Como é que pode?
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Muitas vezes nos perguntamos como pode estar pensando de forma igual a alguém
determinado. Normalmente pensamos diferente em gênero, número e grau e agora,
de acordo com minhas concepções de vida, não há como ficar em campo oposto em
relação a determinado assunto, que por si só é complexo e põe complexidade
nisto. O COVID 19 complicou o mundo, mundo que já era complicado. E a
vacinação, ser obrigatória, movimentou o País. Vale afirmar que um rol enorme
de tolices a vacinação ensejou. E com vai haver vacina, veio a ideia, pensando
na população, de tornar a mesma obrigatória. E antes de expressar minha
posição pessoal, afirmo que, tão logo consiga, vou me vacinar e aconselhar,
como médico em atividade, que todos se vacinem e com a grande esperança que
ela seja a bala de ouro para a pandemia. Falo em bala, que até, veja o
absurdo, tem a bancada da bala! Só que desta vez a bala vira vacina, não mata,
ao contrário, preserva vidas e deve ser comemorada e tomada. Então me ponho
inteiramente a favor da vacinação ampla, com possibilidade para todos se
vacinarem. Acredito que campanhas de vacinação devem ser governamentalmente
implementadas e com os recursos devidos e que as vacinas não sirvam para
escoadouros da má política. O Instituto Butantan é órgão sério e competente e,
feito a Fiocruz, de conceituação cientifica inabalável e internacioanl. Não
lidamos com uma “gripezinha” e o número de mortes face ao vírus
inequivocamente mostra isto, e não usar máscara, isto sim, é abominável e sem
desculpas. E depois deste preâmbulo chego à discussão que grassa. Tornar a
vacina obrigatória e punir quem se negar a tomar. E cairão argumentos contra
minha ideia, sei, mas, se na vida não mantemos nossas idéias, fica complicado
se olhar no espelho. Ainda que reconheça que há argumentos de peso a favor da
obrigatoriedade da vacina, sou contra e apenas por princípio democrático. Só
regimes totalitários, sempre invocando vantagens para a população, obrigam
isto, ou aquilo. Democracias devem respeitar as vontades pessoais, ainda que
em detrimento dos anseios sociais e gerais. Vou me vacinar, prego a vacinação
e acredito que os governos federal, estaduais e municipais devem apregoar a
necessidade de vacinação de forma enfática. Logicamente que já discuti com
amigos este e outros assuntos e um deles, de boa memória, reportou-se à
discussão que tivemos, quando o Governo quis levantar a obrigatoriedade dos
pais porém filhos nas escolas. Lembrou-se que não aceitei que pais não
tivessem esta obrigação. É fui, por vários motivos, contra a revogação da lei,
posto que, sem a obrigatoriedade, pais estariam avançando no desenvolvimento
de outras pessoas, no caso o filho. Portanto o amigo estava misturando alhos
com bugalhos. O assunto vacinação obrigatória é complexo, não há porque negar.
Enfim, vacine-se, por benefício pessoal e social. Máscara, alcogel, vacina e
juízo são absolutamente recomendáveis. O mais difícil é por juízo na cabeça de
quem não o tem.
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pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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