Modéstia |
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Nos meios que frequento, é virtude rara. És?
Tento ser e às vezes com sucesso. Só que me dano, quando me acusam de falsa
modéstia. O adjetivo falsa não bate comigo e fujo dele. Lancei neste 2024 o
primeiro romance: Pousada Santana do Desfiladeiro. O anterior foi pela Kindle
e não foi livro. Não tem colofão, não tem dados de copyright, no meio tem
página em branco, julgo que só vendeu um exemplar, 13,5 dólares e que só
vendeu este exemplar, que guardo e até para dar guarida ao absurdo, que conto.
Então fica combinado que o Pousada é meu primeiro romance. E fui acusado de
falsa modéstia, porque o julguei fraco. Se o julgou fraco, por que publicou?
Escreve-se no entusiasmo, revisa-se, reescreve-se partes, ajeita aqui, corta
ali, empolga-se e só após pronto e editado, chega-se à conclusão, que o
romance nada mais é do que uma colcha de retalhos, onde os retalhos foram
contos, que foram aproveitados e o resultado mostrou retalhos encorpados. Só
que neste mesmo ano lancei Meu Amigo Artur da Távola e pensei que estivesse
publicando um romance e a concorrer aos principais concursos do gênero. A
leitura dos parentes e amigos que o receberam não foi lá muito alvissareira e
a própria Editora, a Scortecci, no “colofão” não o classificou como romance,
sim como biografia e talvez seja este mesmo seu verdadeiro gênero literário:
biografia. Gosto dele, não o desprezo, só que não é romance. De romance passou
longe e O Pousada continua e provavelmente para sempre sendo um romance
capenga, ainda que bem intencionado. Que apito literário tocas? E sem falsa
modéstia, que já disse detestar, defendo-me bem em contos. Também não faço
feio em crônicas, teatro e ensaios, gêneros já com livros publicados. Em
teatro uma tristeza, apesar dos muitos prêmios no gênero e até com trocados
($) recebidos, não vi peça de fato representada. Fica prometida crônica sobre
o assunto. E está no prelo livro de poesias de título De Papel Passado.
Julga-se então bom poeta? Não. só que Maria Helena gostava da minha poesia e o
livro com desenho dela na capa, o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, a
bico de pena, será livro inteiramente dedicado a Maria Helena. E livro
mostrará até poesias sem ternuras. E os muitos prêmios tirados em poesias?
Júris fracos. Será emoção olhar a capa do De Papel Passado.
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pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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