01/02/2025
Ano 27
Número 1.403




 

ARQUIVO

PEDRO FRANCO


 


 

 


Modéstia

Nos meios que frequento, é virtude rara. És? Tento ser e às vezes com sucesso. Só que me dano, quando me acusam de falsa modéstia. O adjetivo falsa não bate comigo e fujo dele. Lancei neste 2024 o primeiro romance: Pousada Santana do Desfiladeiro. O anterior foi pela Kindle e não foi livro. Não tem colofão, não tem dados de copyright, no meio tem página em branco, julgo que só vendeu um exemplar, 13,5 dólares e que só vendeu este exemplar, que guardo e até para dar guarida ao absurdo, que conto. Então fica combinado que o Pousada é meu primeiro romance. E fui acusado de falsa modéstia, porque o julguei fraco. Se o julgou fraco, por que publicou? Escreve-se no entusiasmo, revisa-se, reescreve-se partes, ajeita aqui, corta ali, empolga-se e só após pronto e editado, chega-se à conclusão, que o romance nada mais é do que uma colcha de retalhos, onde os retalhos foram contos, que foram aproveitados e o resultado mostrou retalhos encorpados. Só que neste mesmo ano lancei Meu Amigo Artur da Távola e pensei que estivesse publicando um romance e a concorrer aos principais concursos do gênero. A leitura dos parentes e amigos que o receberam não foi lá muito alvissareira e a própria Editora, a Scortecci, no “colofão” não o classificou como romance, sim como biografia e talvez seja este mesmo seu verdadeiro gênero literário: biografia. Gosto dele, não o desprezo, só que não é romance. De romance passou longe e O Pousada continua e provavelmente para sempre sendo um romance capenga, ainda que bem intencionado. Que apito literário tocas? E sem falsa modéstia, que já disse detestar, defendo-me bem em contos. Também não faço feio em crônicas, teatro e ensaios, gêneros já com livros publicados. Em teatro uma tristeza, apesar dos muitos prêmios no gênero e até com trocados ($) recebidos, não vi peça de fato representada. Fica prometida crônica sobre o assunto. E está no prelo livro de poesias de título De Papel Passado. Julga-se então bom poeta? Não. só que Maria Helena gostava da minha poesia e o livro com desenho dela na capa, o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, a bico de pena, será livro inteiramente dedicado a Maria Helena. E livro mostrará até poesias sem ternuras. E os muitos prêmios tirados em poesias? Júris fracos. Será emoção olhar a capa do De Papel Passado.


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Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral

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