Perguntas que ficam
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Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha? Acredito que a pergunta
já deu margem a estudos religiosos, metafísicos, sociológicos etc e a
indagação continua. E quando algo deu margem a vários estudos, ou
teorias, provavelmente nenhuma solução foi encontrada. Em Medicina
aparece uma boa classificação. E o que parecia completo, dá margem a
novas classificações, ainda que baseadas na anterior. “C´est la vie”,
nem sempre “en rose”. E se comecei no galinheiro, vou passar a assunto
ainda mais nebuloso e sujeito a críticas de todos os lados, ainda que
coalhado de raposas. Há lados de defesa, pagos e não pagos e alguns
muito interessados, até porque podem vir cadeias, delações premiadas,
ações, procrastinações, o escambau. E há bilhões de reais em jogo e
por quem os tem e de todos os lados e até em paraísos fiscais, que
mudam e mudam. Sou esperto, não boto fortuna só em paraísos fiscais,
que podem ser alcançados e não há mais Suíça. Suíça agora vem como
elogio. Compro diamantes, que são eternos e estou forrado e garantido.
E acharam os diamantes. E guardou em outros desvãos as vantagens, até
porque há reais para se manter e com grandes regalias, mesmo atrás das
grades. E depois de tantos prolegômenos a pergunta. Quem é pior, o
corrupto, ou o corruptor? Ambos têm balas na agulha e até balas de
verdade, vide o triste caso Celso Daniel. Choremos. De antemão julgo
que ambos têm culpas, corruptores e corruptos, só que não é “mezzo a
mezzo”, se olharmos o trágico problema com olhos isentos e críticos.
Arriscaria ver uma divisão de culpas percentuais, corrupto 75% e
corruptor 25%. Estou sendo leniente com os corruptores? Talvez haja
ocasião de percentagens invertidas, ainda que raras. Cada caso é um
caso. E se fico nas percentagens 75 a 25, é porque: 1- o corrupto
usualmente está imbuído por mandato eleitoral, logo o povo depositou
confiança nele, houve juramento e outros compromissos; 2 – na maioria
das vezes se a empreiteira não der propina, não obtém a obra e outra
estará nas paradas. 3 - quanto maior a obra, maior a propina e para
corruptos e corruptores, que a Viúva é rica e pouco desprotegida. Há
uma variante, criar dificuldades, para vender facilidades. E nesta
bagunça emocional e moral porque passa o País, a corrupção vai do
alfinete ao foguete e se alguém, ou empresa, se nega a ser corruptor,
outra ganha o empreendimento e, quem porfiava por seus princípios, não
lograva trabalhar. Sou contra prenderem os corruptores? Não. Sou
contra não prenderem corruptos e corruptores e alguns corruptos ficam
em berço esplêndido, porque têm foros privilegiados, que iam ser
abolidos, só que as normas ficaram para as calendas gregas. E as
soluções, quase quiméricas, ficam por conta das votações, das
campanhas políticas, dos “fakes”, da desfaçatez de alguns políticos,
que voltam à cena, após terem perdido mandatos. E não é um só que de
cara limpa enfrenta a posteridade e com currículos sujos. E a tal da
ficha limpa, vale, ou não? Quais as brechas? Resta-nos tirar qualquer
tipo de antolhos e orar, orar muito.
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pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco
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