“Algo no ar
além dos aviões de carreira.” (Barão de Itararé)
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Desta vez nem aviões de carreira no ar, que faltou combustível.
Chega-se à beira de abismo, onde já caímos e há dúvidas se seria a
solução encontrada abismo. Ou entre dois abismos no passado, o menos
nefasto foi escolhido, ainda que houvesse mortes e de todos os lados.
Hoje tenho fundadas dúvidas sobre soluções fora da Constituição. E se
procurarmos culpas, o que não está de acordo com alguns doutos
psiquiatras? Não há culpados e assim se toca o bonde nos divãs. E há
eminentes culpados e de todas as facções políticas e não me venham com
pragmatismos de direita, esquerda, centros e puxa daqui e dali e há
subcategorias e slogans eleitoreiros e até eleitorais. E aparece o
Centrão! Parêntese para citar Winston Churchill, para não parecer que
vou à anarquia, ou desejo soluções espúrias. “Ninguém pretende que a
Democracia seja perfeita, ou sem defeito. Tem-se dito que a Democracia
é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido
experimentadas de tempos em tempos”. E indo nas águas do parêntese, vi
filme ontem sobre o destrambelhado e corajoso político. Gostei apesar
de certas vacilações históricas. Nome do filme, “O destino de uma
nação”. Então não prego a anarquia e posso voltar às culpas. Sempre
fui na vida particular um procurador de culpas. Exemplo. Acidente de
trânsito. Paralamas amassados, susto, prejuízo financeiro, não houve
vítimas, tudo bem, se toque a vida, que a morte é certa (que
sacanagem!). E lá vou eu procurar minhas culpas. Dirigia desatento?
Não. Vinha falando no celular? Não. O sinal estava verde? Sim. Eu
podia ter evitado a batida? Não, estava em velocidade normal. Então a
culpa foi do outro. E se estivesse desatento, ou falando no celular,
ou em velocidade excessiva, ou furado o sinal? Culpa, se houvesse e
com medidas para não errar de novo. Então acredito em abismos e
culpas. Vamos jogar carapuças ao vento e que políticos as enfiem nas
cacholas em maioria vazias de ideias, plenas de culpas, pois, o que se
vê é misto de soberba, ganância, interesses subalternos e corrupções.
Todos? Rezemos que não. E me espanta tanto despreparo em indivíduos de
alguma forma preparados, com títulos universitários e ainda assim
candidatos a trabalhar com Didi, Muçum e Zacarias, tais as trapalhadas
em que se metem. Um pouco de bom senso, tirando antolhos eleitoreiros
e ganância, evitaria muito malfeito. E quem pôs os políticos nas
câmaras, em eleições não viciadas? Ao menos são seguras nas colheitas
de votos. Vícios pregressos nas campanhas existem e relacionados às
caixas dois, marqueteiros, paraísos fiscais e até guarda nos tais
diamantes eternos. Então a patuleia é a culpada? Só que a patuleia foi
enganada de alguma forma e até por má formação e desinformação total.
Tempos de fake new! E se os políticos são despreparados, ou mal
preparados, ou não apanharam os mandatos com honestidade ao menos de
propósitos, quem os colocou lá, com todas as prerrogativas, tem culpa
e grave. Ciclo vicioso e viciado. E o momento Brasil corre risco de
aventureiros de oportunidades e quantos já tivemos letrados e
absolutamente iletrados! É esperar que a população amadureça e aprenda
a votar. E como todos dormimos, que o Brasil cresça, enquanto
sonhamos. Só que o Barão de Itararé, preso várias vezes, porque
detectava algo no ar, além dos aviões de carreira, ao menos agora
julgo que não seria preso, ao olhar para céus brasileiros.
Obs. Crônica escrita em 28/05/2018, em
plena greve dos caminhoneiros.
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pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
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