Apenas frases
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Talvez estes pensamentos já tenham sido
pensados e até escritos, só que não os li.
Quando quiser
passar planos elaborados para a patuleia, pense como se enche com jato
d'água xícara pequena. Não adianta pôr o líquido com jato forte. Nada
fica. As grandes ideias devem se passadas lentamente, em capítulos.
Tipo lavagem cerebral crônica.
Se no amor a dois houver
afinidades e respeito, bom caminho já se tem andado. O resto depende
de acidentes imponderáveis.
Gratidão recente dá mais presentes
que depois de passado longo tempo do ato que mereceu gratidão.
Todos pensam muito nas suas possibilidades, quando deviam aferir
também e valorizar suas limitações.
Será que em política de
sucesso se consegue continuar sendo cavalheiro sem medos, ou máculas?
Ser acusado de não ter jogo de cintura, pode ser visto por dois
ângulos. Falta adaptabilidade ao ambiente, mesmo se for sadio. Já ter,
é dar vaza ao promovendo favores, é que se chega às propinas. Outra
maquiagem do mesmo assunto diz, não há almoço gratuito.
Velhos, cuidado com o humor. Se for elaborado, podem pensar que já
está dando capim à bicicleta.
Amizades que se desfazem por
perspectivas políticas, talvez não fossem amizades, apenas
conhecimentos.
Mudar de estudo em profissão é tão válido
quanto largá-la ao chegar o tempo de aposentadoria. Ruim foi aturar
trabalho indesejável por anos e anos.
Só por exceção belíssimas
têm vida feliz. Mesmo no tempo em que todos os espelhos lhe são
favoráveis. Muitas vezes a própria beleza lhes dá o privilégio do dedo
podre.
Brigar com a idade não adianta. Nada, nada de guerra.
Guerrilhas podem ser bem-vindas, desde que ocorram muitas tocaias e
sutilezas.
Vida sexual tem particularidades estranhas. Uma
delas, quanto menos sexo se tem, mais se pensa nele.
Há os que
sempre conseguem ficar em cima do muro. E com tal perícia que posam
com os vencedores.
Os que temem a morte em excesso ficam tão
ligados nela, que nem gozam a vida.
Se em vida a dois perceber
que estão discutindo para marcar campo, ouça “Discussão” (Jobim- N.
Mendonça), cantada por João Gilberto. Linda e incrivelmente didática.
A futilidade me parece vidro fumê, bem escuro, que impede até a visão
das belezas da vida.
Mulher e anel de brilhante. Por que a joia
vem em estojo especial? Para o encantamento ser maior e o aquinhoado
ter o prazer de abrir o estojo.
Tolos seguem sem restrições
as modas. Os menos tolos fazem as modas. Os espertos não estão aí para
modas e modismos.
Quem vive com excessos de higiene, sempre
procurando matar micróbios, não costuma ser bem chegado às delícias de
alcova.
Os que se apegam às rotinas, acabam sendo consumidos
por elas.
Danam-se os profissionais ligados à área da saúde
mental, quando culpas são apontadas. Está bem, não há culpados. E as
vítimas?
Teóricos em excesso caminham para fracassos. Idem os
apenas práticos. Que tal se darem as mãos e ver o que sobra?
Você é de direita ou esquerda? Resposta cabível, sou ambidestro.
Livro policial com verdadeiro humor só conseguiu o italiano Andrea
Camilleri. Entre nós as tentativas e até por escritores inteligentes
redundaram em obras de qualidade inferior. Então recomendo os livros
de Andrea Camilleri, quando atua o Inspetor Salvo Montalbano.
Favores rotineiros viram atos obrigatórios na visão dos favorecidos.
A vida poderia ir bem melhor, quando se pede apenas
paciência.
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Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco
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