16/03/2021
16/07/2023
Ano 25
Número 1.326



 


ARQUIVO
RONALDO WERNECK

 

Ronaldo Werneck




Deo Gracias!

Ronaldo Werneck - CooJornal


“Gratias/deo gratias/por essa rara obrigação/ de recomeço/ gracias/ deo gracias/pelo trôpego pulsar de tropeços”. Essa minha cara de desalento aí da foto tem sua razão de ser. É cansaço mesmo. Era o verão de 1996 e eu caminhava pela areia da praia todas as manhãs, Copacabana afora: do Leme ao Posto Seis e vice-versa. Acredite quem quiser. Eu mesmo tenho minhas dúvidas. Como eu conseguia? Pergunta que às vezes me faço ainda hoje, como se me esquecesse da resposta.

Três meses antes, em São Paulo, passara por uma cirurgia no coração: uma safena e uma mamária. Quando voltei pro Rio, meu cardiologista carioca disse que o “procedimento” (odeio até hoje essa palavra) fora muito bem feito, como ele me aconselhara (que fosse para São Paulo, pois lá seria melhor atendido). E perguntou: “Então, diminuiu o cigarro?”. Eu, que fumava quase quatro maços por dia, respondi que havia parado desde que ele me indicara a cirurgia.

“Mas como você conseguiu?”, perguntou de novo. E continuou: “Eu parei, mas voltei”. Respondi de bate-pronto, e literalmente: “No peito, ora como!”. E abri a camisa, mostrando no peito o “estrago” que trago até hoje da cirurgia. Trago sem tragar, claro! Mas isso faz muito tempo e as pontes resistem impávidas ainda agora.

Na época, acabou que das caminhadas areia afora surgiu um poema, “Deo gratias”, que iria “fechar” dez anos depois meu livro “Noite Americana/ Doris Day day by night”. Lançado o livro, enviei para o meu amigo, o grande e hoje saudoso escritor gaúcho Moacyr Scliar, da Academia Brasileira de Letras, que mais tarde faria o belo texto das orelhas de meu livro “Há Controvérsias 1”.

Qual não foi minha surpresa quando dias depois Moacyr me enviou um mais que atencioso email, referindo-se especificamente ao poema “Deo gratias”: “Ronaldo: obrigadíssimo pelos livros, que já comecei a ler, absolutamente maravilhado com teu talento! Para ficar apenas com um exemplo, "deo gratias", do livro “Noite Americana”, com suas "veredas de veias avariadas", é antológico! Grande abraço do fã, Moacyr Scliar (Porto Alegre, 2007)”.

Pois é, “abraço do fã Moacyr Scliar”. Imagina! “Deo gratias” é outro dos poemas que estão em meu velho site.

Vejam no link a seguir.
https://www.ronaldowerneck.com.br/antigo/deo_gratias.htm




Ronaldo Werneck,
poeta e escritor
MG

https://ronaldowerneck.blogspot.com/



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