16/03/2021
01/11/2023
Ano 27
Número 1.341



 


ARQUIVO
RONALDO WERNECK

 

Ronaldo Werneck




Maria Lúcia Rangel e seu belo Vinícius

Ronaldo Werneck - CooJornal


"Meu tempo é quando", disse um dia o poeta Vinicius de Moraes, a quem Carlos Drummond de Andrade teria furtado sua mais límpida elegia. E é também hoje e sempre o tempo de Vinicius: nascido em 1913, ele faria 110 anos agora, em 19 de outubro.

“Tenho uma estima por mim bastante grande, sabe. Uma estima que vem da constatação das coisas que fiz, das pessoas que eu amei, dos amigos que tive e tenho. Considero tudo conquistas consideráveis, no cômputo geral. Às vezes tenho a imodéstia de dizer a mim mesmo: ´Você vale a pena´. Isso sem nenhum sentimento de vaidade”.

É preciso coragem, mais que isso, “um abrir-se sem conta” para dar uma declaração dessas, tão sincera como a de Vinicius de Moraes à revista Ele & Ela em 1979. Declaração bem no clima da entrevista ao Pasquim, dez anos antes: “É bobagem se dizer que o intelectual, o escritor, não tem vaidade, nós somos todos uns grandessíssimos vaidosos e, na medida em que você aceita ou não a sua vaidade, você vai para a Academia (Brasileira de Letras)”.

Essas e muitas outras pedras-de-toque do poeta estão no ótimo livro que minha amiga, a jornalista cultural Maria Lucia – filha do grande pesquisador e crítico musical Lúcio Rangel – me enviou ainda no ano passado, o belo volume que lançou sobre Vinicius de Moraes (“Vinicius por Vinicius – um retrato em 150 frases”, organização de Maria Lucia Rangel, Companhia das Letras, São Paulo, 2021). Volta e meia volto a ele, que está sempre ao meu lado aqui no escritório.

Ninguém melhor que Maria Lucia para escrever sobre Vinicius: ela o conheceu desde menina, acompanhando sempre o pai em seus vários encontros com o poeta, seu grande amigo. Seu livro me emocionou muito e o recomendo de olhos fechados, pensando no Vinicius, que não tinha nada de “poetinha”: que baita bardo era/é o poeta Vinicius: “O material do poeta é a vida, e só a vida, com tudo o que ela tem de sórdido e sublime”. Ou, em entrevista para “Le Bulletin du Festival International de Cannes”, 1969: “Em primeiro lugar, sou poeta. Todas as minhas outras atividades artísticas decorrem do fato de que sou poeta antes de tudo”.

Reproduzo agora em meu blog alguns comentários que enviei para minha amiga quando da primeira leitura de seu livro, que acabei chamando de “Vinicius por Maria Lucia”. Vejam no link a seguir.
https://ronaldowerneck.blogspot.com/2023/10/vinicius-por-vinicius-carta-aberta.html?fbclid=IwAR1wCAZgTTWm2b6dpMLrGBKBfFaf-d0I6M4pbqEKEwsDCshQTBo0vEre1bY



Ronaldo Werneck,
poeta e escritor
MG

https://ronaldowerneck.blogspot.com/



Direitos Reservados
É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação eletrônico ou impresso sem autorização do autor.