Retiradas ao leu da MPB
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Não acredito que os autores,
das a serem citadas músicas, tenham-nas escrito para serem emblemáticas, ou ao
menos simbólicas. Letras, músicas, vários interpretes e tanto a dupla
Tom/Newton Mendonça, quanto Billy Blanco, estavam acostumados ao sucesso. Tom
teve como o parceiro Vinicius de Morais com a música brasileira mais cantada
no mundo (Garota de Ipanema), que desbancou Ary Barroso com “Aquarela do
Brasil”. E com razão, já que aquarelas não costumam mostrar o doce balanço,
que a garota mostrava no caminho do mar. E foi Tom chamado aos “estates” para
cantar e gravar com Sinatra. Querem mais! Newton Mendonça fez muita música boa
com Tom e cito “Desafinado” e há mais, muito mais. Já o arquiteto Billy Blanco
nos deixou ótimas letras e no seu vasto currículo amoroso entra até a
formidável Dolores Duran. Conta-se que Dick Farney se apaixonou por aeromoça e
pediu ao Blanco que escrevesse sobre a felizarda. E saiu “Aeromoça”, “com esta
flor a bordo, eu concluo então, é bobagem medo de avião”. Se a moça não caiu
nas garras de Farnézio Dutra, era de ferro. Farnézio, Dick, era irmão do galã
Cil Farney, na certidão de nascimento Cileno Dutra. Cileno ainda é melhor que
Farnézio. Escrevo, escrevo e não chego aos alhos com bugalhos, isto é, às
músicas do título. Discussão. Diz-se que com a discussão se chega â luz. E
diariamente câmaras de todos os poderes, até as supremas, mostram que a tal
luz é quimérica. Só que no amor a música “Discussão” de Tom/N. Mendonça merece
segmento, isto é, ser levada à vida real de casal. É linda, música e letra não
discutem, fusionam-se e para mim são valiosas as sugestões da letra. Já a
“Banca do distinto” é para ser ouvida, absorvida e seguida. Mostra-nos que
esnobismo, soberba, tolo orgulho, a nada levam. Todo mundo termina com terra
por cima e na horizontal. Esqueçamos cremações. E para não mais a crônica
andar em gelo fino e o cronista cair em águas geladas, peço a atenção para as
duas letras, se possível ouvi-las com João Gilberto. Já valeu chamar o doutor
de distinto! Viva a música popular brasileira. Discussão Se você
pretende sustentar opinião/ E discutir por discutir Só pra ganhar a
discussão/ Eu lhe asseguro, pode crer Que quando fala o coração/ Às vezes é
melhor perder Do que ganhar, você vai ver/ Já percebi a confusão Você
quer ver prevalecer/ A opinião sobre a razão Não pode ser, não pode ser/
Pra que trocar o sim por não Se o resultado é solidão/ Em vez de amor, uma
saudade Vai dizer quem tem razão/ Eu lhe asseguro, pode crer Que quando
fala o coração/ Às vezes é melhor perder Do que ganhar, você vai ver Já
percebi a confusão/ Você quer ver prevalecer A opinião sobre a razão/ Não
pode ser, não pode ser Pra que trocar o sim por não/ Se o resultado é
solidão Em vez de amor, uma saudade/ Vai dizer quem tem razão
Banca
do distinto Não fala com pobre/ Não dá mão a preto/ Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor?/ Pra que esse orgulho? A bruxa que é cega
esbarra na gente/ A vida estanca O enfarto te pega, doutor/ Acaba essa
banca A vaidade é assim, põe o tonto no alto retira a escada Fica por
perto esperando sentada/ Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão Mais
alto o coqueiro, maior é o tombo do tonto/ Afinal todo mundo é igual quando o
tombo termina/ Com terra em cima e na horizontal Não fala com pobre/ Não dá
mão a preto/ Não carrega embrulho Pra que tanta pose, doutor?/ Pra que esse
orgulho? A bruxa que é cega esbarra na gente/ A vida estanca Trombose te
pega, doutor…
Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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