01/04/2019
Ano 22- Número 1.119

 

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PEDRO FRANCO

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Questão de ângulo e adjacências

Pedro Franco - CooJornal

Era da família do grupo de mais sensibilidade. Encantou-se pela sombra de uma jarra às nove horas. De fato a jarra era torneada e sua sombra naquele horário ficou linda e inspiradora. Fez poesia e quando seu amor acordou, recebeu a poesia e disse, como dizia para tudo, adooorei. O poeta quis mostrar a sombra e já eram onze horas. Não mais sombra bonita, o que nada espantou a musa, que preferia saber da última fofoca do que ver sombras. Diga-se que o poeta era da banda abastada de família. Deixemos poeta e musa em um caramanchão. E eis que naquela família, preste a receber novo componente e este inserção de componente ficou por um triz. E o familiar era de méritos, intelectuais e emocionais. E o acontecido em festa ficou patente para gregos e troianos. Bandos formados, em síntese acaba e não acaba. E conselhos de todos os lados, em maioria muito bem intencionados. Logicamente nesta família havia doutos que julgavam que seus conselhos deviam ser encarados como diretrizes a cumprir. Se ele saíra da sua posição para imiscuir-se em amores alheios, que ouvissem e seguissem sua sabedoria. E como ocorria naquela família se A foi a favor, B era contra e se travou ácida discussão entre os dois luminares, duas bestas na matéria. Um matemático da família juntou dados, fez pormenorizado algoritmo e a bem intencionada conclusão foi para o não. O poeta fez poesia, que nada dizia ainda que bem sensível. Quem tinha a resolver, recebeu os mais variados conselhos, em maioria pensando na vida do parente e amigo. Mãe favorável ao rompimento, tia contra o rompimento e na corda bamba os que tinham a ver, foram bombardeados, inclusive do lado da moça também. Um tio solteirão e desmiolado avisou. Não dou conselhos. Se fossem válidos seriam vendidos e não dados. Quando foi do conselho da fábrica da família, quase pôs a perder toda a pujança econômica face às idéias descabidas. Esta história de vender conselhos, cheira a mercantilismo despudorado. E não havia ninguém de bom senso naquela família? A madrinha do infante. _ Meu filho, quer conversar comigo? _ Quero, a Senhora sempre me aconselhou bem e com sensibilidade. Estão fazendo uma guerra inútil e devastadora. Nem me deixam pensar direito. _ Meu querido só tenho um conselho a dar. Não vá deixar de ver prós e contras, só que no fim pergunte ao seu coração que caminho lhe aconselha. E depois vão sozinhos para bem longe, conversem, conversem, sem “part pris”, ajeitem, perdoe, se for para perdoar e siga sozinho, ou acompanhado e com a graça de Deus, feliz. Um último conselho. Ao chegar à sua conclusão, nunca pense no que vão dizer. E assim foi feito. 



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pdaf35@gmail.com 



Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia da UNI-RIO.
Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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