01/10/2024
Ano 27
Número 1.385




 

ARQUIVO

PEDRO FRANCO


 


 

 


Caminhar, sempre caminhar

Andar é preciso. E como! É bom caminhar sem destino e apenas para cumprir tarefa de saúde? Não; é chato que dói. Mais ainda se for em esteira, mesmo com televisão ligada. E já foi prazer caminhar com ela e sempre conversando. Só é muito chato. Houve caminhadas no Grajaú, Javari e as melhores nos últimos anos foi na Pousada Altenhaus em Itaipava. Ela ficava ao sol, ou sombra, e eu caminhava na grama e depois na quadra de tênis e marcando tempo. Meu recorde, em 2023, foi de 45 segundos a volta toda. Hoje, já no prédio do Leblon, inaugurei marcador de tempo e andando em volta do prédio fiz 2 minutos e 06 com o novo marcador de tempo. Depois me atrapalhei com a engenhoca e não mais consegui marcar tempo. E por que não ando na praia? Prefiro andar ouvindo música, e levar celular para a praia, ou aparelho semelhante, para ter música, é chamar assaltos e deles pretendo estar fora. Tempos gerais complicados, idem o pessoal. Conto que, na pousada, meu neto Maurício preparou uma i qualquer coisa e minhas música prediletas lá estavam de Chico a Caymmi, de “Speak low” com B. Hollyday a “Gostava tanto de você” com o Tim Maia, Havia Adamo e Triny Lopes, J. Gilberto com boleros e também Estate, uma salada, sei, só que ao meu gosto. E havia lá algo familiar. Metade com a Trupe Limousine onde toca, há 39 anos, meu filho. Família e netos me agradam muito, ainda mais agora. Falei do Mau (Luiza) agora da ex-aluna Mariana (Carlos Eduardo), que me presenteou com dois bisnetos e foi aluna e até parceira de publicação médica. E o Raphael (Polyana) e com varão a caminho, presenteou-me com o mais lindo discurso da minha vida e só depois ouvi, que chorar e ouvir é complicado. Falou do filho e da filha. Denise é hoje minha mãe e até de minhas pobres finanças cuida. E a Denise me trouxe o Jorge Luiz, e o Carlos Diniz a Eugenie e fiquei, graças aos céus, com quatro filhos. Volto às caminhadas, que não gosto e devo fazer. Conto que nas mesmas, para entreter o tempo, penso no que vou escrever e veio a ideia desta crônica com o tema caminhadas. E ando e sem outros caminhantes pelas áreas laterais e posterior do prédio na Humberto de Campos. E vi duas meias pequenas, de meninas entre 3 e 5 anos pelo tamanho do pezinho e cores das mesmas, jogadas e solitárias, num rebordo da área. Será que as meinhas usadas, sujinhas até, viram tema e me levam à crônica. Quase nonagenário com filhos, netos, agora bisnetos, tirei tênis e corri ao computador. Não é que as meinhas ficaram apenas na ideia, que a crônica fugiu para caminhadas, que prescrevo e que só faço porque sei, são necessárias. Ainda curtia, quando ela me acompanhava. Agora é olhar engenhoca (esteira), torcer para que os números me mostrem que já fiz minha obrigação com a vida e a Família. Vinte oito minutos hoje. Amanhã tem mais. O Spotify me brindou com MPB e tive também Djavan, Chico, Gal, Gilberto Gil, E vinha ao sabor de quem programa o site. Aquilo é site? Quantas novidades, só que caminhar é preciso...

Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral

Conheça um pouco mais de Pedro Franco
.


Direitos reservados. É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação eletrônico ou impresso sem autorização do autor.