E eis que de repente
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Estoura-me na testa um palavrão. Vôlei feminino,
Barueri versus Fluminense, 02/2018. Prefiro vôlei feminino ao
masculino e não é só porque naquele se vê Jaqueline, Mari Paraíba,
Lara, Dani Lins, Drussylla, Amanda, Rosa Maria, Paula Pequeno e outras
beldades. No vôlei masculino quase não há rallies. Bombas e mais
bombas e a bola cai. Vale dizer que quase todos preferem o futebol e o
basquete masculinos e não por questão de sexo e sim pela dinâmica do
jogo. Então prefiro o vôlei feminino pelas razões apontadas. E via o
jogo do Fluminense versus o time treinado por um dos dois melhores
treinadores de vôlei do mundo, brasileiros que são, José Roberto e
Bernardinho. Pela forma de atuar junto às jogadoras prefiro o
primeiro, ainda que já o tenha visto derrapar no palavreado com as
moças. Bernardinho neste aspecto melhorou muito, ainda que raramente
dê provas histriônicas, quando o jogo não corre como acha que devia.
Só que gênios são gênios e os dois citados são excepcionais e deles há
que se aceitar até extravagâncias verbais. Volto ao Fluminense. Meus
sete leitores sabem que sou Fluminense, sempre fui e a ligação cresceu
aos dezessete anos quando a seleção carioca juvenil de basquetebol,
durante um mês, entrava no clube da Rua Álvaro Chaves às 8 horas e
saía às 21 horas. Convidado pelo técnico da seleção de me transferir
do Grajaú Tênis Clube para o Flu, meu pai achou que atrapalharia
estudos e logo depois parei de jogar para trabalhar e estudar Medicina
e não fui atleta do único clube brasileiro que tem a medalha olímpica.
E, vou chorar lágrimas de esguicho, as do Nelson Rodrigues e pelo
nosso Fluminense. Naquele tempo éramos campeões, apesar de termos
“timinhos”. Eram timões e qualquer jogador queria vestir nosso manto
tricolor, pois sabia que salários não atrasavam. Era clube organizado.
Agora jogadores querem sair, porque os salários atrasam, outros se
negam a vir, pelo mesmo e irrefutável motivo. Há jogador ganhando 500
mil reais por mês, quando não valeria pela idade e pouco futebol,
cinquenta. Jogadores saem sem dar lucro, porque o clube não depositou
o FGTS, uma anarquia. E não é só incompetência, havendo odor de
maracutaia até em gestões anteriores. E o hino do clube, belo hino de
Lamartine Babo, assevera que "fascina pela sua disciplina..." Paro o
chororô e vou ao palavrão na testa, dito pelo técnico do Fluminense e
veiculado pela Sportv 38. E o treineiro reclamava do juiz? Por três
vezes nos pedidos de tempo reclamava das jogadoras e com o palavrão.
Sou contra palavrão? Palavrão tem hora e oportunidade. Para topada é
santo remédio, dito baixo, que outros nada têm com meus tropeços.
Dirão que as jogadoras falam palavrões. Se for desta forma, aos
ventos, lamento. Não as vejo agredindo telespectadores. Se o
Fluminense, ainda fosse o Fluminense, um diretor avisaria "Moço, o
senhor é técnico do Fluminense Futebol Clube. Aja como tal." Ou será
que também no vôlei os salários atrasam? E o Fluminense politicamente
imita o Brasil. Se o governo é ruim, oposições não animam, mesmo para
os que não são anarquistas. Para esta crônica ter impacto, agora era
hora de digitar o palavrão. Cabeludo, tonitruante, agressivo, ainda
que muitos o usem como vírgulas. Fico devendo.
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Comentários sobre os textos podem ser enviados ao autor, no email
pdaf35@gmail.com
Pedro Franco é médico cardiologista, Professor Consultor da Clínica Médica C da Escola de Medicina e Cirurgia
da UNI-RIO. Remido da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Professor
Emérito da UNI-RIO. Emérito da ABRAMES e da SOBRAMES-RJ.
contista, cronista, autor teatral
Conheça um pouco mais de Pedro Franco
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