquist já havia afirmado, no final da década de 1990, que “altas lideranças
da al-Qaeda são, na verdade, agentes russos”. Formado em sociologia política
pela Universidade da Califórnia, Nyquist foi colunista do site de notícias
WorldNetDaily (WND), um dos mais acessados em todo mundo e publicou a obra “As
Origens da Quarta Guerra Mundial”. Ele defende uma posição mais agressiva dos
EUA em relação à Rússia e enumera os motivos: a potência do Leste vem
sucessivamente aumentando o seu arsenal nuclear; dá apoio e contribuição
tecnológica aos sistemas de mísseis chineses; e está aliada à China no
patrocínio de países de regimes repressivos (Coreia do Norte, Irã, Síria, Cuba
e Venezuela, entre outros).
Considerado ultradireitista em suas opiniões, Nyquist critica a discreta
repercussão na imprensa de denúncias de dissidentes, muitos deles eliminados
pouco tempo depois de se manifestarem. E cita a frase de um agente aposentado
da KGB: “Ninguém é mais fácil de comprar do que um jornalista ocidental.”
Apoio nuclear ao Irã
Simultaneamente à evolução e expansão de tecnologia nuclear para uso próprio,
a Rússia vem mantendo convênios de cooperação nesta área com o Irã desde 1995.
Em 2010, a primeira usina nuclear iraniana iniciou as suas operações com
combustível fornecido pela Rússia. Localizada no sul do país, a usina nuclear
de Bushehr foi concluída pelos russos e nesse início de 2013 ligada à rede de
energia nacional, operando em plena capacidade.
Apesar de o governo do Irã negar que faça uso da energia nuclear para
construção de bombas, relatório divulgado pelo “Institute for Science and
International Security” (ISIS), de Washington, em meados de 2012, afirma que o
Irã está mais perto de obter a quantidade de urânio indispensável para montar
uma arma nuclear. O estudo indica que a usina de enriquecimento de urânio de
Natanz, com 10 mil centrífugas, levará de dois a quatro meses para acumular 25
Kg de urânio enriquecido a 90% necessários para fabricar uma bomba nuclear.
Para o presidente do ISIS e um dos autores do relatório, David Albright, de
posse do material Teerã disporia de um artefato nuclear no prazo de oito a dez
meses.
Mas tem gente que já descartou esse prazo. Em artigo veiculado no site de
notícias WND, um ex-agente da CIA (Central Intelligence Agency) que atuou
infiltrado na Guarda Revolucionária do Irã, de pseudônimo Reza Kahlili, afirma
que o programa iraniano de construção de uma bomba nuclear está completo.
Segundo Kahlili, sua fonte tem acesso ao programa nuclear iraniano e confirmou
que o Irã finalizou com sucesso uma bomba nuclear com a ajuda da Rússia e da
Coreia do Norte, em uma das instalações desconhecidas pelos inspetores da AIEA,
na cidade de Khondab. O local fica no interior de uma montanha, com
centrífugas e laboratórios, e é imune a ataques aéreos. Há 60 especialistas
trabalhando sob a supervisão de quatro cientistas russos e três
norte-coreanos. Armas biológicas também estão sendo desenvolvidas pelos
iranianos (“Iran's nuclear bomb program complete”, em 7 de janeiro de 2013).
Reza Kahlili nasceu em Teerã, foi agente da CIA nas décadas de 1980 e 1990,
escreveu o livro de memórias “A Time to Betray” (Tempo de Trair), publicado em
2010, e vive escondido em algum lugar da Califórnia.
Armas nucleares nas mãos de terroristas
A suspeita de que a al-Qaeda possa ter armas nucleares não é recente. Em 1999,
o cientista político Yossef Bodansky, ex-diretor do Centro contra terrorismo
do congresso dos EUA e autor de vários livros sobre o tema, afirmou que sim.
Seu colega Paul L. Williams, ex-consultor do FBI sobre crime organizado e
terrorismo, autor do livro “Al Qaeda Connection” também acha possível. Ambos
os especialistas sugerem que a rede terrorista adquiriu armas nucleares de
fabricação soviética dos chechenos. “Em 1995”, conta Williams, “os chechenos
plantaram uma bomba radiológica no Izmailovsky Park, perto de Moscou. A bomba
foi feita de césio-137 e, se tivesse sido detonada, poderia ter matado
milhares de russos. Este incidente representa o primeiro caso de uma bomba
nuclear a ser implantada como uma arma de terror”, afirma. William ainda
relata que depois da guerra as armas foram vendidas a al-Qaeda e e agentes
britânicos infiltrados em campos de treinamento da organização no Afeganistão,
em 2000, viram armas nucleares sendo fabricadas.
O que vai ao encontro das afirmações do então braço direito de Osama Bin Laden
e atual chefe da organização, Ayman al-Zawahiri, semanas depois do atentado de
11/9. Em entrevista ao jornalista paquistanês Hamid Mir, ele teria dito:
”Senhor Mir, se você tem 30 milhões de dólares, vá o senhor ao mercado negro
da Ásia Central, ponha-se em contato com um cientista soviético descontente e
lhe asseguro que ele lhe dará dezenas de valises de bombas inteligentes.” A
revelação foi feita pelo jornalista em um programa da TV australiana, em 2004.
Segundo Mir, que foi o único repórter a entrevistar os terroristas após o
ataque aos EUA, Zawahiri ainda explicou: “Eles entraram em contato conosco.
Nós enviamos nosso pessoal para Moscou, Tashkent (capital do Uzbequistão) e
outros países asiáticos. Nosso pessoal negociou e comprou algumas bombas
pequenas.”
Cinco anos depois, Mir voltou ao tema e falou para o site de notícias WND
sobre o seu encontro, dias antes, com um engenheiro egípcio que tinha perdido
um olho depois de participar de um teste nuclear da Al-Qaeda, na província de
Kunar, no Paquistão (“ ‘American Hisoshima’ linked with Iran Attack”, em
28.04.2006). O jornalista contou que ficou perturbado e deprimido com o
encontro porque o engenheiro teria dito que o pesadelo nuclear estava chegando
à América. “O American Hiroshima, nome que os líderes da al-Qaeda escolheram
para o plano de ataque aos EUA, irá acontecer em breve, tão logo que os
norte-americanos lancem um ataque às instalações nucleares do Irã”, falou Mir.
Trabalhando como âncora do canal de notícias Geo News, na capital
paquistanesa, Hamid Mir escapou de um atentado terrorista em novembro do ano
passado, quando uma bomba foi deixada em seu carro, embaixo do assento.
Chefe da al-Qaeda recebeu treinamento na Rússia
Reforçando a ideia de ligação da al-Qaeda com o regime russo, um
ex-tenente-coronel da FSB (a agência de informações que substituiu a KGB),
Alexander Litvinkenko, declarou publicamente que o médico egípcio Ayman
al-Zawahiri, chefe da al–Qaeda e o primeiro da lista do FBI (Federal Bureau of
Investigation) de terroristas procurados, foi treinado pela FSB na Rússia.
Autor do livro “Explodindo a Rússia: Terror Doméstico” que acusa agentes russos
por atos de terrorismo em Moscou e de culparem indevidamente os chechenos, Litvinkenko desertou e pediu asilo político na Inglaterra, em 2000. Seis anos
depois, aos 41 anos, ele morreu misteriosamente, provavelmente envenenado,
depois de tomar chá com três compatriotas em um hotel de Londres. O governo
russo negou qualquer envolvimento, mas segundo Jeffrey Nyquist “privadamente,
autoridades britânicas admitiram ter sido o Kremlin que enviou os assassinos
que envenenaram Litvinenko com material radiativo polônio-210, em novembro de
2006”. O ex-militar falava abertamente que Vladimir Putin, presidente da
Rússia e ex-agente dos serviços secretos (KGB) era o terrorista mestre por
trás da al-Qaeda.
A rede terrorista é responsável pelo ataque às torres gêmeas do World Trade
Center, em Nova York, e ao prédio do Pentágono, nos arredores de Washington,
ocorridos em 11 de setembro de 2001 (11/9). Na época foram sequestrados quatro
aviões com tripulantes e passageiros para os ataques, sendo que um deles caiu
em um campo na Pensilvânia. No total foram 2.996 mortos e mais de 6 mil
feridos.
Irã envia recursos ao Hezbollah
O Irã também vem ajudando com recursos e armamentos, desde a década de 1980, a
milícia xiita libanesa Hezbollah, detentora de um longo histórico de atos
terroristas. Especialistas acreditam que Teerã envia anualmente 200 milhões de
dólares para o grupo extremista que está ligado ao regime sírio de Bashar
al-Assad. Em entrevista à rede britânica de rádio e televisão BBC, em 2009, a
professora Amal Saad-Ghorayeb, estudiosa do Hezbollah, assim definiu o grupo:
“O Hezbollah é libanês, seus membros são árabes xiitas, mas sua ideologia e
modelo seguem o Irã.”
Na mesma linha de pensamento, o professor Fares Ishtay, do departamento de
Ciência Política da Universidade do Líbano afirmou que o Hezbollah é uma
frente iraniana na região, mas que já criou estrutura própria. Fontes do
Pentágono calculam que o grupo xiita libanês tem atualmente 50 mil mísseis e
foguetes, graças ao reforço militar da Síria à organização. Na guerra civil na
Síria, o governo de Assad tem tido o apoio de mais de 5 mil militantes do
Hezbollah e teme-se que o grande arsenal de armas químicas do país possa
também ser transferido de alguma forma para esse grupo terrorista.
O Hezbollah surgiu a partir da revolução iraniana (1979), com o objetivo de
criar um governo no Líbano regido por leis islâmicas similar ao regime de
Teerã. Apoiado pelas forças iranianas, o grupo foi responsável por ataques
terroristas nas décadas de 1980 e 1990 às embaixadas norte-americanas no Irã,
no Líbano e no Kwait, com mais de 100 mortos. Também sequestrou aviões
comerciais, jornalistas e professores universitários; utilizou-se de
caminhões-bomba para destruir quartéis em Beirute, resultando em centenas de
mortos; praticou atentados em Paris, explodiu a embaixada de Israel em Buenos
Aires, em 1992 (29 mortos e 249 feridos) e a sede da associação judaica
argentina (AMIA), em 1994, matando 85 pessoas e ferindo 300.
Entre os indiciados pelos ataques apontados pela justiça da Argentina está o
atual ministro da Defesa do Irã, Ahmad Vahidi, que na época era o comandante
da Força Quds, uma divisão especial da Guarda Revolucionária do Irã cuja
missão é organizar, treinar, equipar e financiar organizações militares
islâmicas clandestinas em todo o mundo para a prática de ações terroristas.
Reação é vista como intervenção
O Ocidente vai respondendo a esses atentados violentos de forma reativa, com
os governos arregimentando suas forças policiais e militares a cada ataque
perpetrado. Os EUA, um dos alvos prioritários do terror, têm procurado se
antecipar e abortar esses atos em seu território fazendo uso de avançados
serviços de informação e de rígidas medidas de segurança. A mobilização e o
envio de tropas norte-americanas e de seus aliados europeus a países da Ásia e
África corroídos por conflitos internos de raiz religiosa geralmente cobram um
preço demasiado alto em termos de perda de vidas, gastos públicos e críticas
de intervencionismo.
Lênin, líder da revolução russa de 1917, chamava os atentados terroristas de
“propaganda armada”. De certa forma, o terrorismo vende suas ideias ou
ideologias utilizando os argumentos mais vis e imorais ao seu alcance. Seu
objetivo é introduzir o medo, a incerteza, a sensação de fragilidade e
impotência no coração dos homens, atiçando e fomentando a violência e o ódio
como fórmula escabrosa de política. “Ataques terroristas imitam os golpes
arbitrários da natureza”, compara Susan Neiman, filósofa norte-americana, ao
analisar o 11/9. “Como os terremotos, os terroristas atacam aleatoriamente:
quem sobrevive e quem morre dependem de contingências que não podem ser
merecidas ou evitadas.”
Por outro lado, a inércia e a dubiedade respaldadas por uma aparente política
estratégica tendem a se transmutarem em omissão criminosa e não podem ser
justificadas. Neiman explica que uma das principais consequências do terror é
a destruição das próprias distinções morais. As vítimas transformadas em
cúmplices, embaraçadas por sentimentos de possíveis culpas e injustiças
praticadas anteriormente que determinariam os atos de seus algozes.
Legitimando, no final das contas, ideologias fundamentalistas que instigam aos
assassinatos e às guerras. Um impasse moral que a política das nações tem se
mostrado incapaz de enfrentar nesse jogo de retranca das civilizações. O que
nos leva a crer, nesse início de 2013, que estamos sós, lamentavelmente sós. A
humanidade refém de mentiras, trapaças e ameaças, à mercê do apocalipse
nuclear.
(01 de fevereiro/2013)
CooJornal nº 825
Sheila Sacks é
jornalista e trabalha em Assessoria de Imprensa na cidade do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, RJ
ssacks@oi.com.br
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