Nem tanto ao mar |
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Ou à terra. E me veio à lembrança artigo onde novelista avisava que agora
escreveria sobre babás e não mais sobre princesas. Tudo bem. Genericamente não
esqueçam as histórias de princesas e até de príncipes encantados. Há hora
literária para a vida real e também para a utopia, romance e ternuras. E até
sobre abóboras que virem carruagens. Há lugar para Augusto dos Anjos e para
Chico Buarque, e para Olavo Braz dos Guimarães Bilac, para o poeta com
permanente dor de cabeça e para Drummond, Veríssimo e Amado, sem esquecer
Quintana eu passarinho. Já nos chega o politicamente coreto, que implica com
os anões da Branca de Neve, ou com os hilariantes personagens do Chico Anysio,
ou, absurdo dos absurdos, com a Tia Anastácia do Monteiro Lobato, ou com o
mulatólogo de carteirinha Lamartine, o brasileiro, que chamou belas de
pancadões, que maravilha e derrapou no como tua cor não pega, mas foi de
raspão e sem maldade, diz sua obra. Eça teria que desdizer do Padre Amaro, do
Primo Basílio, do Machado, que trai no Alves & Cia (Machado por acaso, ou algo
com nosso de Assis?), Quanto de risos, lágrimas de esguicho, aprendizado
didático perderíamos ao aceitar o politicamente, que é infeliz censura. E
fecho com recriminação à censura, que conheci com 10 anos e desde então a
detesto e ataco. Minha mãe começou por me ler As Caçadas de Pedrinho. Já nas
Reinações li e me encantei com Narizinho. Cursava a Escola Municipal Duque de
Caxias, Grajaú, Rio, RJ. Nela remediados e pobres. Vou levar os Monterios
Lobatos para a Biblioteca e os colegas pobres conhecerão Emília. Avisa-me com
tristeza a professora bibliotecária. Não podemos ter livros do M. Lobato aqui.
O DIP do Estado Novo não deixa, que Lobato é comunista. Dona Benta e Quindim
comunistas? O politicamente é censura? ´Tou fora e vivam princesas e babás. E
já tive ambas. Muito lamentavelmente perdi minha princesa e com 66 de casados
e 72 anos de conhecimento. C´est la vie! Sem censuras.
Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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