16/03/2021
01/08/2023
Ano 26
Número 1.328



 


ARQUIVO
RONALDO WERNECK

 

Ronaldo Werneck




FREVO MULHER: NO RÁDIO E NA TV

Ronaldo Werneck - CooJornal

Florianópolis, 1979: férias de verão. Rumo a Blumenau para visitar meu amigo, o poeta Lindolf Bell em sua galeria Açu-Açu. Parada num bar de Itajaí pruma cerveja e refrigerante pras crianças: Ulla, com sete anos; Pablo, três. De repente, os dois começam a cantar a música “Frevo Mulher”, de Zé Ramalho, que fazia sucesso nas rádios na voz de Amelinha. O bar parou estarrecido: a letra era imensa e os dois pirralhos cantaram a música todinha em dueto, sem errar palavra. O papai aqui se emocionou e nunca mais me esqueci. Rio, novembro de 1961. “Servia nesse tempo (final dos anos 1920) o dom poético do moço Vinicius para resolver o que não lhe permitia a pecúnia, o problema doméstico dos aniversários. Era o presente que nos dava o irmão, e posso dizer que até hoje nenhum presente melhor recebi do que uns versos que me dedicou, escritos com sua letra bonita” – escrevia num depoimento Laetitia Cruz de Moraes, a irmã mais moça de Vinicius de Moraes. Rio, início de maio, 1980. Pablo faria quatro anos no dia 11 e eu, sem saber o presente que lhe daria, e também na época com “problemas de pecúnia” (e sem saber dos poemas presenteados pelo jovem Vinicius à sua irmã, cujo depoimento só leria em 1990), escrevi um longo poema para presenteá-lo no aniversário. Ali, relembrava o “Frevo Mulher” (“a folha do não me toque/ o medo da solidão”) e buscava mostrar-lhe o mundo de então (“da fábrica de teletipos/ pipocam palavras-bomba/ ou antes/ ki-crocantes”) e o que vinha pela frente (“irã/ zimbabwe/ sri lanka/ afeganistão/ fragmentos de fascismo/ e uma inesperada/ estética da recepção”). Astolfo Dutra, domingo de carnaval, 1988. Na casa de meu amigo, o saudoso ator Luiz Linhares, filmamos o poema do Pablo, com ele em cena, já “do alto” de seus quase 14 anos (link a seguir). Pablo muito tímido em cena, seguindo a marcação que havíamos feito, eu falando o poema com a voz emocionada. Nunca mais me esqueci desse momento, e vendo o vídeo me comovo ainda hoje. Na edição, coloquei uma cena antiga em Super 8 de Ulla & Pablo cantando “Frevo Mulher” trepados no portão da casa de meu pai em Cataguases. Cena muda, sonorizada depois com a voz em off de Amelinha. O poema (“no rádio na tv veja você”) está em meu site antigo (link também a seguir), com uma foto minha quando bebê, já que na época não tinha à mão foto do Pablo menino. Ilustrando este texto, aí em cima está uma foto minha montando uma moto junto com el niño Pablo, ele com cara de medo. Pudera: eu nunca dirigi moto. A foto é fake, quer dizer, eu montado na moto foi só pra foto, feita num camping de Porto Seguro, verão de 1978. É da mesma época a outra foto, onde estou abraçado com a dupla dinâmica Ulla & Pablo, clicada por Adriana Montheiro, “la mamma”, na balsa de travessa pro Arraial da Ajuda. A seguir, links para o poema e para o vídeo: vejam vocês!

Link para o poema: https://www.ronaldowerneck.com.br/antigo/noradio_natv.htm 

Link para o vídeo: https://youtu.be/mvdzXBuPJtU



Ronaldo Werneck,
poeta e escritor
MG

https://ronaldowerneck.blogspot.com/



Direitos Reservados
É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação eletrônico ou impresso sem autorização do autor.