Raízes na profundidade, frutos no topo
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De várias
formas e com várias interpretações o ditado acima pode ser interpretado.
Parece-me que se adapta muito bem a um ancestral que vê os frutos de sua vida
serem representados por descendentes, que se tornaram pessoas do bem. Há
exceções. Ótimas raízes e frutos podres e vice versa. Só que ter raízes
voltadas para o amor ao próximo, merecem ser enaltecidas. E saindo do
particular, no caso a família e indo ao geral, as populações têm relações com
os governos pretéritos e fica muito difícil apresentar frutos sadios, quando
as raízes foram deletérias. Será excepcional, quando raízes degeneradas
propiciam frutos de valor, até porque da educação familiar e formal dependem
os cidadãos e se de cima vêm desacertos, fica difícil a família ter bons
propósitos. Com a globalização pode se ter a ideia que raízes benfazejas serão
honradas com frutos de valor. Só que esta globalização, sob o aspecto de
raízes e frutos, não ocorre e mesmo; nações ditas de raízes de boas cepas, de
quando em quando vacilam e me parece que citar Ronald Trump é exemplo que vem
a calhar e vejam que expressivo número de votantes teve. Pode parecer que
determinados governantes preferem cultivar incultos, para sua própria colheita
ficar, tranquila, já que é mais fácil um inculto cair em demagogias. Fui
apenas a exemplo mundial, quando quero ficar no geral e valorizar as raízes
das quais todos dependemos. E como é meritório encontrar um ancestral raiz,
que teve vida louvável em muitos matizes, onde predominaram cores claras,
deixando os desvãos sem cores soturnas. Com é saudável saudar um ancestral
raiz assim. E não valem desculpas pessoais, onde tortos acusam árvores mal
nascidas e frutificadas com frutos degenerados, pelos erros cometidos. E por
falar em frutos, lembro-me Strange Fruit, música na voz rascante e sofrida de
Billie Holiday. E os estranhos frutos, oh fato horrível, eram negros
assassinados e dependurados em árvores pelos da Ku Klux Klan. E se citei fatos
ocorridos nos “esteites” pode parecer que tenho birra especial contra os do
pais USA, quando não tenho, até porque, havendo democracia, há transparência e
malfeitos vêm a público de forma mais palatável e quando há cortinas de ferro,
muito do ruim não vaza pelas barreiras. E para países quem deve mostrar raízes
e frutos? Acredito que seja Dona História, que é Senhora de respeito e sofre
vacilos e muitas vezes, anos e anos depois dos fatos ocorridos e contados de
modo impróprio, aparecem retificações históricas, que também podem permitir
acaloradas discussões e até com viés político e momentâneo. E ficam raízes sem
ser exploradas e com frutos que deixam a desejar. Que Dona História seja
veraz, é pedido constante, mesmo que frutos malévolos teimem em reescrever a
História, conforme seus interesses momentâneos e se perdem noções sobre raízes
e frutos, Tudo bem, tratamos com gente e não robôs, daí...
Citado no texto.
“Strange Fruit”, poema do Professor de Inglês Abel Meeropol, musicado depois
por ele sob o pseudônimo de Lewis Allan e que fez sucesso na voz dolorosa e
rascante de Billie Holiday.
Strange Fruit
Southern trees
bear strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black body
swinging in the Southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar
trees.
Pastoral scene of the gallant South,
The bulging eyes and the twisted mouth,
Scent of magnolia sweet and fresh,
Then the sudden smell of burning flesh!
Here is fruit for
the crows to pluck,
For the rain to gather, for the wind to
suck, For
the sun to rot, for the trees to drop,
Here is a strange and bitter crop.
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Estranho Fruto
As árvores do Sul
estão carregadas com um estranho fruto,
Sangue nas folhas e sangue na raiz,
Um corpo negro balançando na brisa sulista
Um estranho fruto pendurado nos álamos.
Uma cena pastoral
no galante Sul,
Os olhos esbugalhados e a boca torcida,
Perfume de magnólia doce e fresco,
Então o repentino cheiro de carne queimada!
Aqui está o fruto
para os corvos arrancarem,
Para a chuva recolher, para o vento sugar,
Para o sol apodrecer, para as árvores fazer
cair, Eis
aqui uma estranha e amarga colheita
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pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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