Soube ainda agora da morte da atriz Monica Vitti (Roma, 03.11.1931 – Roma, 02.02.2022), um verdadeiro eclipse a apagar a grande estrela do cinema italiano. Sua morte me chega com uma estranha coincidência: ainda ontem, ao guardar uma série de dvds que o cineasta Paulo Augusto Gomes me enviara há tempos, encontro entre eles “Il Deserto Rosso”, um Antonioni de 1964, que ainda não vira. Foi quando vi pela primeira vez o filme e reencontrei uma Monica Vitti em sua plenitude, flagrada pelos belos closes da câmera de Carlo di Palma: a voz rouca e sedutora, o rosto ovalado, os cabelos alourados e sempre em desalinho, aquele olhar perdido – esse compósito da eterna musa da incomunicabilidade que sempre me fascinou.

Companheira de Antonioni de 1957 a 1967, Vitti se casou com o cineasta e diretor de fotografia Roberto Russo em 1995. Em 2011, Russo anunciou que Vitti sofria de Alzheimer havia quase 15 anos. A atriz recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira, incluindo cinco David di Donatello, maior prêmio do cinema italiano, um Leão de Ouro por sua carreira no Festival de Veneza e um Urso de Prata no Festival de Berlim.

Monica Vitti nos deixa agora aos 90 anos, no exato momento em que deixo com vocês, ainda fascinado por suas imagens no filme que vi ontem, uma antiga entrevista com a musa. É um dos capítulos de uma série de reportagens que eu e a jornalista italiana Maria Andrea Muncini fizemos com vários atores, roteiristas e diretores do cinema italiano para o jornal O Estado de São Paulo nos anos 1990. Nós trabalhávamos em dupla, da seguinte forma: primeiro fazíamos juntos uma pré-seleção das perguntas para a entrevista já agendada pela Andrea. A seguir, ela seguia para a Itália e fazia a entrevista. Na volta, eu traduzia o material apurado, copidescava e escrevia um texto de abertura.

A entrevista com Monica Vitti – publicada na capa do Segundo Caderno do Estadão, em 12 de abril de 1996 – pode ser lida no link a seguir:

Há Controvérsias: Resultados da pesquisa Monica vitti (ronaldowerneck.blogspot.com)