01/03/2025
Ano 28
Número 1.407




 

ARQUIVO

PEDRO FRANCO


 


 

 


FLERTES

 
“1 - Que nos diz o Google? Relação amorosa mais ou menos casta, leve e inconsequente, geralmente destituída de sentimentos profundos.
"2 - O que há entre eles não passa de uma - figurado - aproximação momentânea entre adversários "um flerte com a bancada oposicionista”. Busco outros caminhos que não os políticos. No atual e mesmo antes, políticos vão mais para corrupções e por flertes se pode chegar ao amor.
Só quem viveu flertes, pode avaliar, até porque não os há mais. Eram ótimos. E como se flertava! Todos os namoros começavam por flertes, inconsequentes, ou consequentes. E do flerte ao namoro, do namoro ao noivado e eis as alianças do casamento. Em maioria as moças se casavam virgens e da lua de mel, ou fel, muito dependia a felicidade no casamento. Pensar em flertes hoje, parece piada. Do me chamo Fulano, eu Beltrana e irem à cama no mesmo dia.... Esse programa vive acontecendo e acredito que poucos desses aqui e agora levem ao amor. Creio também e até por ser velho, que amores verdadeiros, eternos, enquanto durem os participantes, são raros. Não aceito o conceito Vinicius, enquanto durem, E quem viveu amor, que começou em flerte no colégio, pode afirmar, que, ainda que raros, amores eternos começaram por flertes e daí em diante os sentimentos, idealizados, ou vividos, foram em ascensão. Vai parecer coisa cafona e não era, era ótimo, se dava certo. Flertar, pegar na mão e chegar ao primeiro beijo. Gosto da “Fotografia” do Tom, quando fala no beijo. Aquele beijo e o bar ia fechar... Sei que na música do Tom o enredo já muito caminhara, até porque o bar ia fechar. Então o primeiro beijo já ia longe. E como era bom, ah o primeiro beijo. E casais tinham músicas emblemáticas. “September song”. Flertar, namorar, amar perdidamente e parece enredo de tango e não é. Absurdo, amar perdidamente. Não amou perdidamente, já passou dos vinte? Não viveu e lamento. Não flertou. Ou não viu evolução gradativa do sentimento bilateral crescer? Lamento. Foi ao hoje e agora? Pode ser que tenha dado certo, mas não é regra. O mesmo, o enredo, merecia ser lento, inesquecível, usualmente em uma vida, ainda que reconheça que há variações exitosas. Que velhinho ultrapassado, cafonérmico, que ousa defender flertes e esquece que há loucos com botões de bombas atômicas nos dedos e outros se apegam ao esquenta planeta e o resultado, ainda que mais demorado, vai acabar com a Terra. E vem um careta defender flertes? Aceito o careta, só que mesmo careta afirmo que flertar, se dava certo e era bilateral, foi esplêndido e se parei para buscar adjetivo, confesso que se fiz assim, foi para avisar que se pode chegar ao verdadeiro amor e esplêndido é pouco, pelo flerte. Apenas flertou com a verdade de uma vida, se não deu certo. O amor, que viveu e viveu, começou por flerte e demorado. Aleluia!

Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral

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