Sheila Sacks
Cresce o radicalismo no cartoon made in Brasil
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Em
tempo de lobisomens e eminências pardas planaltinas - que fazendo uso
da excepcional visibilidade do presidente Lula no cenário mundial
engendram diabruras insensatas (Uma nova OEA sem os Estados Unidos,
Acordo Nuclear com o Irã) e lançam mão de cabriolas verbais mal
ajambradas para Lula repercutir em suas andanças pelo planeta (‘Não
devo satisfações ao EUA’) – as eleições de 2010 se mostram
fundamentais no que concerne a um possível redirecionamento de nossa
política externa.
Em
uma oportuna prévia do que será o rotineiro na era Dilma, observa-se
que uma porção influente da inteligência acoplada nos gabinetes de
Brasília ainda não superou os melindres dos embates ideológicos
ocorridos há décadas no país, permanecendo atada ao atraso doutrinário
e aos arroubos adolescentes de um Guevara e de um Fidel que já fizeram
cada um a sua parte e ponto final.
Reflexo desse conjunto de iniciativas do grupo político instalado em
áreas estratégicas do governo e que mira obsessivamente abocanhar um
assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, pouco importando
se para alcançar esse objetivo abrace países que reiteradamente
anunciam a destruição de nações constituídas, o site Brazil Cartoon
abre mais uma vez espaço para promover a arte armada contra Israel,
disponibilizando a veiculação de um catálogo de charges maniqueístas
e manipuladoras sobre a situação política no Oriente Médio.
Charges financiadas por governos autocráticos
Organizado pelo Ministério de Informação da Síria e intitulado “Gaza
em Chamas” (Gaza in fire), o álbum artificioso de cunho ideológico e
focado na demonização do estado judeu, resulta de um tipo de
estratagema espertamente utilizado pelos países muçulmanos
autocráticos (que não permitem a liberdade de expressão sob o seu
jugo), nesses tempos de hipocrisia e subversão da realidade: o da
organização de concursos e exposições internacionais de “arte
engajada”, reunindo “artistas” sensíveis à problemática mundial da
pobreza, do meio ambiente, das injustiças e de outros senões sociais.
Para isso monta-se um júri de experts de países “amigos”, tais como o
Irã, Brasil, Egito, China, Turquia e Itália, para citar alguns;
despacham-se emails para as associações de cartunistas, principalmente
para aquelas insanamente aferradas a conceitos e movimentos
terceiro-mundistas que congregam tribos inquietas e sedentas por
reconhecimento e prêmios; e grafitam-se algumas palavras de fúria, em
tinta vermelha, do tipo “all for palestine” e “NO to israeli
aggression” nos folhetos, cartazes e demais peças de propaganda. O
resultado logo aparece: 303 cartunistas de 67 países prontos para
sujeitarem a sua imaginação, talento e criatividade às amarras de um
embuste ardilosamente preparado com uma única finalidade, o de
transformar Israel em vilão do planeta.
Chargistas brasileiros e iranianos são a maioria
Aliás, em relação a esse certame ocorrido em 2009, Brasil e Irã se
destacaram pelo surpreendente número de cartunistas participantes – o
primeiro com 39 e o outro com 42 – sobrepujando a China, a países
africanos, árabes e do leste europeu, e a própria Síria, organizadora
do evento. Uma enxurrada de “artistas” brasileiros teleguiados em sua
indignação pela visão astuta e preconceituosa de uma mídia superficial
e parcial em sua condenação a priori ao estado de Israel.
Mas, se o prêmio do melhor cartoon contra Israel não coube a um
brasileiro, passou bem perto, premiando um cartunista argentino e sua
charge-clichê: um keffiyeh (lenço branco e preto usado pelos
palestinos) manchado de sangue. Percebe-se que a crescente
proliferação desses eventos que supostamente visam estimular a
criatividade e a arte são instrumentos dos mais engenhosos utilizados
pela propaganda dos países árabes no sentido de inserir talentos
dispersos e muitas vezes insatisfeitos pela limitação profissional em
seus países de origem, no insensato jogo de brutalidade e ódio a
Israel e às comunidades judaicas.
Ainda em 2009, no 17º Salão Universitário de Humor ocorrido em
Piracicaba, interior de São Paulo, a charge vencedora teve como tema o
Holocausto. No desenho muito bem elaborado, o papa está de costas e
ajoelhado em frente a um quadro-negro, sendo obrigado pela professora,
a ministra da Alemanha vestida de guarda nazista, a escrever dezenas
de vezes a frase “Holocaust is real”. A ideia por trás da charge é
abominável porque induz o espectador a acreditar que a civilização
cristã representada pelo papa está de joelhos, subjugada à pressão de
um suposto lobby judaico que na charge é comparável à coerção nazista.
Mais uma preocupação para os governos democráticos que mesmo advogando
a liberdade de expressão estão conscientes da extensão dos danos que
tais desenhos insinuantes provocam em mentes imaturas e
sugestionáveis.
(06 de março/2010)
CooJornal
no 674