Ronaldo Werneck
De soslaio, uma charada
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Enquanto, na foto, a bela Mariléa
me (nos) olha de “soslaio” (obrigado, Geraldinho Barbosa) eu vou castigando
as pretinhas aqui na redação do Cataguases (agora sem o Z da época do Roneck
e do Botão). A máquina Olivetti Linea 88 é do François, razão pela qual as
linhas estão devidamente maltraçadas. Na oficina, o Mário continua compondo
nossos textos inadimplentes, como sempre, como antigamente, comme il faut. O
grande Homero continua catando latas velhas e todos os comunistas da praça,
em cada esquina, por trás da calandra e das resmas de papel, que vão virar,
eu espero, alguma coisa parecida com jornal.
Não sei bem onde nosso
diagramador vai jogar este Bubbaloo, mas espero que cole, isto é, que o cole
junto ao Drops do meu amigo Acir Vassalo (de quem?). Olhaí, Acir: todos os
botequins de Cataguases estão indo à falência, da Jane ao Augusto, do SL ao
Taramela, do bar da Ritinha Lee, na Rodoviária, ao Bote/Quinn. Após beber
metade da água do Rio Pomba e degustar o negro licor do Meia-Pataca, o poeta
agora só vai de coca-cola, suco de laranja e gin distônico (claro, a tônica é
sem gin!).
Ontem à noite, no Taramela, altos papos sobre espiritismo, tema
onde Cataguases é imbatível. Rachel apareceu para o Zebrão, que o Geraldinho
Barbosa insiste em chamar de Baleia. Neidinha se mostra entusiasmada e diz
que falou com a Rachel há poucos dias, em sua cama (dela, Neidinha). Eu
começo a não entender mais nada. Geraldinho puxa do bolso esquerdo da calça e
de algum lugar perdido na memória uma citação das mais porretas de Santo
Agostinho, pede um café, me fila um cigarro e diz entre baforadas
inacreditáveis: “O Rosário Fusco tem aparecido constantemente lá no PLA (pode
me chamar de Paz, Luz e Amor). Está muito bem, curtindo horrores no Além.
Parou de beber em homenagem ao François. Que nem você, Ronaldo, que parou em
homenagem ao Pablo.”. Do outro canto da redação a Paulinha grita dizendo
que o texto-legenda sobre a Mariléa tá ficando muito grande, o François
reclama que eu estou muito mal-humorado, aproveita para filar um cigarro: o
francesinho anda muito nervoso, bebendo muito café. Também, pudera. Com esta
malfadada Olivetti como instrumento de trabalho não há redator que aguente.
Bem, fica assim. Termino de mastigar este Bubbaloo deixando para os meus três
leitores de cabeceira, Zebrão, François e Kimura (olhaí, bicho, tem que
estudar mais, que o teu violão ainda anda meio maroto, vê se pega uma
aulinhas com a Andréa, lá no Baixo Leblon), enfim deixando para os três & até
mesmo pra vocês, se é mesmo verdade que vocês existem e que até aqui
chegaram, uma píccola charada em homenagem ao Chiquinho, meu único leitor em
Teresópolis:
Cantor com trava na língua (duas). O filho do Couto
(três). Não é ele, mas o outro.
Quem disse Gago Coutinho se deu
mal: pode me chamar de Sacadura Cabral. – Yyyeeesssssss! O outro.
Bubbaloo 1 Jornal Cataguases/ 06.12.87
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autor: Ronaldo Werneck
Ronaldo Werneck,
poeta e escritor
MG
https://ronaldowerneck.blogspot.com/
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