Ultimamente
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Não tenho falado de flores, até porque gosto
mais de passarinhos que de flores. Vocês já se detiveram na beleza da cabeça
de um bico-de-lacre, ou de canário-da-terra macho? Na natureza às vezes machos
são mais belos que fêmeas e já me peguei discutindo acerbamente com ex-professor, que defendia que o bicho homem era mais bonito que o bicho mulher.
Defendo e com unhas e dentes que a mulher é mais bela que o homem e agora, que
a cosmética e as academias ajudam, julgo que para cada homem aceitável há
cinquenta mulheres belas, algumas lindas, que desfilam nos palcos da vida.
Para não encher páginas de nomes e sempre haverá omissões, vale dizer que
muitas belezas são efêmeras. Era assim, ficou assim. Emagrecer, ou engordar,
pode desfavorecer belas e, sabendo dos segredos das balanças, lutam, no que
fazem bem, pela beleza. Só que cuidado com plásticas e botox! E se nos
“antigamentes” havia a lenda da loura burra, nos “agoras” tenho visto muita
loura, ou que penso ser loura, falando e há o que ouvir. E nas atrizes, se a
beleza ajuda, mesmo as não tão belas conseguem ir ao sucesso, se cuidam do
seu mister de forma própria, vão as gambiarras da fama com a própria arte e
personalidade. E, se aparece mulher que vence o tempo, não precisa fugir de
espelhos e por anos e anos, alem de sua beleza, esbanja talento. Parabéns! E
tirando o termo empoderamento, com o qual tenazmente impliquei, mulheres vão
evoluindo em relação ao poder. E em maioria vão bem. E olhe que, revendo
minhas crônicas e contos, tenho falado pouco em mulheres, passarinhos e
flores. Na quarentena não há muita propensão para dias de vinhos e rosas.
Ficamos no Covid 19, nas tolices diárias, nos terríveis números da pandemia,
quarentena, que de quarenta não tem nada. E já ia deixando os bicos de lacre
sossegados, ainda que em minha modesta obra recorra mais a sabiás, vide o
conto em que vou à mesma e não ao de lacre. Tentemos retornar a antiga
normalidade, esquecendo o rame-rame das notícias escabrosas do dia a dia. E
todos devemos ter esperanças que as flores, vide flamboyants vermelhos e as
saíras multicoloridas, voltarão a dar as cartas e o amor reviverá. Pena que
sem a inspiração de um Orestes Barbosa. “A lua furando nosso zinco, salpícava
de estrelas nosso chão”, ou do J. Faraj, aquele da “A deusa da minha rua tem
os olhos onde a lua costuma se embriagar”. Do Orestes há charge. As balas,
furando nosso zinco, salpicavam de sangue nosso chão. Triste versão. Poetas no
pós pandemia voltem a ser românticos, pois muito precisamos de alentos, para
repensar amores e tocar a vida ao som de uma viola, ou quem sabe, até de um
realejo, que não seja tristonho.
Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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