Fazedores de biscoitos |
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Não seriam confeiteiros? Não, se Fernando
Sabino foi chamado de Fazedor, outros podem ser chamados e até será elogio.
Disseram que com seu cabedal literário, Sabino poderia ir mais longe e ficou
nas crônicas. O bolo seria o romance e Sabino ficou nos biscoitos e se
defendia, com o bom humor, que lhe era peculiar, avisando que fazia biscoitos
só que finos. E poderia recorrer a defesa mais consistente, dizendo que
escrevera o “Instante perdido”, magnífico bolo lusófono. Romance a ser lido. E
sem falar no conto o Homem nu, que nos deu até filme. Escreveu ainda Zélia,
uma paixão, livro muito criticado pelo assunto abordado. Uma pergunta que
escritor se negaria enfrentar a empesa de mostrar um período controvertido da
história do País, contada por participante e dos mais importantes? Um livro
verdade, de acordo com quem contava a Fernando Sabino. Então confeiteiro de
biscoitos e bolos do melhor sabor literárío. Sabino tentou inovação, baseado
no vocabulário inglês e com história e estória. Se pegou, foi pouco. Não é que
o motivo básico da crônica seria falar de fazedores de biscoitos finos, Cito
Leo Ayerza, de quem li crônica esperta hoje no O Globo. Vide 28/02/2023.
Juntam-se ao Leo, o Joaquim e a Cora Ronai no jornal. Parêntese. Parece-me que
a cronista se destaca hoje e ao meu paladar, Comecei por biscoitos e houve
época que Cora veio tanto de capivara, que quase a rotulo de cronista de
capivaras e a deixo de lado. Não deixei, mudei enfoque e leio crônicas muito
interessantes e bem escritas agora. Cito pergunta de um grande cronista, Artur
da Távola, que me fez por carta (diga-se que tenho comprovação). “Se não acho
crônicas um barato. Difícil de escrever e fácil de ler”. Concordo até porque
se escreve muitas crônicas e raras ficam e ficam. Que o diga o Mestre Rubem
Braga. Ai de ti Copacabana.... E não é que estou com dificuldades de publicar
livro, em que conto minha amizade de mais de 20 anos com Artur da Távola e
nunca nos vimos. Mais de vinte telegramas e cerca de 20 cartões e cartas
escritas de próprio punho e até poesias provavelmente inéditas. E com esse
material editoras não o querem bancar. Brasilidades.
Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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