Ainda o antigo e violento esporte bretão (II)
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E vem Copa do Mundo aí e o futebol como um todo sofre os mesmos
percalços da sociedade. Ainda que o Brasil pareça a nós brasileiro
péssimo, muito acontece de ruim em todo o mundo e há até lugares com
vida ainda pior. De futebol vamos mal, já que não temos dinheiro para
segurar nossos melhores jogadores e muitos que vão, nem craques podem
ser considerados. E nossas finanças no futebol passam por mãos nem
sempre limpas. Não sei como alguns jogadores valem fortunas e com
futebol tão precário. Poucos jogadores, jogando no Brasil, fazem parte
dos 23 selecionados para ir à Rússia. Se somos pobres de jogadores,
que ficam em clubes brasileiros, de técnicos também há escassez. E o
treineiro perdeu algumas partidas e já é trocado, ao bel prazer da
politicagem clubística, de torcidas ditas organizadas e até pelo
complô de jogadores e pseudopolíticos intramuros. E os dirigentes de
federações? Alguns andam às voltas com inquéritos e outros foram
banidos pela FIFA e, repito, vem copa do mundo aí. Acredito que no
contrato do técnico da seleção deveria estar item que proibisse os
mesmos de serem garotos propagandas neste período. Acredito que sejam
bem pagos, então que só cuidem de futebol. Todos os treinadores de
seleções brasileiras em copas do mundo viraram garotos propaganda e
nem sempre se saíram bem. Gosta do Tite? Gosto e daí? Péssimo no
anúncio e não precisava.
E continuam a ocorrer partidas de
futebol em altitudes desaconselhadas pela Medicina Esportiva. Dona
FIFA proibiu, com base em trabalhos científicos de valor. Depois
cedeu. Politicagem em saúde esportiva. Absurdamente se vê jogadores
tomando oxigênio na beira do campo, porque a adaptação é complicada.
Quando morrer um jogador... Dona FIFA lançará lágrimas de crocodilo.
Dia destes o Fluminense jogou em Potosi. A vergonha de sempre.
Junte-se laudos técnicos e os retratos de jogadores no oxigênio,
extenuados, e se acabe com este absurdo, tão grave quando dopings.
O futebol é também pobre de comentaristas especializados. Como se
ouve tolices nos comentários. E quando a rádio que toca a notícia
apresentou ótimo trio, um locutor e dois comentaristas, inovou e até
com toque de classe. Primeiro saiu o Professor Evaldo José, que
irradiava bem, ainda que implicasse com seu bordão: Que lindo. O
Fluminense toma um gol e o Evaldo grita "que lindo!" Das três ótimas
inovações ficou o excelente Carlos Eduardo Eboli. Evaldo saiu e fiquei
pasmo ao ver vários ex jogadores ficarem nas latinhas e o Álvaro de
Oliveira Filho não mais atuar. Juntaram Globo e CBN e o Álvaro, que de
fato dava um toque de classe às transmissões, com conhecimento,
clareza e isenção, não mais ouvi. Reformulação para pior!
Pobres juízes de futebol. Além de alguns serem despreparados, é tarefa
ingrata, difícil e com repercussões exaltadas.
Coitadas de
suas mães, ainda mais estando em moda xingar quem não pensa como
alguém. Vale dizer que muito infelizmente sou órfão.
E meu
Fluminense? A Diretoria patina e se enrola. A organização, que era
marco do único clube brasileiro com a medalha olímpica, cedeu. Pior,
muito pior, os futuros candidatos de oposição são de chorar. Gente que
acionou o clube indevidamente, gente que anda enrolada na vida
profissional e todos pensam no clube como tábua de salvação para seus
furibundos bolsos. Quem já fez algo muito importante, o Pedro Antônio,
que dá nome ao CT. Oxalá seja candidato. De resto oremos.
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pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco
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