Adendos à noite de autógrafos
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Noites de autógrafos, mesmo se for para familiares e amigos, têm encantos
e quantos. Assevero que já conto com alguma tarimba nas mesmas. Nunca uma é
igual a outra e cada uma ao seu jeito se celebra. Acredito que esta seja canto
de cisne. Contos 2019 – Pedro Franco pela Scortecci, Livraria Argumento –
Leblon, coquetel do Café Severino da própria livraria. Tenho amigo e de
brincadeira disse antes da noite de autógrafo anterior, que ficava preocupado
com as dedicatórias. Fila, amigos (as) esperando, alguns com dificuldades de
locomoção, toca a puxar da cachola períodos especiais e que valorizassem a
vinda do amigo (a). E a este amigo especial contei que resolvi fazer uns
quatro carimbos, levá-los à noite e, conforme o a solicitar autógrafo,
carimbar: “Muito honrado por sua vinda”. “Obrigado por seu comparecimento,
apesar da violência na cidade.”. Dizeres semelhantes nos outros carimbos. E
depois da carimbada soltaria o jamegão com a Lamy. O amigo se preocupou,
avisou que ia pegar mal, que não fizesse isto, que não preciso deste artifício
etc. De molecagem apanhei carimbos velhos, almofada com tinta e os coloquei na
mesa do embate. O amigo veio assuntar e assustado. Conferiu os dizeres dos
carimbos, Diretor disto, Diretor daquilo, Professor, e caiu na gargalhada, pois
caíra no embuste. E se prego peças nos outros, em noites de autógrafo as levo.
Na minha frente uma senhora, o papelucho com seu nome fora esquecido, ou
caíra. Tenho obrigação de conhecê-la. E não me lembro do seu nome! Que fazer.
Ela na frente esperando. À querida amiga: Muito honrado com sua presença e
peço benevolência no julgamento dos contos. Muito obrigado. Levanto-me
fingindo euforia, abraço-a. Ainda bem que sei nome e sobrenome do próximo na
fila. Nesta noite de 25 de outubro de 2019, na Livraria Argumento Leblon, o
primeiro autógrafo foi para primo, mais irmão que primo. E eis que dias antes
em telefonema, mais que semanal, há o seguinte diálogo. Diga-se que por
amizade de mais de oitenta anos, não quero que se desloque da Barra à noite.
Ele diz. - Na sexta estou lá. - Antigamente você só ia a lugares, se
convidado. - Vou com a Cristina. - Sua querida filha foi convidada, não você.
Gargalhada do outro lado. E foi dele o primeiro e emocionado autógrafo. Recebi
dois amigos de ginásio, também dois grandes amigos, que raramente saem à
noite, muito me honraram. Pacientes, casais de amigos, vizinhos, amigas não
esperadas. Por que não colocar nomes na crônica? Graças aos céus a lista seria
grande, algum nome poderia escapar e aí morava o perigo. Começou às 18h30 e
terminou às 22h30. Morrendo de fome, que não sou de salgadinhos, elogiados,
fomos comemorar a noite no Restaurante Degrau. Dona MH, filha, filho,
nora/filha e autografador. Eis que em mesa de quatro, uma Senhora vem na
direção de nossa mesa, pega na mão de Dona MH e lhe canta nostálgica e antiga
canção. “Tão longe de mim distante, onde irá, onde irá, teu pensamento”
(canção “Quem sabe?” de Carlos Gomes). Vai até o fim da canção. Os três, que a
acompanhavam na mesa, vêm à nossa e o homem pede desculpas, que a cantora, que
se fora, tinha bebido um pouco demais. Em uníssono avisamos que não havia
motivo para desculpas. Então o Degrau parou. Em retribuição o trio nos bridou
com lindo e harmonioso canto. Cantaram em igreja perto e vieram jantar,
explicou. O Maestro cantava e regia as vozes femininas. Primeiro Mozart.
Depois, muito linda, de arrepiar, “Because” (Lennon/McCartney). Em momento
único, tão único que nenhum de nós pensou em gravar. Estávamos estarrecidos,
perplexos e encantados. Lindo, palmas e os três artistas se foram. Nesta noite
na casa da filha Dona MH cai e está seis semanas de molho, para consolidar
pequena fratura no cimento da prótese.
Obs. O filho é do ramo musical e
reconheceu o Maestro Ricardo Magno. Quando o produtor musical dos Beatles,
George Martin, esteve entre nós, o referido maestro fora muito aplaudido, ao
executar com coral “Because”. Não acredito que a execução tenha sido tão
emocionante, quando foi a no Degrau. Aos três artistas muito obrigado pela
arte.
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pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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