A meritocracia
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O termo é meio antipático, só que,
buscar o mérito, parece-me meta sempre desejável. E em muitas ocasiões o
mérito fica escondido por outras razões. E quem tinha o mérito perdeu vaga, ou
oportunidade, para quem não o tinha. Genérico exemplo e até perigosos de
citar. Um determinado jovem tinha mais mérito, sabia mais em prova, que outro.
Só que o País fora injusto com determinada etnia no passado e então um Governo
resolveu fazer justiça histórica e, por exemplo, 10% das vagas em determinado
concurso público ficou para os daquela etnia e até o politicamente correto se
arvora no direito de não aceitar que os 10% de jovens prejudicados, julguem-se
prejudicados e o mínimo que lhes diz, citando ótimo paradoxo de Oscar Wilde, é
que “a Madureza agradece à Juventude o brilho de sua inexperiência.” Era a
mesma prova, ele, jovem, tirou 7,3, só que o governo avisou que os de
determinado grupo, que sofrera graves danos históricos, se tirasse 5,2, seria
aceito e aquela jovem do 7.3, para o País pagar injustiça pretérita, não seria
aceito e que fosse catar coquinhos na Lagoa do Abaeté. E que fosse catar sem
chiar, pois, reclamando, não teria alcançado a Justiça, que se produzia. E até
no Prêmio Nobel se vê preferências por fatores políticos, que não o mérito
literário e para exemplo se pode citar a Literatura Brasileira, que não
alcançou o Nobel de Literatura e há muitos exemplos de literatos patrícios,
que mereceriam o cobiçado laurel por mérito. Laurel é dose! E não vale citar
Saramago e nem discuto seu mérito, só que é lusófono, não é brasileiro e sim
português. Será que Bob Dylan, Alice Munro e Olga Tokarczuk, conheço parte de
suas obras, são escolhas absolutamente literárias, ou tiveram viés de
diferentes conotações, sem julgar de fato a meritocracia literária. Seria
leviano comentar o Camões de Literatura de 2021, dado à escritora moçambicana
Paulina Chiziane, já que nada sei sobre sua obra, ou valor literário. Deixando
o Camões (para mim o prêmio se chamaria Eça de Queiroz, outros preferirão
Machado de Assis e ambos têm totais méritos), de lado e voltando ao Nobel,
vale perguntar quando será que lusófono brasileiro será premiado na Suíça?
Nada foi encontrado na literatura brasileira que mereça o prêmio? E há
julgamentos nos quais o critério passa longe, até porque, quem julga, não está
preparado para ver mérito e sim se escuda na demagogia, em “fakes” e até em
sua própria ignorância e despreparo. O leitor pode reclamar que juntei alhos a
bugalhos, só que há de convir que procurei ir ao mérito e, talvez,
ingenuamente, em vários exemplos. Vide o das votações, quando se pensa nos
duzentos anos da República Brasil. Se sou monarquista, não, não sou e fecho a
salada de assuntos correlatos com frase política e meritória, que pode nortear
a Democracia. “Ninguém pretende que a Democracia seja perfeita, ou sem
defeito. Tem-se dito que a Democracia é a pior forma de governo, salvo todas
as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”. Winston
Churchill.
Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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