Sobre músicas, notícias etc.
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Já devo ter comentado na Rio Total que mudei longa rotina, premido
por notícias do Brasil atual. Começo cedo o trabalho e tenho o mau
hábito de chegar antes da hora, defeito indesculpável neste quartel de
Abrantes. E no tempo de vinte minutos, meia hora, apto Grajaú
consultório na Tijuca, ia de CBN, a rádio que toca a notícia. E bem.
Anos e anos e eis que abandono a CBN e passo a ouvir música de CDs.
Parece até que a rádio caiu de padrão e não caiu, muito pelo
contrário, continua excelente. O que despencou e aumentou muito foram
as tristezas das notícias e ainda mais quando eleições se aproximam.
Há ainda a lamentar e muito o teor das comunicações dos horários
eleitorais. Tive que vencer intensão de colocar eleitoreiros. Então
estou querendo me alienar, não saber de corruções, formações de
quadrilha, malfeitos, agressões de deputados e senadores e pior, até
divergências terríveis na Suprema Corte? Notícias ruins sobre saúde,
educação e segurança pululam. Então, pelo menos até enfrentar as
agruras do consultório, onde constato doentes cardiológicos, só que
enfermidades agravadas pelo período complexo que todos vivemos e
principalmente para idosos, quero fugir dos descalabros atuais. Neste
primeiro horário da manhã de trabalho não mais engulo as noticias do
dia a dia. A velhice é complicada por si só, agregar-lhe os
descarrilamentos atuais, é aumentar muitos sofrimentos e não quero
atender pacientes já de alma pesada, pelo que ouvi no rádio. A tarde
então volto a não alienação. De manhã música. E eclética. Exemplos, de
Adamo a Cyro Monteiro, de Chico a Noel, Trupe Limousine a Caetano
Veloso, de Pedro Vargas a Dick Farney, Ray Charles a Zé Ramalho e sem
faltar Elis, João Gilberto e Elizeth. Como é apenas para uso pessoal,
faço também CDs com as melhores músicas de certos CDs, que compro e
nestes boas mesmo há poucas. E não tem ouço muita coisa nova. Talvez
devesse? Que tal Milton Nascimento cantando em CD de homenagem aos
Beatles? Escolheu “Hello Goodbye” e ninguém dos outros astros
internacionais cantou melhor! Gosto de bossa nova e tenho preferência
por três autores antigos, Orestes Barbosa, Custódio Mesquita e J
Faraj. Que letras fez este? Basta citar A deusa da minha rua e
Professora, aquela que canta “louco de amor no teu rastro, vagalume
atrás de um astro...” Animam-me muitas manhãs um trio, Tim Maia, Jorge
Benjor e Alceu Valença, deste se lembra da “La belle de jour”? Qual o
melhor casamento entre letra e música? Voto em “Discussão”, com letra
espertíssima, de Tom Jobim e Newton Mendonça, que merece ser aprendida
em qualquer vida a dois. Não gostaria de fechar a crônica sem tocar em
dois destaques, Nara Leão e Orlando Silva na sua primeira fase.
Absolutamente diferentes, ainda que marcantes. Deixei muita MPB de
fora? E quantas. Prometo ouvi-las nas manhãs, fugindo desta fase
Brasil. Oremos por melhoras. “E a lua, furando nosso zinco, salpicava
de estrelas nosso chão.”
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Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco
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