as de dedo podre
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Que pena!
Características
indispensáveis, ao menos para caírem confortavelmente nesta classificação.
Aceitemos que classificações costumam deixar furos e ainda assim vejamos dados
indispensáveis: ser bela e plagiando em parte Vinicius, as não belas não são
candidatas às de dedos podres. Se listasse belas e classificáveis aqui, a
lista seria enorme. Bela, linda, pancadão (homenagem a Lamartine Babo) e dedo
podre. Explicando o que é o dedo podre, está definida a classificação. Bela e
de dedo podre, isto é, beneficiada pela natureza, tem por norma escolher mal o
parceiro. E podia pôr parceiros, já que suas escolhas indevidas se repetem. Na
da verdade, sendo bela e chegando às gambiarras cedo em idade, fica difícil
não ser dedo podre, visto que em maioria seus admiradores aparecem e com
interesses de todos os lados, trêfegos, interesseiros, aproveitadores, assim
são os que delas se acercam. Ainda mais que a beleza cobra preços e até tipo
de vida oneroso. E a preocupação com sua estética e suas vestes, usualmente
dispendiosas, absorvem um tipo de frivolidade, preocupação excessiva em
continuar bela, seu verdadeiro galardão e, sendo assim, fica difícil ser
centrada, viver normalmente e optar por caminhos calmos e ensombrados. Não
está a artelho estragado em idade de sombra e água fresca e, frenética, quer
dominar os dos seu mundo, os em volta e a qualquer preço. Uma grave tristeza,
se lhe chega o amor, nem percebe, tão aturdida anda. O triunfo a espera e seus
companheiros, em maioria já descritos e desacreditados, ainda que
discretamente ofuscados pela beleza, em maioria, pensam da bela, que indo,
levara-os por veredas argentárias e também ofuscantes. O coitadinho amoroso,
muitas vezes namoradinho de infância, ficou soterrado pelas luzes da ribalta.
Sou atriz mais por beleza que por arte cênica. Só que não pensam assim. Sou
bela, notória e isto basta. Preciso de papéis importantes e pagará o preço por
tê-los, mesmo que seja dormindo em alcovas indesejadas, ainda que, no agora
dela, necessárias, imprescindíveis. Se não aceitasse aquela cama com dossel de
um ser já meio passado, sua concorrente, que deseja o mesmo papel, dormiria no
tal dossel e adeus sua oportunidade. Há bela internacional e linda, já a vi em
filme, dançando um mambo. E, nem se é marca de dedo podre, tem fama de ter
passado na cara, que dito chulo, todos os galãs com quem contracenou. Como se
classificaria esta devassidão? Não me venham com a censura do politicamente
correto. Uma de minhas preferidas e de vida com final triste, suicídio, certa
vez reclamou de homens, que de fato se chegavam a ela e para sua surpresa e
melancolia, de fato só queriam ajudá-la e sem cobranças. Pode? E como era
docemente sexual desde o pequeno papel em “Niagara Falls”. Voltemos as marcas
gerais para as de dedos podres E quando os espelhos, ou determinados ângulos,
merecem ser evitados? Há cirurgias plásticas, botox, remédios milagrosos e o
que se invente, para sustar a marcha do envelhecimento natural. Se conseguem o
retardamento, muitas vezes é resultado efêmero e então há que comprar
parceiros mais novos, caros e que fazem a ex bela de trampolim, até para
chegar a uma de dedo podre mais nova e no auge de sua beleza. Que tal inserir
na classificação inicial três características secundárias e não obrigatórias.
Certo grau de futilidade, cultura deficiente e educação de lar falha. Acredito
piamente que é muito difícil ser bela, não ser dedo podre e ter vida normal e,
dentro do possível, ser feliz. Se for vida, termina com a morte e nem sempre a
ceifadora vem para as do dedo, ou quase nunca, enquanto ainda a bela é bela.
Raramente se chega ao fim com a beleza, que era seu capital, orgulho e moeda
de troca. O digitador canhestro está sendo lúgubre em relação à maioria das
belas e seus finais? Acredito que não e até por obrigação profissional
acompanho o passar do tempo de belas e que conseguiram o troféu de não serem
dedos podres. Ainda assim... E que homens ou mulheres, ou de qualquer gênero
que desejem, colocaram um ponto final e podem berrar, fui feliz? Imploraria
por ouvir esses berros e os receberia até com lágrimas alegres, destinadas aos
favores da vida não esperados, ainda que almejados. Um final aparentemente
feliz e nada de podre, Audrey Hepburn e sua cândida beleza. E a mulher mais
bela e com o tal dedo? Beleza total e essa escolha varia de acordo com o gosto
pessoal de cada um. No meu, Ava Gardner e deixo o final para Papa Hemingway.
Ava resolveu tomar banho na Vila Finca, a 30 km de Havana, na piscina. E
mergulhou nas claras águas, como nasceu. Papa determinou. Depois do memorável
banho, nunca mais se trocaria a água da piscina!
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pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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