Ronaldo Werneck
TEVERE-ROMA FELLINI-RIMINI
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Fellini forever, como se vê no vídeo que acabo de concluir, ainda em
homenagem ao centenário do cineasta italiano (Rimini, 20.01.1920 – Roma,
31.10.1993).
Estive novamente em Roma há dois anos e, fellinimaníaco
contumaz, dessa vez passei finalmente pela Via Margutta, onde Federico morou
com Giulietta Masina (Coincidência: Patrícia e eu voltávamos de um giro pela
Toscana, a bordo exatamente de um modelo “Giulietta” da Alfa Romeo). No final
da Via Margutta encontra-se também o portão do sobrado para onde o plebeu
Gregory Peck levou a princesa Audrey Hepburn no filme de William Wyler, com
direito a bucólicos passeios de lambreta por uma novelhíssima Roma do
pós-guerra, meados dos anos 1950.
Roma é fixação. E mais uma vez ali
me lembrei de um velho poema, “Bilhete pra Roma”, que escrevi em 1975 para
meu saudoso amigo, o baterista Afonso Vieira, onde acabava citando o grande
poeta Giuseppe Ungaretti: “Afonsim/ meu meninim/ tupiniquim/ depois de tanto
tempim/ segue este bilhetim/ só pra dizer que sim/ estamos bem muito bem/
loucos como sempre/ de porre às vezes/ sós com saudades/ (...)/ são oito da
mattina/ e lá fora/ a manhã/ se descortina/ guarda com´è bella!/ filtrando/
luzes/ pela janela/ paola/ riccardo/ simona/ e tutti quanti/ carbonara &
chianti/ às vezes penso/ e/ m´illumino d´immenso”. Mas nada de “Arrivederci
Roma”, nada de adeus. Roma è per sempre. Como Fellini: forever.
Faço
então uma última (mas não “a última”) homenagem ao centenário de Fellini por
meio do vídeo que vocês vão ver a seguir. Trata-se de uma releitura de meu
poema “Il Tevere/ Fellini Roma”, que está no livro “cataminas pomba & outros
rios” (Dobra Editorial, São Paulo, 2012): “noite de spotlights/ vem da sombra
a cidade/ por luzes enfarada/ saciada de césares/ faces flashes de outrora/
estilhaços de fausto/ tênues fragmentos”. Uma retomada do poema com direito a
imagens (by Giuseppe Rotunno) do filme “Roma” (1972) e, by Patrícia Barbosa,
deste poeta sempre a render homenagem a Il Maestro. Acrescente-se, ainda, a
movimentada edição de textos & imagens by Sabrina Venturini. Tudo no embalo
felliniano da música de Nino Rota. Espero que “seja do agrado”.
Sempre brinquei ao dizer que “Cataguases é a minha Rimini”. Lembro de Fellini
falando em alguma entrevista que não gostara nada quando voltou anos depois
ao seu “paese”, à sua Rimini (terra também de minha amiga Andrea Muncini, que
está lá ainda agora, presa pela pandemia). Não havia restado nada do que
recriara em filmes como “I Vitelloni” ou “Amarcord”. Definitivamente não
gostou do que viu, o bucolismo da vida e dos casarões de sua adolescência, de
sua memória afetiva, transformados em transeuntes apressados, carros e mais
carros, prédios modernosos de uma cidade já naquela época tomada pelo
turismo. Cataguases ainda não chegou a tanto. È va bene.
Vejam o
vídeo no link a seguir:
https://youtu.be/5hSW2yY0wIAc
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autor: Ronaldo Werneck
Ronaldo Werneck,
poeta e escritor
MG
https://ronaldowerneck.blogspot.com/
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