Pagando Lembrança
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Os meus dezessete leitores, que herdei do Agamenon, que publicava em O
Globo dominical, sabem que gosto de música, ainda que seja cantor frustrado. E
tenho aqui, Rio Total, e ali, por onde minha escrita chega e até já chegou
onde não esperava, falado em música, em especial sobre a música popular
brasileira, que não deve ser confundida com a música pr'a pular brasileira
(piadinha chocha). E citei e ensaiei sobre compositores, cantores, cantoras e
destacando letristas, categoria em que o Brasil pode se gabar de ser da
pesada. Não vou repetir todos, a quem me referi, bastando exemplificar com
Chico, Tom, Brant, Orestes, Faraj, Vinicius, Mesquita e por ai vai. Do outro
lado João Gilberto, Dick Farney, Cauby, Orlando Silva, na primeira fase,
Milton Nascimento e a lista seria de encher páginas. De rosa, para ser
oportuno, cito Elis, Elizeth, Gal e muitas e muitas vozes femininas também
apareceriam e quem for ver o que escrevi, aqui na RT, há crônica sobre a
Calcanhoto. E não preciso pagar para todos os que não mencionei, porque
estavam inclusos implicitamente. E hoje víamos um musical antigo, no qual
apareciam Mestre Tom Jobim e Roberto Carlos em “Lígia”, música do Maestro. E
não estou sozinho no pouco que certa parte da “inteligenzia”, às vezes
sinistra, colocou o autor, parceiro muitas vezes de Erasmo Carlos. O
brasileiro, como cantor, foi o vencedor até do Festival de San Remo. Havia
bronca de não se meter em política partidária, sendo seus desígnios mais
virados para depósitos bancários, como se dissesse, estou mais preocupado com
minha arte, subsistência e meus carros e iates, que com algo que não entendo e
onde só ouço discordâncias. Quando um poeta letrista vai de política, ou não
vai e o julgador não é daquela linha, caem de pau no letrista. Também aqui na
Rio Total e Mestre Irene Serra coloca todas as do cronista em arquivo
alcançável (algum de nós já pensou em agradecer-lhe o mimo?), há crônica
intitulada Em defesa do Chico, podendo ser contestado o título, só que versa
também sobre a belíssima obra poética do Buarque de Hollanda. Também no meu
acervo, no campo musical, há menções à Trupe Limousine, grupo de rock de que
me arvoro patrono. Volto ao tema básico, Roberto Carlos. E vieram críticas,
seriam músicas de bordel algumas do autor. Separando joio do trigo e que autor
depois de muito tempo não tem joio, para a dupla RC e EC mais de 50 anos de
carreira, há muita coisa boa composta, romântica, lírica e bem cantada por RC.
Muito bem cantada. Erasmo tem estilo próprio e também continua dando o recado
correto, mais voltado para o rock. Destaco as de autoria da recém, que pena,
falecida Isolda, cantadas pelo capixaba. Música brega também acusam RC. Sim,
tem algo brega, como o amor o tem também e se fosse só a do cachorro que latiu
sorrindo, já era espetacular. E não se pode deixar de falar na penetração das
músicas de Roberto, bastando citar que o zagueiro Odvan (classificação de um
expert), que chegou à seleção, teve seu nome extraído pela mãe da letra de “O
divã”. Legal! Não vou citar mais e nos tempos cibernéticos basta colocar nos
googles da vida Roberto Carlos e vem muita coisa boa de ouvir. Vou além,
tirando antolhos, ótimas músicas, idem interpretações. Não acha? Que tal uma
revisão imparcial? Não vale citar que fulana é cafona e adora Roberto, vai até
na picaretagem de navio, ou acusar que o cara é chegado numa grana. Vale ler o
que Georges Simenon falou do poder e a arte, em relação à ocupação alemã de
Paris e seus livros. Que tal ouvir as músicas da dupla, depois de fazer
separações. Conto uma. Não sou muito de música e religião. Até que o Papa veio
ao Rio e o povo cantou o “Jesus Cristo eu estou aqui”. Foi de arrepiar ver o
povão todo cantando e contritamente cantando. Que euforia deve ter sentido o
poeta. Paguei, julgo, lembrança esquecida. OK Roberto e Erasmo Carlos!
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Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco.
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