Sou biblioteca
|
|
E até é homenagem imerecida. E não estou
rasgando sedas e nem sou de falsas modéstias. Até a recebi e aceitei com
satisfação. Vou abrir parêntese, visto que amigo já me perguntou se tenho
algum interesse financeiro na Pousada Altenhaus, tanto falo nela. Amigos podem
fazer até perguntas idiotas. Não, não tenho qualquer interesse financeiro. Se
o gajo vai a Paris todos os anos e como é de lei exalta a excelsa cidade,
ninguém pensa que levou jabá para cantá-la e decantá-la. Não sou de jabás,
idem a equipe da pousada. Explico mais, trabalho arduamente durante onze
meses, apesar de octogenário e venho à pousada, há treze anos, depois que
vendi a casa de Petrópolis. Ela, pousada, é meu Paris. Tempo de descansar e
minha esposa e eu curtimos entre 28 e 31 dias em Itaipava, fugindo também do
calor do Rio. Intróito feito, quase volto à homenagem. Leio obituário de
alguém de valor e tempos depois o falecido recebe a homenagem, sendo nome de
Rua, Avenida, ou Praça. E muitas vezes, julgando merecida a homenagem póstuma,
implico com a placa da rua, por exemplo, em lugar feio e violento. Por nome de
valor em lugar feio, é “desomenagem”. Ainda no capítulo homenagem, vejo
autoridade colocar o nome, por exemplo, do próprio pai em Praça. Quem foi o
pai? Um estimado pai, só que as vias não são propriedades dos governantes e se
um bom pai só teve méritos familiares, que a autoridade compre casa e na
parede frontal à rua coloque Vila Ataulfo Silva. Outro fato ilegal é dar nome
de vivo à via. E quem liga à lei? Finalmente volto à Biblioteca Pedro Franco.
Foi surpresa, aceitei e gostei. Honestamente quem não gostaria, se nos damos
muito bem na pousada, dos donos, dos gerentes ao ótimo jardineiro, ter nome
lá. E com o tempo e bate-papos o arquiteto Marcelo Liquori Goyatá, dono da
pousada, presenteia-me com livro do Dr. Homero Goyatá, seu pai. Que foi mais
ou menos meu contemporâneo na Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Lamentavelmente não conheci pessoalmente e por seu livro e relatos da família,
principalmente da nora Eliane Goyatá, coube-me admirá-lo como chefe de família
e médico conceituado. E então fiz um pedido, negado por gentileza e amizade,
que a biblioteca da Altenhaus se chamasse Homero Goyatá. A obra do escritor
Homero Goyatá se ombreia com a vida do médico e do chefe de família. Está
explicado o imerecido da primeira linha. Cascata para cronicar? Quem me
conhece, sabe que tenho lá meus defeitos, quem não os tem, só que de demagogo
nada tenho. Fecho com pensamento, que talvez não seja aceito. As demagogias
podem fazer tanto mal a um País, quanto as corrupções. Visto que uma leva à
outra e a História do Mundo tem exemplos gritantes. E no Brasil?
Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
Direitos reservados. É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação
eletrônico ou impresso sem autorização do autor.
|