Cuidado, muito cuidado
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O usual é a ficção se espelhar na
vida. Só que quem vê séries americanas, tipo NCIS e semelhantes, concebe que
hackers “do bem” podem entrar em desvãos criminais e mesmo oficiais, para
chegar a resultados positivos. Estes sites atingidos seriam inexpugnáveis, só
que dedinhos ágeis e espertos venceram as barreiras cibernéticas e as séries
costumam chegar à “happy end”. Agora no Brasil, junho de 2019, no meio de
muita ebulição política e enorme necessidade que os três poderes atuem com um
mínimo de bom senso, um invasor cibernético espalha conversas entre
autoridades. O ambiente fica mais complicado, visto que muita gente pensa
igual, só que não se deve ver conversas patrióticas, virarem declarações
desconcertantes e públicas. Vem explicação que as conversas foram gravadas de
forma ilegal. E aí? Os falantes se acreditaram inexpugnáveis e agora, só
agora, recorrerão a telefones criptografados, distribuídos quando do início
dos mandatos. Será que o invasor os julga inexpugnáveis? E as autoridades
continuarão falando e falando? Nesta República se fala demais e se governa de
menos. Já tivemos autoridade gravada em garagem de palácio, como um
boquirroto, quando se pensou que fosse mais ladino, do que de fato era.
Agora... No meio da confusão e nos três poderes, há uma oposição ferrenha,
deslavada. Um de seus expoentes disse na cara de pau, que sempre estarão contra,
pois se o que fosse aprovado, mesmo bom para o País, vide reforma
previdenciária, tivesse a chancela de determinado político, este poderia então
se reeleger. Assim votariam sempre contra. A referida reforma prova condutas.
É como se líderes opositores dissessem, que se dane o País, nós queremos
voltar a comandar, para reaver nossas mordomias e excelsas vantagens. E uma
sadia oposição como poderia ajudar o País! Então a vida no caso da intromissão
cibernética, ilegal, mais uma vez imitou a ficção, em momento impróprio para a
República e dando mais força à oposição, que, qual náufrago, se agarra em tudo
que possa, tenha ou não respaldo verdadeiro, já que o fulcro é se salvar.
Então cuidado, muito cuidado com quem se fala, onde se fala e o que há de fato
para proteger as falas. Seria utópico e irreal afirmar que todas as conversas
e mesmo as com cunho político, deviam se apresentar com total transparência.
Sempre haverá necessidade de se conversar a boca pequena e até lembrando que
em boca fechada não entra mosca. Ora, pois, também não é só governar pelas
redes sociais. Evitem-se os atropelos das campanhas eleitorais. É urgente sair
do palanque e administrar até furos enormes de governos passados. É também
tomar cuidado com o que se diz, se planeja, ainda que os interlocutores sejam
cidadãos com os melhores propósitos patrióticos. As paredes podem ter orelhas
e, se planos vazam, mostram caldos entornados. Eta situação complicada!
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pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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