Assédios, paqueras e amor
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Definir. Assédio, substantivo
masculino. Duas vertentes. 1 - operação militar, ou mesmo conjunto de sinais
ao redor ou em frente a um local determinado, estabelecendo um cerco com a
finalidade de exercer o domínio. 2 - insistência impertinente, perseguição,
sugestão ou pretensão constante em relação a alguém.
Assédio sexual,
que é definido por lei como o ato de “constranger alguém, com o intuito de
obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua
condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função” (tirada do Código Penal).
Paquerar. Verbo
transitivo direto e intransitivo [Brasil]. Informal. Demonstrar interesse
amoroso por alguém; observar alguém demonstrando interesse amoroso por esta
pessoa; azarar: paquerou um menino na escola; vive paquerando naquele parque.
Vistas as definições, parece que muito se valoriza interpretações para
chegar às definições. Então o inocente paquerar pode ser interpretado como
assédio. E não estou forçando a barra e muito menos defendendo assédios. Na
atual conjuntura, plena de direitos e agravos e do detestável politicamente
correto, temo que simples paquera, ou mostrar interesse, seja levado ao campo
do assédio. Pode parecer que há fronteiras demarcadas entre assédio e paquera
e não há. E Pitigrilli, autor que já saiu de moda, apregoava o “assim é, se
lhe parece.” Quando ser e parecer podem ser confundidos e até com segundas e
até terceiras intenções, quando o entendimento equivocado e proposital corre
ao campo da pecúnia e, quem sabe, até o da chantagem, muito se deteriora.
Repito, sou absolutamente contra assédios e friso que aquele item da definição
de assédio, onde se assinala hierarquia e ascendência, é item muito
complicado. Se uma chefe e com as mais puras intenções, mostra interesse em
subordinado, a casa pode cair e o que era absolutamente normal, cai no código
penal. Se for chefe homem e subordinada mulher e ocorre interesse amoroso e
sem intenções deletérias do chefe, a situação se complica e o que era benévola
paquera, vira assédio e até sexual. E finalmente chego ao ponto básico e
por que vim ao assunto. Cantada é assédio? E olhar pidão pode? Olhares podem
ser assédios? Podem ser, só que as interpretações variam e já ouvi queixa. Ele
me olha de forma que parece me despir. Interpretações são complicadas e não há
o VAR do futebol para opinar e olhar de vários ângulos. Que o digam os amantes
do futebol. Acredito piamente que o amor entre dois seres seja o sentimento
mais garimpável de todos. O corretor do Word não gostou do garimpável e o
colocou em vermelho. Não mudo o termo e me coloco contra, quando uma inocente
paquera vira assédio, assédio sexual. E um puro amor morre, mesmo antes de
nascer. E será perda irreparável para dois seres e regozijo para os que estão
em volta dos dois e deram força para que um interesse saudável parecesse ato
vexatório. Não ocorreu e apenas morreu um amor. Se um amor morre, o ser humano
perde algo de muito importante e mesmo é perda incomensurável. Um amor.
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pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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