Ronaldo Werneck
A MORTE DE UMA POETA |
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O jornalista Carlos Barroso lamentou, em redes sociais: "Tania Diniz, poeta
sensível, batalhadora e inspiradora da poesia. Quando o termo 'empoderamento'
ainda estava longe de dicionários e discussões, ela criou o
jornal-pôster-poético Mulheres Emergentes".
Também a jornalista e
escritora Márcia Francisco destaca a importância de Mulheres Emergentes:
“Imagine uma mulher guerreira e sensível, já à frente do seu tempo. A poeta
Tânia Diniz parecia prever a força da palavra e da intuição da mulher como sua
força mais genuína. Assim surgiu o mural Mulheres Emergentes e, com ele, um
conceito que uniria a arte poética de centenas de mulheres em suas mais
diversas veias e versos”.
Tânia Diniz lutava há tempos contra um
câncer. E resistia bravamente, como se vê pelo fragmento desse poema:
“Espero./ Tal Penélope/ teço a teia/ de suspiro e saudade/em ponto meia.// Tal
Penélope/na noite sem lua/ sem teus passos na rua/desmancho, desfaço,/ meus
pontos, teu laço./ A solidão, não meço./ Amanhã, recomeço”.
Nós nos
vimos duas vezes nesta vida, por coincidência em dois lançamentos de meus
livros em Belo Horizonte, em 2006 e 2010. Daí nasceu uma grande amizade,
consolidada pela troca de e-mails, sempre comandados pela poesia. Escrevo
essas linhas com um nó na garganta. Pois é, querida Tânia, você nos deu e nos
dá força para recomeçarmos. Não amanhã, mas hoje – e agora e sempre.
“Por favor, /aguarde na recepção./ Pode ser grande/ a decepção”. Fui também
surpreendido no dia seguinte (sábado, 04 de abril) pela morte do meu amigo
Pedro – autor desse flash-insight, desse microconto-quase poema minuto –, o
poeta P.J. Ribeiro, irmão de Joaquim Branco. Ao lado de Joaquim, Pedro foi
ativo colaborador dos suplementos literários (SLD, Totem etc) que editamos em
Cataguases nos anos 60/70 – e um importante nome do movimento do poema
processo.
Fora os poemas visuais, P.J. Ribeiro era um exímio criador
dos chamados microcontos, tendo publicado vários livros no gênero, com uma
prosa de alta voltagem e grande poder de condensação. Mestre do microconto,
ótimo poeta, Pedro Branco foi também levado por um câncer – e é mais um que
vai fazer falta, ao lado de Tânia Diniz. Aguardem na próxima semana mais
alguns dos formidáveis microcontos de P.J. Ribeiro.
Ao publicar a foto
de nosso encontro em 2010, escrevia Tânia Diniz no site de seu mural Mulheres
Emergentes: “E num click de Brenda Mars, o encontro com o poetamigo Ronaldo
Werneck, em sua apresentação superbacana, no Palácio das Artes, dia 30 de
junho p. passado, quando homenageou Humberto Mauro e lançou seu mais recente
livro, minerar O branco”.
(Revista Rio Total, CooJornal nº 1.169, 16/04/2022)
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autor: Ronaldo Werneck
Ronaldo Werneck,
poeta e escritor
Cataguases,
MG
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