16/07/2024
Ano 27
Número 1.375




 

ARQUIVO

PEDRO FRANCO


 


 

 


Marilyn Monroe, Blonde e Ana de Armas

Acabei de assistir ao filme “Blonde” e não gostei. E fico longe de meter-me a crítico de cinema. E conto logo algo relacionado ao assunto e ocorrido há mais de 60 anos. Meu segundo livro foi coletânea de sete escritores universitários, em início de carreira e dele preservei duas amizades, Milton Ximenes Lima e João Paulo dos Santos Gomes. Um dos sete, que escreveu contos na tal coletânea, “Heptateuco”, tinha acesso a O Globo e assim os sete penetraram no grande jornal. E conto algo, porque é rata relacionada ao cinema. Convidam-me a almoçar no Jornal e fico em mesa de jornalistas novos, cordiais e alegras. Passa pela mesa o consagrado crítico Ely Azeredo e o jornalista era mais velho que o grupo da nossa e assinava a coluna cinematográfica do jornal, há muitos anos. E era muito crítica comentada, que tinha um bonequinho, que de acordo com sua posição, classificava o filme e depois então vinha a crítica do mesmo. E vejo que os mais novos, que me faziam as honras da casa, não mostravam simpatia por quem era responsável pela coluna cinema com o bonequinho. Então comentei a crônica do dia anterior, que julgou o filme ”Os inocentes”, com Debora Kerr. Vendo o clima, dei meu pitaco.  Ontem me parece quem escreveu a crônica, só que não entendeu o filme. Éramos oito jovens à mesa e estourou gargalhada geral, que não entendi. Quem se sentava ao meu lado e estava sendo especialmente gentil, rindo me contou. O jornal comprou, da figura que passou, o bonequinho, e pela primeira vez não foi ele quem comentou o filme. Fui eu, FF. E os colegas então me deram razão, a crônica foi malhada e, rindo, FF me agradeceu o comentário. Comia salada e minha gafe foi tal que a batata do meu prato foi parar fora do prato. E o almoço continuou alegre e FF permaneceu gentil. Então de crítico de filme estou por fora e mesmo assim não gostei de Blonde. Fui a outras fontes, Marilyn. Depois de assistir Blonde e acredito que Ana de Armas está longe de ser Marilyn, como estaria qualquer outra atriz que a fosse representar. Nada especialmente contra a cubana Ana, só que MM era diferente, especial. Ninguém foi mais Marilyn Monroe. Era docemente levada e tinha um modo próprio entre ingênua e maliciosa, que não mais vi. Certos filmes parecem fugir inteiramente da realidade e julgo que Blonde saiu assim. Outro exemplo. No “O estranho caso e Benjamim Button”, filme baseado em conto de Scott Fitzgerald, trocaram o essencial do filme, as idades, e ferraram o enredo. Salvaram-se os “defeitos especiais”. Volto ao Blonde. Não me parece que Marilyn fosse a tonta, boba, apresentada no filme. Vide outras fontes sobre MM. E o filme poderia ter duração menor e sendo menos inverídico. Enfim, quem o assistir poderá melhor me criticar. Ou dar razão.


Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral

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