Feminismo, empoderamento, interpretações etc
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O corretor ortográfico lavrou um tento. Pôs
empoderamento em vermelho. Estou com ele e não abro. Empoderamento
deve ficar no rol de conjuntura, então, aldeia global etc. Não que o
corretor implique com estas outras palavras, só que são usadas à tripa
forra e enchem o saco. Encher o saco pode? Espero que sim. E a palavra
“top” do feminismo no momento fica sendo a necessidade de
empoderamento da mulher. Dar poder, igualdade e até mais às mulheres é
mandatório, obrigatório, necessidade de constância e reconhecimento
diário. Mas ouvi reclamarem na CBN que determina mulher foi à reunião
de chefias e ouviu e antes dela na sala todos homens. Você veio
encantar a reunião. E a mulher se danou, julgando que estavam
diminuindo sua participação na mesma. É questão de interpretações e
intenções. É possível que o valete tenha diminuído a participação da
bela, que só entraria com seu encantamento, lhe tirando o
empoderamento. Ou apenas quis ser gentil e até sem segundas intenções.
Olhou-a e se expressou com admiração, ou desrespeito? Foi
politicamente incorreto? Houve assédio sexual e devia levar processo
pela proa? Complicado. Está ficando complicado viver. Como começar uma
relação? Achei bonita, simpatizei, pergunto o telefone do cachorro,
olho com admiração, foi olhar de frete (vide Jorge Amado), ou puro
olhar para flerte? Flerte? O que é isto? Estás no século XIX?
Se mandar uma flor, ou caixa de chocolate, é prova de assédio?
Diamante não deve ser. Como mostrar-lhe que quero namorar, tenho
intenções normais, sou normal, não faço xixi na cama, fui rapaz legal
e tive até crédito na Ducal. Era tão fácil começar um namoro e
exemplifico, comecei namoro no século passado, era um chato ciumento
(incurável, sei, ciúmes é falta de confiança em si, sei também), tive
passe vendido por ano e meio. Voltamos e em fevereiro último
completamos bodas de diamante, dois filhos, três netos devagar, que
não nos dão bisnetos, ainda que excelentes pessoas e acompanhados por
outros três jovens, que nada ficam a dever aos netos. Paro, só que vou
saber como chegaram às duas moças e ao rapaz, que os acompanham, sem
passarem por assédios e cuidando, independente dos sexos, que cada um
respeite o empoderamento do outro. E, creiam, o amor ainda existe e
com esperanças de ser eterno.
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pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco
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