Ronaldo Werneck
O MORRO DESCE A ENCOSTA SOBRE A TRISTE OURO PRETO
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Há exatos treze anos
eu escrevia um poema sobre Ouro Preto, tendo como epígrafe um daqueles
alexandrinos perfeitos de Bilac: “Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros
chove”. Falava da chuva que caía incessantemente, “chove/ sobre a casa dos
contos/ sobre o ouro dos pretos/ a cântaros chove/ sobre o barro e o drama/ no
oco de seus cantos”. O poema era dedicado ao meu amigo Angelo Oswaldo,
ex-presidente do Iphan e ex-ministro interino da Cultura. Imagino agora a
tristeza do Angelo Oswaldo, atual prefeito (exercendo o quarto mandato) da
cidade, com o desabamento do Morro da Forca (fatídico nome) sobre o Solar
Baeta, um dos muitos imóveis tombados pelo Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional. “Viver é muito perigoso, já diria João Guimarães Rosa, mas em Ouro
Preto nessas épocas de chuva intensa, esse risco é maior ainda” – afirmou
ontem Angelo Oswaldo, de frente para a tragédia. Penso na tristeza do meu
amigo, um dos maiores conhecedores do barroco mineiro, que sempre lutou pela
preservação de nosso patrimônio histórico. Enquanto isso, como digo em meu
poema, “chove/ ladeira acimabaixo/ preto céu chove/ sobre a cidadouro/ em
cinza encastelada”. No link a seguir, o poema completo, premonitório, como a
cumprir seu destino treze anos depois.
https://drive.google.com/.../1bVkx2xY64Qh3rozW2Lu.../view....
Ronaldo Werneck,
poeta e escritor
MG
https://ronaldowerneck.blogspot.com/
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