Notas avulsas
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Digamos que o pai percebe que vai à falência, se não cortar gastos. Só que
os filhos ainda recebem mesadas do pai, que muitas vezes correspondem a mais
da metade do que ganham. E teimam em não fazer cortes, ainda que o pai seja
avalista deles. Está bem governo federal é diferente dos governos estaduais e
municipais, até porque haverá eleições estaduais e municipais agora. Ah
eleitores! A previdência navega no mar da imprevidência. Estamos conversados.
Algumas patrulhas policiais motorizadas, pelo menos no Rio, ficam com
motores ligados. Será que é para não perderem segundos, ligando as viaturas?
Será que os patrulheiros permanecem sempre atentos e não saem das viaturas, ou
não matam o ócio com celulares e suas mil utilidades? E o custo do combustível
com os motores ligados? É cada uma! Quem paga o combustível? Discutir,
trocar ideias até em política pode ser interessante. Desde que quem fala,
também tente ouvir, quando o que ouvia fala. A discussão perde sentido quando
um dos falantes se exaspera, grita, não argumenta e como realejo toca a
musiquinha gravada. O indivíduo reproduz o que a lavagem cerebral impregnou.
Então é melhor por antolhos e discutir com seus botões. Por falar em
botões, quem já jogou futebol de botões e no tempo em que os botões podiam ser
feitos em casa e eram diferentes das estereotipias de hoje, sabe do sabor
antigo. Tinham, vai parecer incrível, personalidade. Tive um Flávio que muito
gol fez. E o nome do jogador grudava no botão, mesmo que o jogador mudasse de
clube e o dono do botão continuasse fiel ao seu clube. Fidelidade existe em
futebol e os raros trânsfugas precisam ser analisados. É de estranhar e a
imprensa sempre aponta o número de pessoas relacionadas à venda de tóxicos,
que morrem, matam, espantam cidadãos e turistas, verdadeira e nefasta
guerrilha urbana. Se há muita venda, ocorre porque há os que compram. Se não
comprassem... Mudemos de assunto.
As maiores cidades do mundo têm apenas
dois clubes de futebol importantes. Teima o Rio em ter quatro, São Paulo três.
E o público diminui, o número de jogos aumenta e há até campeonatos estaduais,
agora de menor importância. E como os clubes atrasam salários, apesar das
ótimas vendas de jogadores novos para o exterior e em euros. E recebem
patrocínios por anúncios em camisas e reais das TVs. É matemática complicada
explicar porque estão na miséria. E como se diz besteira, comentando futebol.
Falando no violento esporte bretão, por que não há homenagem ao Ary Barroso,
assinalando gols com o ruído de gaitinha. Há tanto bordão bobo e a gaitinha
assinalaria melhor o momento gol. E olha que Ary era Fla e já me mostrei Flu
várias vezes.
Em maioria os livros de autoajuda ajudam, principalmente
se viram best sellers e especialmente os cofres de seus autores. E há autores
que fazem livros de auto ajuda, fingindo que não são de ajuda. Indo por esta
trilha, verifica-se que muitos romances literários de valor nos ajudam a
tentar entender a vida e conseguem esta finalidade, sem perder qualidade
literária. Quem não aponta livro que lhe preencheu horas de grande satisfação
e ainda lhe serviu de ensinamento para a difícil arte de viver e conviver? E
que civilização foi grande sem entender o valor das letras e das artes?
Valorizar a cultura deve ser função dos governos e sem pôr barreiras mofadas.
Retificação. Amigo em aniversário me deu o CD do Chico “Caravanas” e
dias depois perguntou. Que tal? É Chico Buarque, só que “menos bom” que
sempre. Tempos depois voltei a ouvir. Amigo, tão bom quanto os outros. Em
“Blues pra Bia” temos a joia: “Que no coração de Bia/ meninos não tem lugar/
porém nada me amofina/ até posso virar menina/ pra ela me namorar.” Nem
comento sobre quem não gostou da solução poética encontrada. E na excelente
“Duetos”, entre as dez melhores do autor, na minha classificação pessoal e é
difícil em Chico escolher dez melhores poesias musicais, vamos encontrar avô e
neta dando show. Esta música já tivera magistrais interpretações Nara Leão/
Chico na espertíssima letra e agora com Clara Buarque o padrão não cai, ao
contrário e valoriza muito o CD. E há “Massarandupió”, onde aparece até meu
santo de devoção, São Longuinhos e por duas vezes. “Casualmente”, bolero dele
e de Jorge Helder em espanhol e passado em La Habana. Quem sabe se Chico não
dá uma de João e canta boleros? E o CD fecha com “Caravanas”. Será que
subconscientemente estava misturando avaliação de obra com ideias políticas do
autor? Mea culpa. Lamentável! Meu amigo retifico, o CD é porreta e valeu. É
ouvir e ouvir..
Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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