Frituras políticas |
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E como ocorrem. Lembra-se de Cristiano Machado? Foi político mineiro fritado e
com tanto aparato que virou verbo. Quando alguém do meio é traído, para não se
usar verbo tão cadente, diz-se que foi cristianizado. Partido lança
candidatura apenas por necessidade política, só que corre a outro candidato de
outro partido, mais interessante naquele momento político. Acredito que quando
o tempo encobrir feridas, Dilma, Lula e PT, idem legiões bolsonaristas,
aceitarão e agradecerão reciprocamente. Bolsonaro deve ao PT sua eleição. E
Lula deve a Bolsonaro sua eleição. Vão fazer besteira na praia do pobre e
inculto Brasil. E tenho pena dos cientistas políticos, que têm que dar cores
eruditas à política tão comezinha e rasteira. Conhecem o Centrão? E eis que
três peões serão jogados na sarabanda eleitoral de 2026. Haja azeite para
essas frituras e se saiba que o cozinheiro chefe é bom de temperos e até
destemperos. Ele puxará cordões e marionetes dançarão aos comandos do Maestro,
político matreiro e visionário. Ainda que às vezes com lentes embaçadas. O
homem é de ferro, que vida! E há três candidatos no palco e outros ainda nas
coxias. E os do palco são três ministros de estado. Conotações políticas
obrigaram contendores a se darem as mãos, que já se tinham levantados em
guerrilhas anteriores e com dedos acusatórios e palavras ásperas. Ficaram os
três unidos e, se não se unem, a vaquinha teria adentrado ao brejo, é verdade
insofismável. Então os três venceram, vitoriosos viraram ministros. E o
tarimbado político, que move cordéis, diz que não será candidato a reeleição.
Acreditemos, já que idade, vida e saúde pesam. Então não será
candidato, em principio. Só que sempre tem empurrado o mesmo candidato e nem
sempre com sucesso. Logicamente que seu partido apoia e sempre o candidato,
digamos, o preferido. Logicamente teremos que fritar e bem fritado dois, agora
ministros. A trinca já se candidatou sem sucesso à presidência da República.
Haja óleo e fogão para frituras acéticas. Só em 2026 saberemos como foram
fritados. E esperando as ordens e preferências de quem de direito. Ainda que
haja favorito, assevere-se que os dois outros de bobos políticos nada têm.
Ministros Alkimim, Tebet e Haddad se aviem. A frigideira já está no fogão e o
óleo começa a borbulhar.
“carta enviada a O Globo e não publicada.
Constatação e não reclamação. Enviada antes do mais trágico domingo do País,
08/01/2023. “”Pensamento de Churchill sobre a Democracia. De acordo e
depois com palmas trecho de Eça de Queiroz em 1871 “Ninguém pretende que a
Democracia seja perfeita, ou sem defeito. Tem-se dito que a Democracia é a
pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido
experimentadas de tempos em tempos”. Winston Churchill. Eça. “O país perdeu
a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as
consciências em debandada, os carácteres corrompidos. A prática da vida tem
por única direcção (aceite copy desk) a conveniência. Não há princípio que não
seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se
respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na
honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe
média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na
miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado
é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A
certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a
parte: o país está perdido!” Escrito em 1871, por Eça de Queiroz, no
primeiro número d'As Farpas, que publicava com seu amigo Ramalho Ortigão.
Sobre o “jardim da Europa a beira mar plantado” e se Portugal venceu a fase,
podemos democraticamente ter esperanças.
Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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