16/04/2023
Ano 25
Número 1.316




 

ARQUIVO

PEDRO FRANCO


 


 

 


Fazedores de biscoitos


Não seriam confeiteiros? Não, se Fernando Sabino foi chamado de Fazedor, outros podem ser chamados e até será elogio. Disseram que com seu cabedal literário, Sabino poderia ir mais longe e ficou nas crônicas. O bolo seria o romance e Sabino ficou nos biscoitos e se defendia, com o bom humor, que lhe era peculiar, avisando que fazia biscoitos só que finos. E poderia recorrer a defesa mais consistente, dizendo que escrevera o “Instante perdido”, magnífico bolo lusófono. Romance a ser lido. E sem falar no conto o Homem nu, que nos deu até filme. Escreveu ainda Zélia, uma paixão, livro muito criticado pelo assunto abordado. Uma pergunta que escritor se negaria enfrentar a empesa de mostrar um período controvertido da história do País, contada por participante e dos mais importantes? Um livro verdade, de acordo com quem contava a Fernando Sabino. Então confeiteiro de biscoitos e bolos do melhor sabor literárío. Sabino tentou inovação, baseado no vocabulário inglês e com história e estória. Se pegou, foi pouco. Não é que o motivo básico da crônica seria falar de fazedores de biscoitos finos, Cito Leo Ayerza, de quem li crônica esperta hoje no O Globo. Vide 28/02/2023. Juntam-se ao Leo, o Joaquim e a Cora Ronai no jornal. Parêntese. Parece-me que a cronista se destaca hoje e ao meu paladar, Comecei por biscoitos e houve época que Cora veio tanto de capivara, que quase a rotulo de cronista de capivaras e a deixo de lado. Não deixei, mudei enfoque e leio crônicas muito interessantes e bem escritas agora. Cito pergunta de um grande cronista, Artur da Távola, que me fez por carta (diga-se que tenho comprovação). “Se não acho crônicas um barato. Difícil de escrever e fácil de ler”. Concordo até porque se escreve muitas crônicas e raras ficam e ficam. Que o diga o Mestre Rubem Braga. Ai de ti Copacabana.... E não é que estou com dificuldades de publicar livro, em que conto minha amizade de mais de 20 anos com Artur da Távola e nunca nos vimos. Mais de vinte telegramas e cerca de 20 cartões e cartas escritas de próprio punho e até poesias provavelmente inéditas. E com esse material editoras não o querem bancar. Brasilidades.


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Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral

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