Não tenho remorsos das risadas dadas |
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E como as dei. E posso pensar que o mundo Brasil involuiu até no humor e na
poesia. Lembra-se que o carioca era malandro, engraçado e meio poético? Vamos
até de Orestes Barbossa, “A lua furando nosso zinco, salpicava de estrelas
nosso chão”. Se um novo poeta for veraz, dirá:. as balas furando nosso zinco,
salpicavam de sangue nosso chão. E como faz bem rir! Como era bom ouvir a
última anedota, substituída agora por chulices, que nada têm de hilárias e
mesmo mostram repugnância pela cultura. Em redes sociais se conta piada? Vejo
um jogo entre o politicamente correto e a graça tipo Chico Anysio. E mesmo as
graças de agora, raras, são complicadas, ou de pobreza espiritual de dar dó. E
nunca precisamos tanto de coisas que nos tirem do horror, das guerras de toda
a espécie, das pandemias, várias e ainda em trama, da população pobre do mundo
e sem esquecer nossos pobres, que se deixam engambelar por promessas vazias e
slogans no fundo fakes. Quer coisa mais atrasada que notícia falsa? Que povo
civilizado cai em fakes? Que graça tem fakes? E muito que se vê e se veste,
mostra uma deseducação básica e o feio vira moda, que passa longe do bom gosto
e do educado. Volto a piadas. E conto algo acontecido com dileto amigo.
Adorava piadas. Ouvir e contar. Só que ás vezes no melhor da piada, esquecia o
enredo. E não se dava por vencido. Ia ao bolso, sacava papelucho e lia o resto
da piada. E ria até mais do que quem a ouvia. Para não ficar implicando e
fazendo gangorra entre o politicamente correto com o Chico (como somos fortes
em Chicos, vide o Caruso no O Globo e com suas charges diárias conta a
história do Brasil e com graça, ou o Buarque de raro brilho poético (separo o
Julinho da Adelaide, isto é o poeta muito bem premiado, do homem político e
afianço que não sou grego e muito menos troiano) e já falei no Anysio e seus
esplendorosos tipos), vou ao riso português do está lá, Raul Solnado. Tomava
do telefone, telefonava para o campo adversário e combinava a hora do combate.
Ri muito e não devia ter rido, pois o gajo estava a bulir com seus patrícios,
que podiam se sentir diminuídos e assim passariam a ser defendidos pelo
politicamente correto. Então chego ao título, para reafirmar que não vou
esconder minhas santas risadas soltadas, nem vou me sentir culpado por ter
sorrido, rido e mesmo gargalhado com meu xará Pedro Bó, ou com o Coalhada, ou
com Roberval Taylor, ou e ficaria enchendo linhas e linhas com seus Chico
personagens, ou com os do Jô Soares, ou as canções do Juca Chaves, ou com a
graça do Mazzaropi, ou ... Agradeço as risadas que dei e que me deixem ouvir
humor, pois falavam em desopilar o fígado, quando, com risadas honestas,
limpamos até a alma e os percalços do viver.
Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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