Ronaldo Werneck
AO POETINHA, MM & ESSA PRETINHA
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Tudo começou no escurinho do
cinema. Como tinha de ser. Copacabana, 1956, Cine Roxy. Marilyn Monroe salta
da tela onde atua em “Bus Stop” e senta-se ao meu lado. Juntamos nossas mãos e
assistimos enamorados à sua própria performance em technicolor & cinemascope.
Exatamente como se antecipássemos em 30 anos o Woody Allen de ”A Rosa Púrpura
do Cairo”. Já nosso marcante reencontro aconteceu 40 anos depois, no início
deste século, Também em Copacabana, num show da cantora Andréa Dutra na
“Modern Sound”. MM estava toda-toda atrás da Andréa, num pôster na parede.
Lindíssima ela, bela-bela naquele “still” clássico de “Bus Stop” (tudo a ver:
só tinha de ser!). Eu não sabia se olhava para uma ou para outra. Acabou que
fixei meu olhar na Marilyn enquanto ouvia cantar a minha amiga Andréa, “a de
voz belíssima” (segundo meu saudoso amigo, o grande ator, e também de “voz
belíssima”, Luiz Linhares). Depois do show, o designer Marcos Caram registrou
num flagrante meu reencontro com MM. Exatamente quando Marilyn e eu batíamos
um longo e animadíssimo papo, como nos velhos tempos. Já a Pretinha, essa, eu
a conheci aqui em Cataguases. Quando dei por ela e por mim, foi paixão à
primeira vista. O poema saltou logo da parede para o papel. “La photographie
c´est la vérité”, já dizia o Godard de “Le Petit Soldat”. Nem era preciso. Taí
“O Poetinha, MM & essa Pretinha” – numa caótica montagem em fusão & confusão:
puro “cinéma vérité”. Dessas coisas que só mesmo o artista plástico – e pirex
por excelência – Henrique Frade é capaz de fazer. Olhem e vejam nossos olhares
apaixonados: o meu, o da Marilyn e o da Pretinha. Parece que o ônibus do tempo
parou: “Bus Stop” mesclado a ar refrigerado e, claro, tudo em technicolor.
Chega a dar uma certa inveja. Ou não?
Ronaldo Werneck,
poeta e escritor
MG
https://ronaldowerneck.blogspot.com/
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